Não precisamos relacionar o capítulo 6 com o 7 diretamente. João introduz uma outra visão entre a abertura do sexto com o sétimo selos. A visão é dos cristãos, aqueles que irão para as bem-aventuranças dos céus, os eleitos.
Antes de apresentar quem são os eleitos, a visão nos mostra como Deus tem em suas mãos aqueles que crêem.
A insistência no número quatro indica que Deus tem a terra e tudo que nela existe em suas mãos.
Para cuidar da terra, ele colocou quatro anjos para até segurar o vento. Sabemos que o vento é incontrolável, mas Deus controla-o para que este não prejudique aqueles que crêem. Nenhum servo de Deus será danificado, mas Deus os selará a fim de que sejam os herdeiros eternos.
Importante notar é a descrição daqueles que crêem – são servos. A idéia por trás está vinculada à compra que Cristo efetuou com o seu sangue àqueles que nele confiam.
O selo também garante exclusividade e propriedade. Os cristãos estão selados; não um selo visível mas um selo que só Deus pode identificar. A verdadeira igreja é invisível, pois nem todos os que participam de uma determinada igreja são verdadeiramente crentes. O selo é a marca do Cordeiro de Deus, Cristo.
A igreja invisível é representada pela igreja visível. O número 144.000 precisa ser interpretado simbolicamente; é um símbolo composto. O número 12 é multiplicado e depois o número da totalidade é multiplicado por três: 10x10x10 = 1000. 144 x 1000 = 144.000 é um número de Deus e não apenas uma conta matemática. Em Ap 21.16,17 representa o número dado aos habitantes da Nova Jerusalém.
Sempre é interessante perceber que João não identifica os salvos – ele sempre vê a totalidade deles.
Os crentes estão vinculados aos descendentes de Jacó, que representam Israel tanto no AT como no NT. Primeiro é citado Judá, pois da tribo deste é que nasce Jesus. Dã é o único filho de Jacó que não aparece; em lugar dele, está Manassés, filho de José no Egito. Alguns estudiosos vinculam esta atitude contra os descendentes de Dã por representar o Anticristo (Dt 33.22; Gn 49.17).
O que importa termos em mente neste texto que o número dos salvos é perfeito e completo, pois todos os que verdadeiramente estão selados serão salvos.
Ap 7.9-17 Os cristãos eternamente ao lado de Deus
João agora tem outra visão. Ela não contradiz e nem complementa a anterior. Simplesmente descreve a situação dos eleitos de Deus nos céus e de como eles conseguiram chegar lá.
A multidão provém de todas as nações, tribos, povos e línguas e estão de pé perante Deus. Os eleitos nos céus vivem face a face com Deus em constante pureza. É o que simboliza as vestiduras brancas. Além disso, têm palmas nas mãos. As palmas sempre estão vinculadas à idéia de triunfo e são agitadas quando o rei passa com sua comitiva. Os cristãos saúdam seu rei vencedor, Cristo.
O reconhecimento dos eleitos à obra do Cordeiro que cumpre a vontade de Deus; graças ao que o Cordeiro fez, possibilitou que os eleitos estejam nos céus. Este é o conteúdo do coro dos eleitos. Os anjos, os anciãos e os quatro seres viventes juntam-se aos eleitos e todos, a uma só voz, bendizem o que Deus providenciou para todo o sempre.
A pergunta feita por um dos anciãos busca uma resposta de identificação: de onde provêm os eleitos? João remete a resposta ao ancião, pois este sabe de onde procedem aqueles que são salvos.
A primeira parte da resposta é a grande tribulação pela qual os cristãos precisam passar. As tribulações são causadas por Satanás e seus aliados, que são o velho homem, o mundo e a morte. Passar pelas tribulações está vinculado diretamente com o sangue do cordeiro, que habilita os cristãos a superarem as tribulações. A vitória está assegurada pelo sangue do Cordeiro que torna as vestiduras brancas. Novamente uma figura, onde o branco simboliza a pureza causada pelo sangue de Cristo.
Lavar é o verbo usado para caracterizar a salvação. Lavar nos lembra o nosso batismo, quando fomos lavados pelo "lavar regenerador e renovador do Espírito Santo" (Tt 3.5)
Além do privilégio de estarem perante Deus, os cristãos também terão sobre si o tabernáculo de Deus. O tabernáculo, no AT, representa a presença de Deus em meio ao seu povo. Para nós hoje, Deus está conosco através da Palavra e Sacramentos. Mas a imagem de João vai além disso: Deus estenderá seu tabernáculo sobre os cristãos significa que Deus eternamente estará nos eleitos, por cima deles e ao redor deles.
A presença de Deus representa estado de perfeição completa. Por isso, não haverá mais fome, sede, nem o sol cairá sobre eles, nem ardor algum haverá para aquele que estará com Deus eternamente. Estas imagens nos lembram as tribulações e sofrimentos pelos quais os cristãos passam aqui na terra, mas nos céus nada disso haverá, pois estarão com Deus eternamente.
Cristo, o Cordeiro de Deus, eternamente apascentará aqueles que estarão nos céus. A perfeição está descrita nas fontes de água da vida, onde jamais haverá dor e pranto por causa do pecado.
A visão dos céus sempre nos remete ao estarmos eternamente com Deus, longe da ação de Satanás e de seus aliados.
(Rev. Clóvis Prunzel)
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