quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Querida Mamãe (teatro)
Quadrinhas para Páscoa
Círio pascal o que é?
Vou dizer meus amiguinhos
É uma grande vela
Que ilumina nosso caminho
Esta vela meus amigos
É Cristo que está a brilhar
Com esta luz Ele nos mostra
Que caminho devemos tomar.
A UVA
A uva é uma fruta gostosa
Que na Páscoa não deve faltar
Foi ela que Cristo escolheu
Para os amigos ofertar
Um vinho gostoso dá
Que no culto com o sangue está
No Sacramento do Altar
E nossa fé fortalecerá.
O TRIGO
Na Páscoa o trigo aparece
Com seus grãozinhos dourados
Fazendo todos lembrarem
Que alimento melhor não há.
Do trigo fazemos o pão
O pão que nos alimenta
Que Cristo abençoou
E com amor nos ofertou.
SINOS
Aleluia! Aleluia!
Batem os sinos alegremente!
Alegria! Alegria!
Venham todos, minha gente!
Os sinos batem cantando
Que Cristo vive novamente.
Batem, batem meus sininhos
Pois estamos muito contentes.
PEIXE
Eu sou um peixinho
E quero muito nadar
Na graça de Cristo
Eu quero sempre ficar.
Grande Peixe é o Cristo
Que vive a nos chamar
Pela água do Batismo
Para com Ele ficar.
CORDEIRINHO
O cordeirinho da Páscoa
Amigo de todos é
Nos lembra uma história,
História bonita, de fé.
Na Páscoa, o cordeirinho
Com sua bandeira na mão
Mostra que Cristo estende,
Para todos nós, sua mão.
GIRASSOL
Quero ser como o girassol
Amarelo e muito alegre
Do girassol que ainda
Anda sempre atrás do sol.
O meu sol será Cristo
E com Ele sempre andarei
Serei como o girassol
E com Cristo sempre estarei.
OVO
O ovo da Páscoa nos ensina
E nos faz lembrar
Que o pintinho sai do ovo
Sozinho, sem ninguém ajudar.
Cristo ressuscitou sem ninguém ajudar.
E na Páscoa nós lembramos
Que sempre, sempre nós devemos
Graças a Deus, somente dar.
COELHO
O maroto coelhinho
A saltar e a pular
Com sua família tão grande
Um lembrete vem nos dar:
Cristo é amigo de todos
E com todos quer morar
Vamos ter cristo na família
Como chefe do nosso lar.
(Você sabe quem é o autor deste material? Informe-nos para que possamos dar os devidos créditos. Escreva para reveder@gmail.com)
Casamento Caipira - Teatro
Noivo (Carmelindo Bode)
Noiva (Janeirinda Ondulada)
Pai e Mãe do Noivo (Antonio Carneiro e Josefa Ovelha)
Pai e Mãe da Noiva (Dobrandino Liso e Jacutinga Crespa)
2 casais para padrinhos
Juiz (Executando Legislativo Judiciário)
Auxiliar do juiz
Antonio: (dirigindo-se a Dobrandino e Jacutinga) Tarde so Dobrandino e dona Jacutinga.
Janeirinda: (chegando toda amorosa, abraçada com Carmelindo) Ocê me chamou, mãe? Eu tava andando pur aí e achei o Carmelindo. A gente tinha si disintindido, mais agora nóis fizemo as paiz i dicidimo que vamo casá.
Josefa: (alegre) Intão ta tudo ressorvido. A Janerinda casa do Carmelindo e ta tudo bão.
Josefa: (dirigindo-se a Janeirinda e Carmelindo) Oceis dois venhum aqui pra mor de eu dá uns trato noceis. Ceis tem que ta muito do bunhito quando o seu doto juiz chega pra casa oceis. (Os dois se aproximam e ela começa a arruma-los, de forma bem espalhafatosa)
Antonio: (chegando com o juiz – o juiz está bem vestido, traz um grande livro debaixo do braço e está acompanhado de seu ajudante, este também bem arrumado). Oi nóis aqui. Já truxe (truche) o seu doto juiz i podemo começa ca casação dos nosso fio.
Jacutinga: Tem que espera o Dobrandino chega cós padrinho. Óia lá eles tão chegano (Aproxima-se Dobrandino e dois casais que serão as testemunhas, cada casal trazendo uma caixa embrulhada em papel de jornal)
Dobrandino: (explicando) Num incontrei ninguém mior, intão truxe esses mermo. Ah, muié, os presente que eles truxeram tamem num são lá grande coisa. Um troxe um pinico i o outro uma dúzia de ovo. Diz que era só o que eles tinhum in casa. O pinico até ta cherando mar, i os ovo eu num sei não...
Jacutinga: Mais ocê é imprestaver mermo. Nem pra arruma uns padrinho bão ocê serve.
Juiz: (pigarreia e diz todo empertigado) Minhas senhoras...
Antonio: (interrompendo) Pode Pará. Tuas sinhora num sinhor. Ocê pode sê o doto juiz, mais a Josefa é minha sinhora, i a Carmelina vai sê sinhora do meu fio. Só se o Dobrandino num sincomodá da Jacutinga se tua senhora.
Dobrandino: (bravo) Ocê ta me achano cum cara de quê. Craro que eu mincomodo i muito. Se ele num teve competência pra arranja uma sinhora até agora, num vai sê com a minha quele vai ficá. Ah, num vai não!
Juiz: (explicando) Não é nada disso. Eu estou apenas introduzindo a cerimônia civil de união matrimonial destes jovens nubentes. Não foi para esta finalidade que o senhor foi buscar-me?
Antonio: Num sei doque que ocê ta falando. Eu fui busca ocê pra mor de casa o Carmelindo mais a Janerinda.
Juiz: Mas é exatamente isso que eu disse. Podemos seguir com a cerimônia?
Pais: Craro que pode.
Ajudante: (interrompendo) Interrompemos esta cerimônia de casamento para divulgação de propaganda política partidária, conforme Lei número sete mil, quinhentos e trinta e oito, artigo quarto, parágrafo sétimo, linha nona, do Supremo Tribunal Eleitoral. (levanta uma placa com a foto de um candidato) Nas próximas eleições vote em Coitadinho dos Passos para prefeito. Coitadinho foi candidato derrotado nas eleições de 1972, 74, 76, 78, 80, 82, 84, 86, 88, 90, 92, 94, 96 e 98. Coitadinho diz que esta é a última chance que dá ao povo de elege-lo prefeito. Ele promete abrir os buracos fechados e fechar os buracos abertos em todas as ruas. Promete também aumentar os salários de todos mas lembra que, para isso, terá que aumentar os impostos. E para vereador, vote nos candidatos do PUM – Partido Umanista Municipal. Termina aqui o horário eleitoral gratuito. Segue agora a nossa programação normal.
(todos vão saindo abraçados e alegres).
(Rev. Éder Carlos Wehrholdt - Campo Largo - Julho de 2000. Alguns nomes de lugares, como Parque Barigüi, são referência a Curitiba. Adaptar conforme o local.)
A Rosa de Lutero - teatro
- (H) Helena - dona de casa
- (S) Sílvia - filha
- (J) Joana - visita
- Cruz, coração, rosa, fundo azul, anel.
(Sílvia está sentada na sala, estudando).
H: - (entra e diz) Olá, filha! Estudando?
S: - Sim, estou terminando um trabalho da escola. E você, mãe, como foi de reunião da OASE?
H: - Foi ótima! É uma pena que algumas senhoras não participam! (pausa) - Ah, Sílvia, já estava me esquecendo. A filha da vizinha estava aqui, a sua procura.
S: - Vou logo ver o que ela quer, deve ser assunto de escola! (sai)
H: - (Arruma os objetos que estão na mesa) (Joana bate palmas, chamando).
H: - Joana! Que surpresa boa! Entre!
J: - (entra e cumprimenta) - Como vai?
H: - Eu estou bem. Sente-se!
J: - Eu vim para fazer compras e resolvi vir aqui, ver você.
H: - É. Eu também saí. Acabei de chegar de uma reunião da OASE. Estou muito contente com a sua visita. Joana, por que você não foi?
J: - Você sabe, eu não sou muito de ir à igreja. Por isso até me esqueço dessas reuniões!
H: - Pois você perdeu! A reunião de hoje foi ótima. O Pastor nos explicou sobre a Rosa de Lutero.
J: - A rosa de Lutero? Pensei que fosse apenas um enfeite!
H: - Não! Ela foi muito importante na vida de Lutero e é muito importante também para nós, luteranos. Houve um tempo, na Europa, que quase toda família luterana tinha seu emblema e usavam em sua casa, como decoração. Lutero também mandou fazer o brasão de sua família, mas ele queria que fosse um símbolo cristão. Ele queria que o brasão contasse a história da salvação da sua alma, da sua família e de todos os cristãos. Veja esta miniatura da Rosa que eu ganhei lá na Igreja. Cada uma destas partes, a cruz, o coração, a rosa, o fundo azul e o anel tem um significado muito importante.
J: - Ah, Helena! Agora você me deixou curiosa! Quero saber o que cada um significa!
H: - Está bem! vamos ver:
CRUZ (entra)
A cruz representa a salvação. A Bíblia diz: Jesus morreu na cruz pelos nossos pecados. Por isso, Cristo e a mensagem da cruz são o centro da religião cristã. A cor preta é a dor e o sofrimento que não destrói, mas conserva a fé em crescimento. A cruz preta lembra que Deus vem ao nosso encontro, com o seu amor, através de Jesus Cristo. Ela lembra que a fé no Cristo crucificado, nos salva, pois "O JUSTO VIVERÁ POR FÉ". (permanece no palco e entra o coração)
CORAÇÃO
O coração é o símbolo da fé e do amor. Pela fé, o cristão aceita Cristo, o crucificado, como seu Salvador. Recebe dele a purificação dos seus pecados e passa a amá-lo e servi-lo em sua vida. A cor vermelha, é a cor do fogo. Assim, deve ser a chama da nossa fé: acesa em nossos corações com o Evangelho da cruz, pelo poder do Espírito Santo. A cruz preta, rodeada por um coração vermelho, significa que toda a minha vida fica envolvida pela fé. Significa que Cristo agiu na minha vida através da cruz e continua agindo. Crendo em Cristo, a minha vida recebe um novo sentido que coloco a serviço de Cristo, em favor das pessoas pobres, aflitas e necessitadas. (fica do lado da cruz)
ROSA
A rosa branca representa a pureza e demonstra que a fé produz alegria, consolação e paz. As bênçãos e a beleza do reino de Deus do qual Lutero tanto falou e cantou, são representadas pela rosa branca na qual descansa o coração do cristão. A cor branca, é a soma de todas as cores, isto quer dizer que Jesus é tudo em todos. A rosa branca quer dizer, que quando Cristo tem lugar em nossa vida, ocorre uma transformação que traz a verdadeira paz, a verdadeira alegria. (fica do lado da cruz)
FUNDO AZUL:
Azul é a cor do céu e o fundo sobre o qual estão a cruz, o coração e a rosa branca, nos lembra que assim como Cristo veio ao nosso encontro, Deus também está conosco, todos os dias. Podemos pois viver com Deus e para Deus, como sinais do seu reino aqui na terra. Azul é também esperança no futuro, pois o azul lembra o céu, a eternidade.
ANEL:
O anel tem a cor do ouro, o mais precioso dos metais. Assim, esse anel representa dádivas que cada cristão recebe através da cruz e da ressurreição de Jesus. A vida que recebemos através de Jesus, para a fé e para o amor, é mais valioso do que todas as outras coisas preciosas do mundo. O anel, o círculo, não tem começo, nem fim. Isso nos lembra que no caminho da cruz, a serviço de Cristo, encontramos o amor de Cristo que não tem fim. O anel é o símbolo da eternidade e é uma aliança do cristão com Deus e mostra a felicidade no céu.
(montagem da Rosa com fundo musical)
(Obs.: Em algumas representações da Rosa de Lutero, aparece a inscrição "VIVIT", sobre o fundo azul que quer dizer: "ELE VIVE". (cinco pessoas, cada uma segura uma letra- todas saem)
H: - Joana, vou lhe dar esta miniatura da Rosa para que em casa você conte a sua família o que você viu e ouviu aqui.
J: - (Pega a Rosa) - Obrigada, Helena! Agora sempre vou achar esta rosa mais bonita ainda, porque aprendi que ela conta a história da minha salvação.
H: - Pois é, Joana. Você pode aprender muito mais ainda sobre o nosso Salvador, se você freqüentar a igreja, assistindo aos cultos e comparecendo às reuniões da OASE.
J: - Você tem razão, mas agora tenho que ir.
H: - Espero vê-la na próxima reunião.
J: - Com certeza vou estar lá. Tchau!
S: - (entra) - Vi Joana saindo daqui.
H: - Sim, ela veio me ver. Sabe, filha, hoje tive um dia muito feliz! Dei conta do meu trabalho, fui à reunião da OASE, recebi a visita da Joana e ainda consegui transmitir a ela tudo o que aprendi na reunião sobre a Rosa de Lutero.
S: - (abraçando a mãe) Que bom, mãe! Gosto tanto de ver a senhora feliz!
Desenvolvido pela Juventude Evangélica Luterana de Petrópolis - IECLB, RJ)
Pai Nosso - Teatro
Personagens: Menino (M) e Deus (D)
O menino está deitado, dormindo. Ao lado está o seu despertador.
M- (acordando, olha para o despertador) Caraaca!!! Já são 10:00h!! Tô atrasadão!! Ai, deixa eu fazer logo a minha oração. (ajoelha-se) Pai nosso que estás no céu, santificado seja o Teu Nome...
D- (entra e pára ao lado do menino) Me chamou?
M- Peraí, cara, não vê que eu estou orando?
D- Então! Eu sou Deus, eu ouvi você me chamar, e...
M- Aaaii, pára de falar que você está me atrapalhando!!
D- Mas...
M- Venha o Teu Reino, seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu
D- Ah, que bom que você pensa assim. Eu quero que você ame a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a...
M- Quieto! Eu tô atrasado, caramba!! Não tenho tempo pra ficar batendo papo. O pão nosso de cada dia nos dai hoje...
D- Oh, sim, tratarei de te dar alimento, casa, família...
M- Ótimo, ótimo, que bom. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores.
D- Claro! Eu vou perdoar todas as suas falhas, mas antes você tem que perdoar sua irmãzinha, a menina da padaria...
M- Ah, não! Não dá pra perdoar o que elas fizeram, elas são egoístas e mal-criadas. Nem pensar, elas não!! Além do mais, deixa eu continuar: E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Pois Teu é o Reino, o Poder e a Glória para sempre. Amém.
(Levanta e dá de cara com Deus)
Deus?!?
D- Ué, meu filho, por que o susto?
M- Bem, é que eu não esperava ver você aqui, assim, falar com você...
D- Mas você estava orando! Estava falando comigo! Eu estava aqui o tempo todo. Mas você estava com tanta pressa que nem percebeu...
M- Perdão, Senhor!! É verdade, eu realmente estava com pressa e nem me dei conta de que, em oração, eu estava falando com o Senhor. Também não me dei conta do que estava falando... Me perdoa!!
D- É claro que te perdôo, meu Filho.
M- Obrigado, Pai, porque o Senhor é tão bom!!
(os dois se abraçam)
(Desenvolvido pela Juventude Evangélica Luterana de Petrópolis - IECLB, RJ)
2 Rs 2.1-12 - Sermão
Estamos no último Domingo após Epifania. O evangelho nos relata sobre a transfiguração de Jesus, que é a maior e a mais gloriosa manifestação de Jesus como Filho de Deus. A leitura do Antigo Testamento nos descreve como o profeta Elias foi recolhido por Deus ao céu, sem provar a morte. Ambas as leituras testemunham da gloriosa esperança cristã, da vida eterna. A epístola o chama de "tal esperança... que já se reflete em nossa vida, isto é, em nosso comportamento e maneira de encara a vida e a morte.
Enquanto o mundo, nestes dias busca a glória carnal, o desenfreamento grosseiro das paixões carnais, nós cristãos queremos contemplar a glória por vir a ser revelado nos filhos de Deus (1 Jo 3.2). Isto para fortalecimento de nossa fé e vida santificada. Que Deus nos conceda ricamente medida do seu Espírito para tal.
1. O profeta Elias. (850-875 a.C.) O profeta atuou 20 anos em Israel durante o reinado do incrédulo e perverso rei Acabe. Elias pregou contra a idolatria e a corrupção moral do povo, chamando-o povo de volta a Deus. Mas em vão. Elias foi um profeta corajoso, que lutou e sofreu muito. Ele fundou várias escolas de profetas. Até que certo dia Deus lhe avisou que sua missão estava concluída. Seu sucessor seria seu discípulo Eliseu. E ele, Elias, seria em breve recolhido ao descanso eterno.
Certo dia, quando foram de Gilgal para Betel, - provavelmente para uma despedida das escolas de profetas - Elias disse a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Betel. Respondeu Eliseu: Tão certo como vive o Senhor e vive a tua alma não te deixarei. E assim ambos desceram a Betel. (v.2) Chegados a Betel, os discípulos dos profetas disseram a Eliseu: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor, elevando-o por sobre a tua cabeça? Respondeu ele: Também eu o sei; calai-vos. (v.3) Novamente Elias disse a Eliseu: Fica aqui, pois o Senhor me enviou para Jericó. E Eliseu respondeu como antes. Irei contigo. Chegados a Jericó, os discípulos dos profetas ali disseram a Eliseu: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor elevando-o por sobre a tua cabeça. Respondeu ele: Também eu o sei; calai-vos. (v.5) E Elias disse a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor Deus me enviou ao Jordão. Mas ele disse: Tão certo como vive o Senhor e vive a tua alma, não te deixarei. E assim ambos foram juntos. Foram cinqüenta homens dos discípulos dos profetas, e pararam a certa distância deles; eles ambos pararam junto ao Jordão. Então Elias tomou o seu manto, enrolou-o, e feriu as águas, as quais se dividiram para as duas bantas; e passaram ambos em seco. (v.7,8) Isto era, praticamente, o mesmo lugar onde Josué passou o rio Jordão em seco, quando entraram na terra prometida.
Tendo passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. (v.9) E Eliseu disse: Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito. (v.9) Ao que Elias respondeu:Dura coisa pediste. Todavia se me vieres quando for tomado de ti, assim se te fará. Porém, se não me vires, não se fará. (v.10)
A resposta de Elias a Eliseu é interessante. Por que ele diz: Dura coisa pediste. Foi por ciúme? Não! O que Eliseu realmente estava pedindo? Dobrada porção do espírito. Ora, isto só seria concedido no Novo Testamento, após Jesus ter morrido e ressuscitado, então receberiam a "plenitude do Espírito". Jo 16.13) Jesus disse: Muitos reis e profetas desejaram ver o que vedes e não viram. (Lc 10.24) Por isso Elias considerou o pedido grandioso e respondeu: Isto eu não posso decidir, só Deus. Portanto, se Deus permitir que me veja subindo, então ele o concederá.
Estando assim caminhando e conversando, eis que de repente um redemoinho tomou a Elias do lado de Eliseu, o qual pasmado exclamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros. (v.12) Assim Elias foi levado ao céu de corpo e alma, sem ver a morte. Os discípulos dos profetas, provavelmente o viram de longe.
Eliseu viu o manto de Elias caído ao chão. Juntou o mesmo e dirigiu-se para o rio Jordão. Chegado lá, o enrolou, feriu as águas com ele e exclamou: Onde está o Deus de Elias? (v.14) Isto não foi uma dúvida, mas uma oração. As águas se abriram e ele passou em seco. Deus lhe deu um sinal claro, também para os discípulos dos profetas, de que Eliseu foi instituído como sucessor de Elias. E para Eliseu um claro sinal de que Deus atendera o seu pedido em dar-lhe porção dobrada do Espírito.
Elias fora recolhido à glória celestial sem ver a morte, assim como Enoque. Moisés, na mesma região, no monte Moabe (Dt 34.5-7) morreu, mas Deus o ressuscitou e o levou também de corpo e alma ao céu.
Quase mil anos depois, vemos os dois, Moisés e Elias conversando com Jesus no monte da transfiguração. Falaram com Jesus, provavelmente, sobre a difícil missão que Jesus tinha pela frente, o sofrimento e a morte de cruz. Deus testemunhou, naquela oportunidade, aos apóstolos: Pedro, João e Tiago e disse: Este é meu Filho amado em quem me comprazo. (Mt 17.5; Mc 9.7)
Não que Deus tivesse prazer em ver seu Filho sofrer. Mas sua santidade e justiça exigiam cumprimento da lei e punição ao pecador. Seu amor, no entanto, buscou uma saída, sem ferir sua santidade nem sua justiça. Esta saída encontrou em seu unigênito Filho, Jesus Cristo, que disse ao Pai que iria redimir a humanidade. Por isso Jesus pôde declarar: Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16) E o apóstolo Paulo afirma: Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. (2 Co 5.19). Que sublime amor. E por amor a Jesus, Deus não atribui mais os pecados àqueles que arrependidos confiam na graça de Cristo, aos quais aceita como seus filhos e os faz herdeiros da vida eterna.
Como filhos de Deus pela fé na graça de Cristo, tendo tal esperança - pedimos que Deus nos conceda rica medida do seu Espírito, para podermos testemunhar ousadamente de Cristo, como o afirma o apóstolo Paulo: Portanto, todos nós, com o rosto descoberto, refletimos a glória que vem do Senhor. Essa glória vai ficando cada vez mais brilhante e vai-nos tornando cada vez mais parecidos com o Senhor, que é o Espírito (2 Co 3.18 NTLH)
Nestes termos também nós, como Eliseu, pedimos dobrada porção do Espírito de Deus, como o cantamos no culto: Cria em mim, ó Deus, um puro coração e renova em mim espírito reto. Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna dar-me alegria da tua salvação e sustém-me com um voluntário espírito. (Sl 51.10) Amém
(Horst R. Kuchenbecker - São Leopoldo, 16/02/2009.)
Santíssima Trindade
No segundo semestre do ano eclesiástico, que começa com a Festa da SS. Trindade, não temos festividades especiais, mas meditamos sobre o amor do Deus Triúno, por isso chamamos este período de o "Período da Trindade". Muitos denominam os domingos como Domingos após Pentecostes.
O primeiro domingo do segundo semestre é dedicado, de forma especial, à Santíssima Trindade. Esta doutrina é ensinada com muita clareza em toda a Bíblia, e não é uma evolução neotestamentária. As principais passagens do Antigo Testamento são: Gn 1.1-3, 26 (Jo 1.1-3), Elohim no plural; Nm 6.24; 2 Sm 23.2; Sl 33.6; 45.6,7 (Hb 1.8,9); Is 42.1; Is 48.16,17; Is 61.1. As passagens do Novo Testamento são: Mt 3.16-17; Mt 17.5; Mt 28.19; Jo 14.6; Jo 17.5,24; Rm 8.26,27; 2 Co 13.13; 1 Pe 1.2. Estas verdades foram magistralmente resumidas, após muitas lutas, estudos, e orações nos três Credos Ecumênicos, e refletidos em nossa liturgia e em nossos hinos.
Vamos, pois, meditar na doutrina da Santíssima Trindade, analisando os Credo Ecumênicos e os principais cânticos litúrgicos.
Quantos deuses há? Todas as pessoas são unânimos em responder: Há somente um Deus. Quem é este Deus? Aqui as rspostas divergem. Jeová, Alá, Espírito Supremo, Energia suprema, o Deus Triuno, etc. Como saberemos onde está a verdade? É precisodizer que homem jamais poderá descobrir ou alcançar a Deus, por mais que o tente. É preciso que Deus se revele ao homem. E Deus se revelou. Em Hebreus lemos: "Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo" (Hebreus 1.1-2 RA). Deus se revela a nós na Bíblia. Ali ele se revela como um Deus santo. Por isso confessamos em nosso Catecismo menor: "Deus é espírito; eterno, inipresente, onisciente, onipotente, santo, juto, verdadeiro, bondoso, misericordioso e gracioso (Cat. Menor, perg. 111). Jesus nos revela o Pai. "Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (João 14.9 RA). E: "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6 RA). Jesus nos revela o Pai. No seu batismo resplandece a Trindade. Ele disse: "Eu e o Pai somos um" (João 10.30 RA). A respeito dele o apóstolo Paulo afirmou: "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (Atos 4.12 RA). Vamos, com oração, meditar o que Deus nos revela em sua palavra sobre sua pessoa e obra. Nossos pais resumiram isto, após lutas eorações, com muita clareza e precisão em Credos e Confissões.
Muitos não gostam de Credos e Confissões. Dizem que eles são desnecessários, são tradição humana, são fórmulas mortas e letra fria, pois a fé é algo bem pessoal do coração. Será? Não podemos concordar. Credos e Confissões são nossa resposta à leitura da Bíblia, são o testemunho fiel da fé, da doutrina, são uma bandeira que unifica os fiéis e uma barreira contra erros doutrinários. Santo Agostinho definiu os símbolos assim: "Símbolo é uma regra de fé breve e grande: breve, pelo número de palavras; grande, quanto ao peso das sentenças."
Quando uma pessoa vinha de outras cidades para uma comunidade cristã, dizendo ser cristão, ela era perguntada sobre sua fé. A pessoa respondia, normalmente, com frases tomadas das cartas dos apóstolos. Assim surgiu o Credo Apostólico.
Já no ano A.D. 150, o bispo Ignatius de Antioquia, aprisionado em Roma entre os anos 110 -117, e condenado à morte pelo imperador Trajano, menciona em suas cartas, fórmulas confessionais. Existiam várias em lugares diferentes. No segundo século já encontramos o Credo Apostólico mais ou menos na forma atual.
O Credo Apostólico prima pela exposição positiva das principais e essenciais verdades bíblicas sobre o Deus triúno e seu amor revelado em Cristo, o Filho de Deus. O Pai, criador e mantenedor de todas as coisas; Jesus Cristo, salvador da humanidade, o Espírito Santo, doador da vida.
O Credo Niceno surgiu em meio a lutas pela clarificação e defesa da verdade bíblica, no combate a erros doutrinários. O presbítero de Alexandria, Ario, (+336), ensinou que Jesus não era da mesma substância do Pai, a saber, não era verdadeiro Deus, mas somente semelhante, uma criatura excepcional. O Concílio de Nicéia (A.D. 325) rejeitou esta heresia e aceitou o Credo Niceno, que declara especialmente que Cristo é: "Deus de Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai." Grego: "homo-ousios"= coigual ao Pai, sendo rejeitado o "homoi-ousios" = semelhante ao Pai.
A falsa doutrina de Ario, no entanto, voltou a brotar. Surgiram novos debates e estudos. E o segundo Concílio geral, no ano 381, em Constantinópola (hoje, Istambul), rejeitou estes erros novamente, fazendo o acréscimo: "que procede do Pai". A mesma matéria foi reafirmado no Concílio de Toleno, na Espanha, em A.D. 589, recebendo o seguinte acréscimo: "o qual procede do Pai e do Filho (latim: filioque)."
Após isto, surgiram outros debates em torno da pessoa de Cristo, que levaram à formulação do Credo Atanasiano, cuja autoria foi, por um engano histórico, atribuído a Atanásio de Alexandria (+ 373). Mais tarde notou-se que Atanásio só escrevia em grego, mas o Credo foi elaborado em latim.
O Credo Niceno clarificou a pergunta sobre o Logos, a palavra que emana do Pai, afirmando que Jesus é realmente Deus, da substância do Pai. Mas a pergunta sobre a "pessoa" de Jesus e o relacionamento entre as duas pessoas, a divina e a humana entre si, permaneceram abertas e geraram muitas outras perguntas e discussões. As perguntas que mais absorveram os debates foram: Quanto à pessoa de Cristo, a encarnação e a união das duas naturezas em Cristo. As confissões respondem: A união existe desde a concepção. Maria deu à luz ao Filho de Deus, (theotokos=mãe de Deus), não só à natureza humana de Cristo, mas ao "Logos". As Confissões afirmam que Maria deu à luz ao "Logos" (Jo 1.14), ao Filho de Deus (Gl 4.4; Rm 9.5), ao "ente santo (Lc 1.35), ao qual Isabel chama de "o meu Senhor"(Lc 1.43). Outros diziam que a divindade perpassava a natureza humana, como por exemplo o fogo perpassa o ferro incandescente. Também este erro foi rejeitado. Cristo não é um ser duplo, com duas pessoas, como os nestorianos afirmavam, nem um ser composto de meio termo, que seria nem só divino, nem só humano. Mas Cristo é uma pessoa, divino-humana. Cristo é uma só pessoa, que tem uma completa natureza divina e uma completa natureza humana. As duas natureza estão unidas de modo a constituírem uma pessoa, uma individualidade. De sorte que há um Cristo, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
"Cremos, ensinamos e confessamos que o Filho de Deus, ainda que desde a eternidade foi pessoa particular, distinta e inteiramente divina, e destarte, com o Pai e o Espírito Santo, verdadeiro, essencial, perfeito Deus, assumiu, contudo, na plenitude do tempo, também uma natureza humana na unidade de sua pessoa, não assim que agora haja duas pessoas ou dois Cristos, mas assim que Jesus Cristo é, agora, numa pessoa, ao mesmo tempo verdadeiro, eterno Deus, nascido do Pai desde a eternidade, e verdadeiro homem, nascido da bem-aventurada Virgem Maria" (FC DS, Art VIII.6).
Essa união pessoal das duas naturezas em Cristo é um profundo mistério (1 Tm 3.16). Todavia, para dar-nos uma pálida idéia, a Escritura a compara com a união que existe entre corpo e alma. "Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2.9 RA). As duas naturezas não estão misturadas, de modo a formarem um novo composto. Nem uma se transformou na outro, perdendo sua própria identidade. Mas, à semelhança de corpo e alma, permanecem distintas. Também não existem lado a lado, como duas tábuas coladas, sem comunhão e interrelação. A semelhança de corpo e alma, a natureza divina de tal maneira permeia e penetra a natureza humana, e a natureza humana é de tal maneira penetrada pela natureza divina, que ambas as naturezas formam uma só pessoa. "A união das duas naturezas é tão estreita e inseparável, que uma já não pode ser concebida como existindo sem a outra ou separada dela, senão que ambas devem ser consideradas em todos os sentidos unidas, todavia de modo tal, que cada uma retêm seu caráter essencial e suas peculiaridades como antes, e permanece impermista com a outra ... De sorte que onde está o Filho de Deus, a natureza divina, aí está igualmente o Filho do homem, a natureza humana. Desde o momento em que o Verbo se fez carne (João 1.14), a carne não está sem o Verbo, e o Verbo não está sem a carne. As duas naturezas são inseparáveis, embora distintas." (Sumário, p. 90)
O Credo Atanasiano é o mais teológico dos três Credos. É chamado de o Credo Musical ou o Salmo didático, assemelha-se à Fórmula de Concórdia, entre as Confissões.
O que dizer das cláusulas condenatórias do Credo Atanasiano?
Um dos aspectos que destaca o Credo Atanasiano dos dois anteriores são suas frase condenatórias no começo, meio e fim. Vejamos:
- Aquele que quiser ser salvo, antes de tudo deverá ter a verdadeira fé cristã. Aquele que não a conservar em sua totalidade e pureza, sem dúvida perecerá eternamente.
- Aquele, portanto, que quiser ser salvo, deverá pensar assim da Trindade. Entretanto é necessário para a salvação eterna crer também fielmente na humanação de nosso Senhor Jesus Cristo.
- Esta é a verdadeira fé cristã. Aquele que não o crer com firmeza e fidelidade, não poderá ser salvo.
- "Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai" (1 João 2:22-23 RA).
- "E todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo" (1 João 4.3 RA).
- "Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus" (1 João 5.12-13 RA).
Sob estas sentenças condenatórias caem hoje as seguintes denominações: Judeus, Muçulmanos, Espíritas, Mórmons, Testemunhas de Jeová, Gnose, Legião da Boa Vontade, e outras filosofias orientais.
É importante notar ainda, que as Confissões Luteranas, como a Confissão de Augsburgo e a Fórmula de Concórdia, também contém condenações, como por exemplo ao afirmarem: "Ensinamos, confessamos e condenamos..." Elas condenam o erro, mas não afirmam que quem estiver neste ou naquele erro, não poderá ser salvo. Pelo contrário, admitem que mesmo ali onde erros são ensinados ao lado da verdade bíblica principal, pessoas podem chegar à verdadeira fé e alcançarem a salvação. Mas no Credo Atanasiano trata-se de algo essencial, sem o que ninguém poderá ser salvo.
Não foi intenção dos confessores pronunciar a sentença condenatório sobre pessoas que devido a certa simplicidade da mente ou por desconhecerem as verdades bíblicas fundamentais. Mas o Credo Atanasiano pronuncia a sentença condenatória sobre aqueles que propositadamente e por obstinação rejeitam estas verdades reveladas.
O que o Credo Atanasiano nos coloca com muita clareza, não pode ser descuidado. Não pode ser matéria de indiferença para uma pessoa ou um corpo de igreja. O pastor Johann Gerhard afirmou com razão: "Aqueles que ignoram o mistério da Trindade não conhecem a Deus."
O uso do Credo Atanasiano nas igrejas da cristandade
A Igreja Católica Ortodoxa (do Oriente) aceita o Credo Atanasiano, porém sem o "e do Filho" (latim: filioque), mas não o usam em seus cultos. A Igreja Católica Romana o aceita e usa em sua liturgia. A Igreja Luterana o incluiu no Livro de Concórdia, mas o usa pouco em seus cultos. As igrejas reformadas, o aceitam, mas não o usam, provavelmente devido a sua aversão a credos e confissões.
Glória Patri (Glória ao Pai) - O Glória Patri um canto angelical, tem um valor doutrinal e devocional. Ele é usado logo após a leitura do Salmo, texto do Antigo Testamento, para mostrar a unidade entre os dois Testamentos. É uma clara confissão da Trindade. A base escriturística para ele é: Rm 16.27; Ef 3.21; Fp 4.10; Ap 1.6. Encontramos este canto incluído nos cantos litúrgicos, na igreja oriental, já desde A.D. 530.
Gloria in Excelsis (Glórias a Deus nas alturas!) - O Glória a Deus nas alturas menciona as três pessoas. É um hino de louvor ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Um hino de louvor ao amor salvador do Deus triúno. É uma confissão da encarnação de Cristo, de sua satisfação vicária e de sua contínua intercessão por nós. Ele fala da glória eterna de Cristo. Este canto é uma luz consoladora. Data do século quarto. Encontra-se na Constituição Apostólica (vii.47), como citado por Atanásio (em 373).
Te Deum Laudamus (A ti, ó Deus, louvamos) - Este canto é considerado o hino mais nobre da Igreja Cristã. Ele combina o louvor e a oração em estrofes de exaltação em ritmo e prosa. A base do hino é o credo e ao mesmo tempo reúne pedidos de significado universal.
A primeira referência a este canto temos no ano A.D. 500. Não se conhece ao certo o seu autor. Tudo indica que o compositor tenha sido Niceta, bispo missionário de Romesiana em Dacia (A.D. 335-444), contemporâneo de São Jerônimo e Ambrósio (+ 397).
(Horst Kuchebecker - Festa da SS. Trindade, 1999)
Sl 145 - Um estudo
- Do v. 1 até 7, o salmista conclama ao louvor, ao mesmo tempo em que diz aquilo que ele próprio faria para louvar a Deus.
- Do v. 8 até 13, exalta a glória e a majestade de Deus.
- Do v. 13 até 20, identifica aquilo que torna Deus tão digno de honra e louvor.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
A Ressurreição da carne
A maioria das igrejas cristãs confessa em seus cultos o Credo Apostólico, no qual afirmam: "Creio na ressurreição da carne."
A doutrina da ressurreição da carne é doutrina fundamental da fé cristã. O apóstolo Paulo afirma: "Se Cristo não ressuscitou (fato histórico) é vã a nossa pregação e vã a nossa fé, e somos tidos por falsas testemunhas" (1 Co 15.14,15). Sim, "se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens" (1 Co 15.19).
A doutrina da ressurreição da carne é central na fé cristã. Ela dá sentido à vida, força na luta contra o pecado, consolo nas aflições e enche a alma de alegria e esperança.
A base desta doutrina é a palavra de Deus. Somente a palavra de Deus. Importa ouvir e estudá-la. Queremos humilhar-nos à poderosa palavra de Deus, porque a doutrina da ressurreição da carne não pode ser comprovada pela ciência, nossa razão não pode entendê-la, não posso experimentar ou senti-la. Ela excede ao nosso entendimento. Somente a palavra de Deus pode nos orientar, consolar e encher de esperança com respeito à doutrina da ressurreição da carne.
Infelizmente, mesmo muitos cristãos, apesar de confessarem: "Creio na ressurreição da carne ...", já não entendem mais o que significam estas palavras. Daí a importância de focalizarmos, de tempos em tempos, esta importante doutrina. Isto nos leva às pergunta: O que é a morte? Há vida após a morte? O que é e em que consiste a ressurreição da carne.
Todas as pessoas sabem, por sua própria consciência, que a vida não termina com a morte. Mas, o que vem após a morte, que tipo de vida, isto as pessoas não sabem nem podem desvendar. Surgem então as muitas especulações. O resultado disto são as mais diferentes teorias nas diversas religiões.
Vamos ocupar-nos, portanto, com o tema e focalizar os seguintes itens: 1) Principais teorias errôneas; 2) Única fonte da verdade; 3) Afirmações da Escritura sobre a ressurreição da carne; 4) A ressurreição da carne propriamente dita; 5) Consolo desta doutrina.
I - TEORIAS ERRÔNEAS
As teorias sobre se há ou não vida após a morte são inúmeras. De tempos em tempos estas teorias mudam de roupagem, mas a raiz é sempre a mesma: o desconhecimento da palavra de Deus e a incredulidade; sim, a inimizade contra Deus.
As teorias que rejeitam a palavra de Deus podem ser dividas em dois blocos: materialistas e espiritualistas.
1.1 - Materialistas - Os materialistas afirmam que tudo é matéria e/ou energia. Tudo é passageiro. Com a morte tudo acaba. O importante é viver a vida aqui e aproveitá-la. Esta teoria busca provas na ciência. Só aceitam o que a ciência pode comprovar. Daí sua filosofia de vida: "Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos" (1 Co 15.32; At 17,18). Sem dúvida, a ciência tem sua razão de ser. Deus ordenou aos homens: "Sujeitai a terra"(Gn 1.28). Mas, ciência sem o temor de Deus é um desastre. "Pois, o temor do Senhor é o princípio do saber" (Pv 1.7). A ciência deve estar sujeita às verdades divinas, expressas na Bíblia.
1.2 - Espiritualistas - Os espiritualistas, ao contrário dos materialistas, afirmam que a personalidade ou o espírito da pessoa é eterno; a matéria é passageira.
Nesta linha encontramos os espíritas, algumas filosofias orientais, certos ramos do cristianismo e da Nova Era.
a) Espíritas - Os espíritas, mesmo que divididos em muitos ramos com teorias diferentes, valorizam o espírito sobre a matéria. Dizem que a matéria é a vestimenta que aprisiona o espírito. A morte é benfeitora, pois ela liberta o espírito da matéria. Falam em diversas reencarnações. No oriente, Índia por exemplo, ensinam a reencarnação em animais; no ocidente falam em reencarnações só em pessoas. Dizem que pelas reencarnações o espírito é purificado até alcançar a perfeição e poder achegar-se ao espírito superior. Inferno não existe. Procuram explicar as diferenças sociais (saúde e doença, riqueza e pobreza) pela teoria: "Aqui se faz, aqui se paga." Se alguém passa por privações nesta vida, é porque fez coisas ruins nesta vida ou em vidas anteriores. Todo o sofrimento é pagamento por males cometidos. O sofrimento purifica. Conforme a doutrina da reencarnação, a pessoa sempre tem mais uma oportunidade para corrigir erros do passado e se purificar. Além disto, ensinam que os espíritos que vagueiam pelo espaço, participam da vida presente. Os médiuns e pessoas sensitivas podem servir de intermediários. Podem comunicar-se com os espíritos e solicitar o auxílio deles para resolver problemas. - A Bíblia ensina que há uma só vida e após, o juízo; que a salvação não é por méritos, mas pela graça de Cristo. Deus também proibiu consultar os mortos. "Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal cousa é abominação ao Senhor, e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança de diante de ti"(os castiga) (Dt 18.10-12). Pois, "aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hb 9.27; Ap 22).
b) Distorções cristãs - Os Adventistas do Sétimo Dia ensinam que na morte corpo e alma vão para a sepultura e dormem até o dia do juízo final. Então Deus levantará a alma da morte. Há, também, ramos evangélicos, que negam a imortalidade da alma, ou afirmam a superioridade do espírito sobre a matéria, dizendo que na morte o espírito sobrevive e Deus o reveste logo após a morte. A matéria volta ao pó de onde não retorna, e que os incrédulos serão totalmente extintos. A isto soma-se também os que defendem o arrebatamente. Afirmam que por ocasião da volta da primeira volta de Cristo, haverá também a primeira ressurreição dos fiéis, que reinarão com Cristo aqui na terra, por mil anos. Todas estas teorias são distorções da palavra de Deus. A Bíblia ensina que Cristo voltará em glória no dia do juízo final para julgar vivos e mortos. Naquele dia, todos ressuscitarão. Isto é, todos os corpos serão levantados. A terra, o mar e o ar devolverão seus mortos. Uns ressuscitarão para a vida eterna, outros para a eterna condenação (Mt 25.46).
c) Nova Era - O sonho da Nova Era é estabelecer um império único, mundial de paz, no qual não existam mais fronteiras, sendo todos irmãos e tendo todos a mesma religião. Neste reino se destacará a superioridade da razão humana (gnose). O homem é seu próprio deus ou parte dele. Esta teoria é uma imitação satânica do reino de Deus. A Nova Era busca este objetivo no campo político e religioso. No religioso afirmam: Ninguém é dono da verdade. Há um só ser superior ou energia superior. Todas as religiões são boas e têm seu lado positivo e bom. Não existe verdade absoluta. O importante é o amor, não a doutrina. O homem é parte de Deus, é Deus.
d) Gnose - Conhecimento. O movimento gnóstico é o movimento da razão humana. Napoleão Bonaparte afirmou: " O que o homem pode conceber, isto poderá realizar." Usamos só pouca porcentagem de nossa capacidade mental. Vamos aprender a usá-la melhor, experimentar, sentir, migrar com nosso espírito para fora do corpo. O movimento gnóstico enfatiza: a ciência, a filosofia, a arte e a mística. O espírito deve buscar contactos extra corpóreas com outros espíritos. São os movimentos da Ciência Cristã, movimentos do pensamento positivo, o Método Silva de Controle Mental (Silva Mind Control), etc.
Conclusão - De pouco nos aproveita detalhar as raízes destas vãs filosofias. Jesus afirmou: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22.29). Por isso, vamos à fonte, pois o que importa é conhecer a palavra de Deus.
Posso ter certeza sobre a vida após a morte? Onde posso encontrar a verdade? Os espíritas afirmam: Não há livro sagrado. A vida é um mistério. Temos revelações parciais de espíritos, médiuns e profetas. A Bíblia só contém parte da verdade. Afirmam que João Batista foi a reencarnação de Elias, etc. Por não terem compromisso com a palavra de Deus, eles extraem da Bíblia as doutrinas que querem.
A segunda linha são os evangélicos que afirmam: A Bíblia contém a palavra de Deus. Com isto abrem a porta a inúmeras teorias. Interpretam a Bíblia com sua razão. Eles jogam afirmações de um apóstolo contra outro apóstolo, ou afirmações do Antigo contra o Novo Testamento.
Ao lado deles temos os católicos que aceitam a Bíblia, mas não como a única palavra de Deus. Eles colocam a autoridade do Papa e dos Concílios ao lado da Bíblia. Ensinam, como os mórmons, que na eternidade ainda há a possibilidade de alguém remir-se de seus pecados (Purgatório). Lutero constatou: "Está provado que papas e concílios erram." Com os católicos estão os pentecostais que colocam ao lado da Bíblia revelações especiais (subjetivismo), que frequentemente desinterpretam e até contradizem as afirmações da Bíblia.
Qual a posição bíblica? A Bíblia é palavra por palavra a única, inspirada, infalível, inerrante, clara e pura palavra de Deus. A Bíblia se interpreta a si mesma. Ela é a única autoridade em matéria de fé e de vida. Quem não a aceitar como tal e não a respeitar, não pode ter certeza de nada. Ao mesmo tempo é preciso lembrar que, quem não tiver esta convicção, com esta pessoa não podemos discutir religião. Pois quando argumentamos com a palavra de Deus, a pessoa, não tendo compromisso com a palavra de Deus, não aceitará os argumentos da palavra de Deus e contra argumentará com a razão ou a opinião de pessoas, da maioria ou com outras revelações, etc. A uma pessoa que não aceita a autoridade da palavra inspirada da Bíblia, só podemos proclamar a palavra de Deus para testemunho, na esperança de que ela dê lugar à palavra e ao Espírito Santo, "se converta de seu mau caminho e viva" (At 21.17).
Uma vez clarificada a fonte em que baseamos a certeza da doutrina da ressurreição, podemos contemplar esta tão consoladora doutrina.
Ao nos aproximarmos da doutrina da ressurreição, queremos fazê-lo com "temor e tremor" (Is 6.2), e a súplica: Senhor Jesus, leva nossa razão cativa à tua palavra, pois o mistério da ressurreição da carne excede à nossa compreensão.
Contemplando a história da ressurreição de Jesus, ficamos impressionados com a incredulidade dos discípulos de Jesus e a rápida aceitação do fato pelos inimigos de Cristo. Os inimigos de Cristo logo se lembraram das palavras de Cristo sobre sua ressurreição e temeram a possibilidade. Eles procuraram impedir a ressurreição, colocando guardas no sepulcro (Mt 27.62-66). E quando os soldados lhes trouxeram a notícia da ressurreição de Jesus, os fariseus não duvidaram, nem correram para a sepultura a fim de se certificarem do fato. Eles estavam tão certos do fato que, em sua inimizade contra Cristo, planejaram combater a verdade, semeando a mentira. Pagaram alto preço aos soldados para que mentissem ao povo. Enquanto isso, os discípulos, mesmo tendo ouvido de Jesus várias vezes a afirmação de que ele haveria de ressuscitar no terceiro dia, conforme profetizado no Antigo Testamento, não creram (Mt 16.21; 17.9; Sl 16.10; Mt 12.40; Jo 20.9). Custou-lhes acreditar. Foi necessário que o próprio Senhor Jesus lhes aparecesse várias vezes e lhes abrisse o entendimento para crerem (Mt 28.17). De fato, ninguém pode crer por "própria razão ou força" em Cristo e na doutrina da ressurreição. Esta doutrina é totalmente contrária à razão. É preciso que o próprio Jesus e o Espírito Santo nos convençam, abram nossa mente, gerem a fé e nos mantenham nesta fé. E Deus quer fazê-lo por sua palavra e seus sacramentos. Esta graciosa ação de Deus Espírito Santo de nos abrir os olhos e nos levar à fé, a Bíblia chama de renascimento e de a primeira ressurreição (Ap 20.5). A fé cristã é a nova vida, a vida espiritual. Mas, antes de falarmos da doutrina da ressurreição, é preciso clarificar o que é o ser humano, o que é a morte, como a morte foi vencida e então detalhar a pergunta: Em que consiste a ressurreição da carne?
Assim a grande diferença entre homens e animais está nisto que o homem recebeu uma alma, conforme a imagem divina (Gn 1.27), e tem uma relação única com Deus. Ele é servo e administrador de Deus em relação às outras criaturas (Sl 8.5-8).
3.2 - A morte - Deus colocou os homens no jardim do Édem. Ali estava a árvore do conhecimento do bem e do mal. Não era uma árvore especial, mas uma árvore determinada por Deus. "Do conhecimento do bem e do mal," no sentido de revelar se o homem seria fiel a Deus ou não. Deus disse a Adão e Eva: "No dia em que dela comeres, certamente morrerás." (Gn 2.17). Isto não era uma ameaça, mas uma séria indicação sobre o que acontecerá se desobedecerem. Deus não estava coagindo à obediência. O homem era bom. Ele tinha o bem-aventurado conhecimento de Deus e possuía o livre arbítrio. Se desobedecesse, perderia o estado de graça e bem-aventurança e seria eternamente separado de Deus. Infelizmente, Adão e Eva, tentados por Satanás, de livre e espontânea vontade desobedeceram a Deus. O apóstolo Paulo afirma: "Por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte; assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 5.12). O pecado faz separação entre Deus e os homens (Is 53.60). Deus não criou o homem para a morte e sim para a vida. Após um tempo, se o homem não tivesse desobedecido, comeria da "árvore da vida" (Gn 3.22) e passaria para a vida eterna (Pv 3.18; Ap 2.7). Também esta árvore não era uma árvore especial, mas designada por Deus para dar a vida eterna, como hoje o batismo e a santa ceia, os sacramentos que dão a vida eterna como o apóstolo afirma: "O batismo agora vos salva" (1 Pe 3.21; Tt 3.5). O homem foi criado para a vida eterna. A morte não é algo natural, mas uma intromissora. Ela veio por causa do pecado. Ela separa corpo e alma. Ela rebenta o laço mais íntimo na pessoa, o laço entre corpo e alma. O corpo volta ao pó da terra do qual foi tomado e a alma comparece diante do trono de Deus para julgamento, como o afirma a Escritura: " E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e depois disto, o juízo" (Hb 9.27). E Jesus disse ao malfeitor na cruz: " Hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43).
3.3 - Como a morte foi vencida? - O pecado separou os homens de Deus. O santo e justo Deus cumpriu sua lei: "Por que no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17; Rm 5.18; Is 66.24; Mc 16.16). "Maldito todo aquele que não permanecer em todas as cousas escritas no livro da lei, para praticá-la"(Gl 3.10). Pelo pecado, o homem tornou-se escravo de Satanás. "Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio" (1 Jo 3.8). O pecado tornou o homem réu de morte. "O salário do pecado é a morte" (Rm 6.23). O homem por si, por seus esforços, sua penitência, seus sacrifícios não pode salvar-se. "Nenhum irmão pode salvar outro irmão, seus recursos se esgotariam antes" (Sl 49.7,8).
Mas Cristo, o eterno Filho de Deus se dispôs salvar a humanidade. Para isto Jesus, o eterno filho de Deus, gerado do Pai desde a eternidade, adotou nossa natureza humana, e veio a nascer da virgem Maria. Como nosso irmão na carne, tomou o nosso lugar. E como substituto de toda a humanidade, ele cumpriu a lei de Deus, pagou pelos pecados de toda a humanidade, venceu o pecado, a morte e Satanás e trouxe o perdão e a vida. A Bíblia afirma: "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16). "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos deixeis reconciliar com Deus" (2 Co 5.19,20). "Porque, como pela desobediência de um só homem muitos (os muitos, todos) se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornaram justos" (Rm 5.19). Deus mandou proclamar a salvação à toda humanidade (Mt 2.19-20). Toda a pessoa que der ouvidos à palavra de Deus, se arrepender de seus pecados e confiar na graça de Cristo, tem o que Deus lhe oferece, dá e sela em sua palavra, a saber, perdão, vida e eterna salvação. Pela fé na graça de Cristo a pessoa volta à comunhão com Deus, ao estado de filho de Deus e herdeiro da vida eterna. Como tal aguarda a ressurreição da carne, conforme a promessa de Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente" (Jo 11.25-26). Cremos no fato histórico de que Jesus Cristo verdadeiramente ressuscitou da morte. Por isso confessamos no Credo Apostólico: "Desceu ao inferno (para mostrar sua vitória, 1 Pe 3.19), no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos." Esta ressurreição de Cristo é tão importante e consoladora, porque ela prova incontestavelmente: 1) que Cristo é Filho de Deus e verdadeira a sua doutrina; 2) que Deus Pai aceitou o sacrifício de seu Filho para a reconciliação do mundo; 3) que todos os fiéis ressuscitarão para a vida eterna (Rm 1.4; Jo 2.19; 1 Co 15.17; Rm 4.25; Jo 14.19; Jo 11.25,26).
3.4 - Afirmações sobre a ressurreição - A doutrina da ressurreição da carne precisa ser entendida desde a primeira promessa feita por Deus a Adão e Eva. Deus lhes prometeu: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3.15). O que significaram estas palavras para Adão e Eva? Eles haviam caído em pecado. Perderam a santidade original. Eram, agora, réus da eterna condenação. Estavam separados de Deus e tornaram-se escravos de Satanás. Não tinham como fugir da ira divina, nem como recuperar a santidade perdida. Então Deus, por compaixão, se colocou ao lado deles e lhes prometeu salvação. O Salvador os reconciliaria com Deus e derrotaria o pecado, a morte e Satanás. Derrotado o inimigo, teriam novamente de volta a vida. Portanto, haverá ressurreição da carne. Adão e Eva e muitos de seus descendentes apegaram-se a esta promessa. Por isso Jesus afirmou: "Ora, Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos; porque para ele todos vivem" (Lc 20.38). Eles creram e falaram desta bênção e vida. Confira: Gn 5.24; 15.15; 22.18; 49.18; Ex 3.6; Dt 32.39; 1 Sm 2.6; Jó 19.25-27; Sal 16.9-11; 17.15; 49.15,16; 68.11; 102.27-29; Os 13.14; Is 25.7,8; 26.19; 51.6; Ez 37.1-4; Dn 12.2; Mt 3.13-4.6.
Uma das passagens do Antigo Testamento que fala da ressurreição com muita clareza está no livro de Jó. Jó afirma: "Porque eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo. Os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim" (Jó 19.25-27). As palavras são claras e dispensam comentários. Jó, em meio à sua grande dor, tendo a morte diante dos olhos, canta, jubila e proclama sua esperança na ressurreição. Em breve, assim pensa, serei pó. Mas este não será o meu fim. Sei que Deus me é misericordioso. Ele me levantará do pó da terra. Jó tem certeza de sua ressurreição e descreve como ela será: com meus olhos, na minha pele verei a Deus. Maravilhoso. Infelizmente a incredulidade tem levado muitos exegetas a distorcerem estas palavras.
A certeza da ressurreição da carne baseia-se na ressurreição de Cristo. Jesus tomou sobre si os nossos pecados, foi castigado por Deus em nosso lugar, morreu por nós e conquistou a salvação para toda a humanidade. Ora, salvação é a restituição da vida. Esta restituição não seria completa se não houvesse ressurreição da carne. A Escritura confirma com muitas palavras esta verdade.
- O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 6.23).
- É manifestada agora pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho (2 Tm 1.10).
- Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram ... Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida (Rm 5.12-18).
Vamos, agora, focalizar algumas afirmações gerais sobre a ressurreição da carne e depois analisar o "como" da ressurreição.
4.1 - Afirmações gerais - "Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo ressuscitará a Cristo Jesus dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos mortos, por meio do seu Espírito que em vós habita" (Rm 8.11). O que significa esta afirmação: "Vivificará também os vossos corpos mortais?" O que estava morto será vivificado. Os corpos, nos quais aqui, enquanto vivo, o Espírito Santo habitava, esses mesmos corpos serão vivificados. O apóstolo continua no v.23: "E não somente ela (a criação), mas também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo." O apóstolo afirma que estamos aguardando a redenção do corpo, isto é, que o corpo seja libertado da morte. Portanto, este nosso corpo mortal deverá ser libertado da morte. Como? A morte terá de devolver o corpo. O corpo voltará à vida. Isto é a ressurreição.
Outra afirmação importante: "O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo de sua glória, segundo a eficácia do poder que tem de até subordinar a si todas as cousas." (Fp 3.21). Nosso corpo humilhado pela morte será transformado e será igual ao corpo de Cristo. O poder de Deus o fará. O apóstolo compara a nossa ressurreição com a ressurreição de Cristo. Olhemos para Cristo. Não foi o mesmo corpo que foi crucificado e deitado na sepultura que de lá levantou? E, por sua especial vontade, manteve, após a ressurreição, as marcas dos cravos, para dar-nos toda a certeza de que é ele mesmo e o mesmo corpo. Jesus tinha dito: "Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim, pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai! (Jo 10.17,18). O apóstolo Paulo afirma que Jesus é "a primícia dos que dormem" (1 Co 15.20). Assim a Escritura afirma que os corpos serão ressuscitados. Teremos o nosso corpo de volta. O mesmo corpo que temos agora. Lembramos Enoque e Elias que foram levados com seus corpo ao céu, bem como Moisés que com Elias apareceu corporalmente a Jesus no monte da transfiguração (Mt 17.1-8).
Temos ainda uma passagem muito interessante no segundo livro de Macabeus. O livro de Macabeus não conta entre os livros canônicos. Ele é bom para a leitura, mesmo não sendo um livro inspirado. Não podemos basear doutrinas nele. Mas há no mesmo um relato interessante. É uma história cruel. Um jovem judeu está para ser torturado e morto. Antes de lhe cortarem a língua e as extremidades dos membros do corpo, ele dá o seguinte testemunho: "Do céu recebi estes membros, e é por suas leis que os desprezo, pois espero dele recebê-los novamente ( 2 Macabeus 7.11). Confira outras afirmações bíblicas sobre a ressurreição: Jo 5.21; 6.29,40,44,45; At 24.15,21; 26.8; Rm 4.7; 1 Co 6.14; 2 Co 1.9; 4.14; Fp 3.11; 1 Ts 4.16.
Em resumo: A morte terá de devolver os seus mortos desde Adão e Eva até a ultima pessoa que falecerá antes do juízo final. O mesmo corpo que voltou ao pó da terra se levantará, será refeito pelo poder de Deus. Mas, como ressuscitarão os mortos?
4.2 - Como ressuscitarão os mortos e com que corpos? - O apóstolo Paulo escreve: "Carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção" (1 Co 15.50). O que significam estas palavras? Não há aqui uma contradição? Afirmamos que na ressurreição se levantará o nosso corpo, o mesmo corpo. E o apóstolo afirma que "carne e sangue não podem herdar a vida" (1 Co 15.50). Como? Ele explica: "A corrupção não pode herdar a incorrupção." A palavra corrupção aparece nos seguintes textos bíblicos: Rm 8.21; 2 Pe 2.12; l Co 15.42; Cl 2.22; Gl 6.8; 2 Pe 1.4; 2.19) e significa, sem dúvida alguma, o pecado original. O pecado original é o pecado que herdamos de Adão e Eva. Também a expressão: "As obras da carne" (Gl 5.19), tem este sentido, como frutos do pecado original. Por isso Jesus afirma: "Do coração procedem os maus pensamentos" (Mt 15.19). Portanto, o corpo, assim corrompido pelo pecado, não pode herdar o céu. Como fiéis em Cristo temos, na verdade, o perdão, mas o pecado ainda está nós. Somos simultaneamente santos e pecadores. Quando morremos, completa-se em nós a ação do batismo, nosso "velho homem" é definitivamente afogado e morto. E, quando ressuscitamos, ressuscitaremos sem o pecado. E tudo o que o pecado estragou nos fiéis, será afastado. O apóstolo Paulo fala disto em 1 Co 15, 35 a 50. No versículo 35, onde levanta a pergunta: "Como ressuscitarão os mortos? e com que corpos?" Em primeiro lugar o apóstolo responde a pergunta: Como é possível? E responde: "Insensatos! o que semeias não nasce, se primeiro não morrer?" (v.37). Pelo exemplo da semente, o apóstolo mostra que é preciso morrer primeiro, para então reviver. Se isto acontece com a semente, seria impossível para Deus fazer isto com nosso corpo? "Para Deus não haverá impossíveis em todas as suas obras" (Lc 1.37). Ele o determinou assim. O seu poder o realizará.
Mas, com que corpos ressuscitarão? E responde: "Quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão" (v.37). Semeia-se o grão. Este grão germina e dele nasce uma planta que é a mesma matéria, mas suas qualidades são bem diferentes. Deus deu àquela planta, àquela matéria um corpo novo, com novas qualidades. Isto é uma comparação. Algo semelhante acontece na ressurreição. Em resumo: na ressurreição teremos o nosso próprio e mesmo corpo, o corpo que tivemos aqui em vida. Agora purificado do pecado original e de todos os pecados, e adornado com novas qualidades. Você se reconhecerá como sendo você mesmo. Que beleza. Toda corrupção, todo o pecado, tudo o que o pecado estragou será afastado e seremos revestidos com glória e esplendor, e novas qualidades para a vida no "novo céu e nova terra" (Ap 21.1).
O apóstolo Paulo entra em maiores detalhes: "Nem toda carne é a mesma" (v.39). Há exemplo disto na natureza. A mesma carne, da mesma matéria, mas diferente. Assim será na ressurreição.
Outro exemplo: "Corpos celestes com glória diferente" (v.40). Então o apóstolo passa para a aplicação da verdade: "Assim também é a ressurreição" (v.42). Veja, assim como Deus faz da mesma matéria criaturas diferentes em sua forma, aparência e glória; assim o fará no dia da ressurreição com o nosso corpo. Semeia-se. Você será sepultado. O que vai à terra é o corpo corruptível, corrompido pelo pecado, desonrado. Mas ressuscitará na incorrupção. Quão diferente será o corpo.
E mais: "Semeia-se corpo natural, ressuscitará espiritual" (v.44). O apóstolo Paulo fala aqui de dois corpos, um natural e outro espiritual. O que significa isto? Quando Deus criou Adão e Eva, deu-lhes uma alma vivente e os colocou no jardim do Édem. Ali deveriam viver. Multiplicar-se e cultivar o jardim. Estavam sujeitos às leis terrenas. Tinham um corpo natural. Isto é, uma natureza apropriada para a vida nesta terra, sujeita às leis desta terra. A queda em pecado corrompeu o homem e trouxe aflições e morte.
O apóstolo diz também que há corpo espiritual. Deus não criou o homem somente para a vida aqui na terra, mas para a vida eterna. Por isso havia no jardim do Édem também a árvore da Vida. Se o homem não tivesse pecado, após um período de vida, Deus lhes daria ordem para comer da árvore da Vida, a fim de ser transformado e passar para a vida eterna. Mas o pecado estragou tudo. Para nos redimir do pecado, Jesus veio ao mundo, o segundo Adão, o Filho de Deus. Ele nos reconquistou a vida espiritual. Agora temos corpo natural, depois virá o corpo espiritual. Isto é, Deus dará ao nosso corpo novas qualidades para vivermos diante da face de Deus que é espírito e dos anjos que são espíritos, no céu, onde há outras leis de existência. Agora temos um corpo apto para a vida nesta terra. Na ressurreição, Deus dará ao nosso corpo qualidades espirituais para a vida no céu junto com ele. Como serão estas qualidade? Ninguém consegue imaginar nem descrever. O apóstolo afirma: "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é" (1 Jo 3.2). Estaremos comendo e bebendo com Abraão, os apóstolo e Jesus. "Digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai" (Mt 26.29). Com esta palavra Jesus nos mostra que o céu será maravilhoso. De nada adiantam especulações se precisaremos ou não comer e beber no céu.
Concluindo, vimos duas coisas: Nosso corpo será ressuscitado. Ao ressuscitar, os fiéis estarão livres da corrupção. Em segundo lugar, os fiéis serão revestidos de novas qualidades, qualidades para poderem viver no lar celestial, junto com Deus. Serão qualidades celestiais, espirituais. Confira ainda: Fp 3.20; Lc 24.34-37; Rm 8.23,29; Mt 13.43; 1 Jo 3.2).
Precisamos dizer ainda alguma coisa sobre aqueles que viverão até o dia do juízo final. Temos duas palavras que abordam o assunto. "Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor" (1 Ts 4.15-17)." Eis que vos digo um mistério. Nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta" ( 1 Co 15.51-53). O que diz esta palavra de Deus? Ela diz que os vivos estarão ao lado dos ressuscitados, diante do trono de Jesus. Mas com que corpos? Seus corpos serão imediatamente transformados e adornados. Assim estarão ao lado dos ressuscitados na mesma glória. Este é o arrebatamento, que muitos interpretam erradamente, colocando-o antes do juízo final. O que não concorda com as demais afirmações da Bíblia.
Mas, o que acontecerá aos que não creram? As pessoas que morreram sem fé, também serão ressuscitados (ou se colhidos pelo dia do juízo final sem fé, transformados) pelo poder de Deus, mas para juízo e condenação. Seus corpo não serão purificados. Serão "um horror para toda a carne" (Is 66.24), " vergonha e horror eterno" (Dn 12.2). Confira ainda: At 4.11,12; Jo 3.36; Sl 49.15; 1 Jo 3.14; Is 66.24; Mc 16.16; At 24.15; Jo 5.28,29; Dn 12.2).
Conclusão
Ouvimos sobre a gloriosa doutrina da ressurreição. Que proveito temos dela? Vimos que Cristo "morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação" (Rm 4.25). Pelo batismo nos tornamos participantes da morte e ressurreição de Cristo e, enquanto permanecermos na fé na graça de Cristo, somos membros do corpo de Cristo, pois fomos enxertados no corpo de Cristo (1 Co 12.12-31). Ouçamos o que o apóstolo Paulo diz a respeito: "E juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus" (Ef 2.6). "Tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos" (Cl 2.12). "Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus" (Cl 3.1). Esta fé é alimentada e fortalecida pela palavra de Deus e a participação do sacramento do altar, que nos dá forças para proclamar sua morte até que ele venha. No momento de nossa morte, nosso velho homem, nossa natureza pecaminosa é definitivamente afogada e morta. Na ressurreição, nosso novo homem será refeito em sua plenitude e teremos o mesmo corpo, mas adornado com qualidades celestiais, apto para viver diante de Deus em perfeita justiça e santidade, no novo céu e na nova terra.
Ser cristão, por isso, não significa simplesmente crer em algumas doutrinas, procurar viver conforme alguns princípios éticos e dar o melhor de si para o bem estar do próximo. Ser cristão significa ter participado da 1ª ressurreição, a conversão, o renascimento pela fé em Cristo e ser enxertado no corpo de Cristo para uma vida com Deus, neste mundo e na eternidade. E, enquanto aqui na terra, ser engajado na luta contra o reino das trevas. Em Cristo nossa vida adquire novo propósito de vida. Mesmo em meio ao sofrimento somos consolados. A esperança da glória perpassa todos os momentos e nos enche de força, consolo e esperança (Lc 21.16-18). Por isso o apóstolo Paulo, após ter falado sobre a ressurreição da carne, ordena: "Consolai-vos uns aos outros com estas palavras" (1 Ts 4.13). Sim, estas palavras nos consolam. Dizemos com o apóstolo Paulo: "Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor" (Rm 14.8,9).
(Rev. Horst Kuchenbecker - Páscoa, 1998)