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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Igreja Cristã e o novo milênio

O QUE A IGREJA CRISTÃ PRECISA AO ENTRAR NO NOVO MILÊNIO?

Introdução

O que a Igreja Cristã , bem como cada cristão e o mundo, precisam no Novo Milênio?

Os jornais estão cheios de recomendações. Também nos periódicos de igrejas não faltam artigos sobre o tema: O que a Igreja Cristã precisa ao entrar no Novo Milênio para cumprir sua missão melhor do que no passado?

Folhando alguns periódicos antigos em busca de algumas idéias, encontrei um artigo muito significativo sob o título: "O que a Igreja Cristã precisa ao entrar no Século XX", escrito pelo professor de dogmática, Dr. Franz Pieper[i]. Traduzi o artigo[ii]. Para facilitar a leitura e a compreensão, bem como para atualizar alguns aspectos, acrescentamos os títulos e pequenas notas de pé de página.


O que a Igreja Cristã necessita ao entrar no Século XX (ou seja, no Novo Milênio)? Dr. Franz A. O. Pieper, 1901

1 - Recomendações

As respostas a esta pergunta são inúmeras. Os periódicos eclesiásticos na Europa e na América estão repletos de recomendações. A maioria recomenda que a igreja precisa mudar. Ela precisa abandonar sua forma atual de fazer missão e seguir caminhos novos e melhores no século XX (no novo milênio). Só uma pequena minoria permanece recomendando que a igreja precisa dar ainda mais ênfase à doutrina cristã, mas a grande maioria é a favor do pensamento de minimizar a importância da doutrina e seguir o caminho da secularização. Estes afirmam que a igreja precisa focalizar com todas suas forças, mais do que nunca, o lado prático do cristianismo. A velha posição dogmática é um empecílho ao sucesso da igreja. A Igreja precisa concentrar-se mais nas tarefas do lado de cá do paraíso e deixar de falar das coisas do lado de lá. Isto é, ela precisa sobre tudo, ajudar a combater a pobreza e o sofrimento dos desfavorecidos, se ela quiser cumprir, melhor do que no passado, sua missão no novo século.[iii]

2 - Novos caminhos

Outros afirmam que a igreja precisa colocar-se em maior sintonia com os avanços e o desenvolvimento da ciência, se ela quiser alcançar as massas com sucesso. Pois hoje a grande maioria é esclarecida e a igreja precisa se atualizar. Outros enfatizam a necessidade de uma mudança na formação teológica, uma mudança nos currículos da educação pastoral. Requerem uma formação mais aprimorada dos pastores, especialmente nas ciências modernas, na "crítica superior" e "nas religiões comparadas". Além disto, há ainda outras tantas sugestões e novas teorias. Especialmente a ênfase à necessidade da união de todas as igrejas, uma união em amor mesmo na diversidade de doutrinas.[iv]

3 - Uma coisa é necessária

Na verdade, a igreja precisa, para seu bem estar e seu trabalho bem sucedido, uma só coisa, reter o evangelho em sua pureza. Isto é o essencial. Na luz do evangelho, a igreja saberá lidar com todas outras coisas, como a ciência o progresso, usando o corretamente. Quando nosso Senhor Jesus confiou a obra da evangelização à sua igreja, ele só lhe deu uma tarefa, não duas, nem três, nem quadro, mas uma só: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16.15 RA). O evangelho é a força da igreja até o fim do mundo e também no século XX, (no novo milênio).

4 - O evangelho puro

O Evangelho, no entanto, deve ser o evangelho genuíno, o velho como pregado desde o início e não outro. Por isso afirma o apóstolo Paulo: "Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema" (Gálatas 1.8 RA). Portanto, não o assim chamado "evangelho" de hoje, que não é outro do que a exigência de viver conforme o exemplo de Jesus. Nem evangelho do Sermão do Monte, isto é, a exigência de levar uma vida santa, como muitos o enfatizam hoje. Não, antes "o evangelho de Deus" (1 Ts 2.9), "o evangelho da graça de Deus" (At 20.24), "as boas novas" (Rm 10.15), "o evangelho eterno" (Ap 14.6), que Deus trouxe de volta das trevas pela reforma luterana, após a escuridão do papado.[v] O verdadeiro evangelho é aquele que existe e vive novamente neste mundo e é proclamado em sua pureza entre nós.  A boa nova  que consola os pecadores que foram terrificados pela santa lei de Deus. A boa nova que, separada de todas as obras ou esforços próprios, proclama solenemente que somos salvos unicamente por graça. O evangelho que anuncia que Cristo, por seu sofrer e morrer na cruz, reconciliou toda humanidade com o Pai, e que por esta graça somos declarados justificados e santos (Jo 3.16; 2 Co 5.19). Este é o evangelho que a igreja do século XX (do novo milênio) necessita, e com o qual ela pode cumprir cabalmente sua missão no mundo.[vi]

5 - Pesquisa

Não temos nenhuma necessidade nem interesse em fazer pesquisas para saber em que sentido as pessoas do século XX progrediram e estão a frente dos séculos anteriores.[vii] Isto não é essencial. Pois uma coisa permanece e é válido para todos os séculos: "Todos pecaram e carecem da glória de Deus, - também as pessoas do século vinte - sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3.23-24 RA). E, somente o Evangelho pode salvar, nada mais.

6 – Isto não é simples demais?

Talvez alguém dirá: Mas isto não é simples demais? Sim e não. O evangelho tem duas características. Ele é a coisa mais manifesta e ao mesmo tempo a mais oculta no mundo. É a coisa mais manifesta, porque Deus manifestou o evangelho. Deus enviou o seu Filho unigênito ao mundo, que veio a ser nosso irmão na carne. Deus tornou este fato claramente conhecido ao mundo por seus profetas e apóstolos e pela Escritura, a santa Bíblia, que ele mesmo nos deu. O próprio Deus cuidou para que a Bíblia se tornasse o livro mais conhecido e vendido no mundo.

7 - O evangelho, o mais oculto

Ao mesmo tempo, o evangelho é e permanece a coisa mais oculta no mundo, pois o homem natural não entende nada dele. Mesmo quando o evangelho é proclamado de forma clara e simples, para o homem natural o evangelho é "loucura e escândalo" (1Co 2.14). O homem não é capaz de percebê-lo. Por outro, é preciso dizer que o homem é um ser racional. Ele é capaz de dominar diversos campos do saber humano, também muitas coisas em relação às assim chamadas "religiões". Por exemplo, tentar conquistar o favor de Deus por dinheiro, se necessário sacrifica até milhões. Ele pode levar uma vida, exteriormente, honesta e honrada. Ele é capaz de dar sua vida e martirizar-se em favor de um ideal religioso. Mas o homem natural não pode crer em Cristo por suas próprias forças. Ele não pode apropriar-se, por sua própria razão ou forças da graça que Cristo. O homem natural pode repetir para si mesmo e dizer: "Eu creio em Cristo. Eu creio em Cristo..." e permanecer sem fé. E a fé, que ele julga professar, ser mera imaginação, palavras vazias. Por isso Lutero, firmado na Escritura, afirmou que a fé vem ao coração somente quando o Espírito Santo ilumina a pessoa, quando ele chama pelo evangelho, quando ele gera e conserva a fé na graça de Cristo. Só o Espírito Santo pode glorificar Cristo nos corações, como Jesus o prometeu: "Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar" (João 16.14 RA). De outra forma, a gloriosa mensagem do "Cristo por nós" permanece um mistério oculto. Por isso o próprio Jesus disse: "Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais a glória que vem do Deus único?" (João 5.44 RA).

8 – A pregação do evangelho

Assim como acontece com a fé no evangelho, também acontece com a pregação do evangelho. Somente aqueles que são instruídos pelo Espírito Santo podem pregá-lo; somente aquelas pessoas que se tornaram templos do Espírito Santo e nos quais o Espírito habita, podem ser seus instrumentos. O apóstolo expressa isto ao dizer de si e de todos os pregadores: "Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica" (2 Coríntios 3.5-6 RA). O ofício do Novo Testamento, o ofício do Espírito Santo, é a pregação do evangelho. Nenhum pregador é capaz disto por sua própria razão ou força. O Espírito Santo precisa dar-lhe esta habilidade e atuar no pregador.[viii]

9 – Um pastor pode ...

Um pastor pode, na verdade, por sua própria capacidade, construir templos. Ele pode introduzir em sua comunidade centenas de programas fascinantes. Ele pode, por seus dons naturais, reerguer uma comunidade financeiramente e fazê-la prosperar. Por sua capacidade, o pastor pode tornar-se "querido", "popular" e ser um "eficiente administrador". Por seu carisma e seu charme, o pastor pode atrair grande número de pessoas em torno de si. Mas ele não pode, por sua própria força, capacidade, poder natural: pregar o evangelho. Pois para uma pessoa não regenerada, o evangelho é um mistério selado por sete selos (Ap 5.1). Como poder-se-ia esperar de um pastor, que não crê no evangelho, que mantenha firme o evangelho e o proclame como o único poder que edifica a igreja?   

10 – Pregar retamente, mesmo sem confiar

É verdade que, se alguém foi educado num meio ortodoxo, pode até pregar o evangelho retamente e proclamar a palavra e as citações dos pais, digamos ensinar o Catecismo retamente. E as pessoas podem ser salvas por suas pregações e ensinos. Porque, na verdade, não é sua pregação, mas a Escritura e a palavra dos pais. Por sua pessoa, no entanto, ele não confia plenamente no Evangelho, porque não experimentou pessoalmente a força do mesmo. Em silêncio, talvez até se admira, por algumas pessoas darem tanto valor ao evangelho. Mas tão logo que as pessoas lhe dão um pouco de crédito, ele colocará o Evangelho de lado e porá outras coisas em primeiro lugar. E mesmo se continuar pregando o evangelho ele o lambuzará com suas próprias idéias, roubando a honra a Cristo. Com muita razão Lutero afirmou que "nenhum pessoa não cristã prega o evangelho retamente" (Mt 5.16ss; St. Louis, VII, 420). Pois nesta passagem, Mateus não fala de obras comuns, que cada um pode praticar em relação ao próximo, no exercício do amor, como o vemos em Mt 25.35ss, mas fala das verdadeiras obras da fé cristã, como o ensinar corretamente para promover e manter a verdadeira fé cristã, que testificam de que somos verdadeiros cristãos. Pois as outras obras não nos dão esta certeza, visto também falsos cristãos poderem enfeitar-se com tais obras bonitas e grandes. Mas ensinar e confessar retamente o evangelho não é possível sem verdadeira fé. Por esta razão o apóstolo Paulo afirma: "Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo" (1 Coríntios 12.3 RA). Nenhum falso cristão e espírito sectário pode entender o ensino do Evangelho, muito menos ensinar e confessá-lo, mesmo que tente repetir este ensino não permanecerá nisso, nem o deixará puro. Quando ele prega, nota-se que ele não o captou, antes o obscurece, roubando a honra de Cristo e buscando sua própria honra.

11 – Pregar o evangelho é simples, mas só pelo Espírito

Como acontece com a fé no Evangelho, assim acontece com a pregação do evangelho. É algo simples, revelado com toda a clareza na Escritura; mas ninguém pode crê-lo, compreendê-lo e ensiná-lo retamente, se não tiver e for guiado pelo Espírito Santo. Daí a pergunta: O que a igreja cristã necessita no século XX (no novo milênio)?

12 – A necessidade da Igreja

Lutero fez esta pergunta a si próprio, quando refletiu sobre a grande necessidade da igreja. Ele se perguntou: O que faremos? E respondeu: "Não conheço nenhuma outra necessidade, do que a oração humilde a Deus, para que nos conceda o doutor da teologia, o Espírito Santo. Porque doutores da arte, da medicina, da lei... tudo isto o Papa, os reis e as universidades podem formar; mas, tenha certeza, um Doutor das Sagradas Escrituras ninguém pode formar a não ser o Espírito Santo, como Cristo disse: "E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim" (João 6.45 RA)(Walch, Dr. Joh. Georg. Martim Luthers Sämmtliche Schriften. St. Louis, vol. 10, pag. 339, 1880.)

13 – Pregadores fiéis

Isto é válido, ainda hoje, para os nossos dias. Se quisermos fiéis pregadores do evangelho, "simples e poderosos" no século XX (no novo milênio), então não podemos estar simplesmente satisfeitos com o aprendizado correto do evangelho em nossas escolas de teologia, mas nossos pastores precisam estar engajados num diligente e continuado estudo das doutrinas ortodoxas. E além disto, todos os fiéis precisam suplicar incessante e fervorosamente a Deus para que nos conceda e preserve, por graça, fiéis ministros do evangelho.    

14 – É necessário preservar o evangelho puro

No século XX (no terceiro milênio), precisamos preservar o puro evangelho. Se o retivermos puro, todas as coisas encontrarão o seu devido lugar. A vida cristã estará em ordem, como o afirmou o apóstolo: "Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça" (Romanos 6.14 RA).[ix] Então também saberemos avaliar corretamente às "novas técnicas e metodologias sugeridas para a edificação da igrejas", (Church Grwoth, Evangelismo Explosivo, Evangelho da Prosperidade, Celebrações em lugar de culto, etc.). E saberemos rejeitar tudo o que não é a pregação do evangelho e tudo o que não serve à pregação do evangelho. Saberemos fazer uso correto e cuidadoso de todo o saber humano para usar somente aquilo que serve diretamente à pregação do evangelho. Rejeitaremos, no entanto, toda a ciência, como pseudo ciência, que se opõe e contradiz a revelação divina e o evangelho. Nesta matéria não nos deixaremos impressionar por ninguém. Sabemos que o evangelho está muito acima dos cientistas mais renomados e dos homens mais poderosos deste século, pois todos eles passarão, mas o evangelho, o mistério da sabedoria de Deus, é eterno, como o apóstolo o afirma: "Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada;   mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus pre-ordenou desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória" (1 Coríntios 2.6-8 RA).

15 – Não desanimemos...

Quando as pessoas do mundo nos rejeitarem por não entenderem o evangelho, quando nos desprezarem por causa de nossa pregação e por nossa ordem litúrgica, isto não deve nos desanimar.[x] O apóstolo afirma claramente que nosso evangelho está encoberto aos que se perdem, "nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus" (2 Coríntios 4.4 RA). Também não devemos tentar adaptar o evangelho ao gosto e espírito deste século (secularização) julgando que assim ganharemos as pessoas mais facilmente; antes nos cabe remodelar o mundo pela pregação do evangelho, como disse o apóstolo Paulo: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12.2 RA). Precisamos mostrar ao mundo duas coisas. Primeiro, que toda a pessoa, com toda sua sabedoria e fazer, devido ao pecado, está sob a condenação da lei e ruma para a eterna condenação (Ex 18.20). Em segundo lugar, que Cristo, por sua obediência à lei, seu sofrer e morrer na cruz, redimiu toda a humanidade da eterna condenação e a reconciliou com Deus (Jo 3.16; 2 Co 5.19). Esta salvação é oferecida por Deus a todos pelos meios da graça, palavra e sacramentos, para que todo o que crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Seja salva e santificada.

16 – Súplica

Queira Deus, por sua graça, conceder e preservar, para sua igreja, pregadores fiéis que digam com o apóstolo Paulo: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado" (1 Coríntios 2.2 RA). Então estaremos bem aparelhados para cumprirmos nossa missão no terceiro milênio.


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Notas de Rodapé:
[i] Dr. Franz  O.  A.  Pieper foi professor de dogmática e autor da Christliche Dogmatik em três volumes, editado pela Concórdia Publishing House, St. Louis, USA, 1924. Ele foi prof. no Seminário em St. Louis de 1878 a 1887 e presidente deste Seminário de 1887 a 1931, bem como Presidente da Lutheran Church Missouri Synod (LCMS) de 1899 a 1911.

[ii] Pieper, Franz A.  O. Dr. Vorwort (Was braucht die Kirche für das zwanzigste Jahrhundert (Prefácio: O que a Igreja precisa no Século XX). Lehre und Wehre. St. Louis, USA, 1901, vol. 47, n° 1, p. 1-5.

[iii] O quanto tudo isto se concretizou no século que está findando, está à vista. Igrejas que se empenharam pela teologia da libertação, pelo evangelho social, atualmente pelo evangelho da prosperidade, outros usando todos os recursos do marketing, técnicas da psicologia e retórica, para angariarem membros.

[iv] Globalização e ecumenismo. Dentro do espírito da globalização crescem os movimentos ecumênicos sob o lema: Deixemos de discutir doutrina, isto não leva a nada. O que importa é o amor. Esquecem que o verdadeiro amor não se coloca acima da palavra de Deus, da doutrina, mas sob a palavra, pois procede da fé cristã. Amor que coloca a palavra de lado e a desrespeita, não é verdadeiro amor. Mas os movimentos estão aí: União na diversidade em amor. O papa da Igreja Católica Romana viaja pelo mundo, pregando o amor. Afirma que todos são salvos à sua maneira. O Papa beijou o Alcorão, reconhecendo-o como um livro sagrado alternativo, etc. O documento assinado pela Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica Romana, no dia 31/10/1999 em Augsburgo, Alemanha, é uma farsa. O Dr. A.L.Barry, presidente da Lutheran Church-Missouri Synod, USA, escreveu o seguinte: "O documento foi elaborado cuidadosamente, o que tornou possível aos representantes do Papa assinarem o documento sem precisarem fazer nenhuma mudança, retratação ou correção das resoluções do Concílio de Trento (1545 a 1563), que rejeitou a doutrina da justificação por graça pela fé em Cristo e condenou os que a ensinam. Lutero disse com razão: "Nesta doutrina não podemos abrir mão, nem permitir que seja ofuscada, pois com ela a igreja permanece ou cai." Martim Chemnitz explica: " Onde o tópico da justificação é corretamente explicado e compreendido, como revelado na doutrina do evangelho, ele traz o necessário e mais abundante consolo às consciências pias e ilumina e amplia a glória do Filho de Deus, nosso Redentor e Mediador. Por outro, onde este tópico é adulterado com opiniões estranhas, a glória e os benefícios de Cristo são obscurecidos, e rouba-se às consciências aflitas o consolo necessário, que nos é dado em Cristo."  

[v] Sola scriptura, sola gratia, sola fide (Somente pela Escritura, por graça, e pela fé em Cristo). Manter esta doutrina da salvação como declaração forence, por amor a Cristo, como o afirmou o apóstolo Paulo: "Em Crito, Deus estava reconciliando consigo o mundo, não atribuindo aos homens as suas transgressões (2 Co 5.19)(justificação objetiva). "Para que todo o que crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16) (justificação subjetiva). Rejeitamos a "graça infusa" dos católicos: Deus derrama sua graça em nosso coração, para que esta nos santifique e consigamos forças para boas obras, pelas quais somos salvos. Rejeitamos também as experiências sentimentais dos evangélicos (decisões por Cristo, entrega total, renascimento, vida renovada) da linha calvinista, que baseiam suas certeza da salvação nestas experiências.

[vi] Confissões. Mais do que nunca requer-se, neste tempo de mudanças, de nossos pastores, professores, diretorias e membros o estudo das Confissões Luteranas: Catecismo Menor, Confissão de Augsburgo, Fórmula de Concórdia. Nossos pastores juram fidelidade às Confissões "in rebus et frasibus", isto é, na coisa e sua fraseologia. Isto nem sempre é bem compreendido. Pois a ordem na comunicação em nossos dias é mudar. Muitos mudam os manuais de instrução, hinos, liturgias, etc. sem profundo conhecimento de causa e abrem a porta a muitos erros. Mistura de lei e evangelho, universalismo, sentimentalismo, sincretismo, secularismo, etc. Mais do que nunca importa estudar as Confissões para retermos o evangelho em sua pureza. Para que, onde mudanças se fizerem necessárias, possam ser feitas com retidão.

[vii] Pesquisas e avaliações. Isto está, hoje, na moda. Querem saber o que o povo pensa e gosta, para adequar-se aos desejos das pessoas e explorar estas tendências. Nada contra pesquisas. Podemos fazer pesquisas também na igreja para saber quais seriam os melhores dias e horários de cultos, etc. Mas pesquisas podem ser perigosas, quando querem saber se o povo gosta do pastor, de suas pregações, dos conteúdos das mensagens, etc. O que aconteceu a Moisés e aos profetas que foram detestado pelo povo (Hb 11.38). O que aconteceu a Jesus após o seu sermão evangélico (Jo 6.60; Mt 11.18,19). Ao pastor cabe pregar a palavra "quer seja oportuno, quer não" (2 Tm 4.2). O pastor deve ser avaliado quanto a sua fidelidade à palavra de Deus e seu empenho e dedicação a esta palavra. O que vai além disto certamente não procede de Deus.

[viii] Hans-Lutz Poetzsch afirma: É preciso proclamar a mensagem salvadora, do evangelho. Por meio dela Deus chama, gera e conserva a fé. Desta perspectiva bíblica falamos da pessoa do evangelizador (ou pregador). Ele é um instrumento de Deus. Sua incumbência é proclamar o evangelho, testemunhar e convidar as pessoas a confiarem no mesmo. Quanto ao resultado de sua ação, ele não é responsável. Isto é o diferencia de forma fundamental de todos os oradores seculares. Por isso nem a retórica, nem a dialética, nem o carisma cativante, nem o tirocínio (capacidade de argumentar) são os elementos portadores da força atuante. Espera-se dos mensageiros que proclamem o evangelho retamente (1 Co 4.1). A função do pregador é a de um embaixador (2 Co 5.20). Nesta função cabe-lhe transmitir somente aquilo de que foi incumbido. Se ele, por exemplo, abreviar a mensagem ou se, no seu entender, pretende completá-la com suas opiniões (Ap 22.19), ele se torna infiel em sua incumbência e, normalmente, é deposto. Quanto ao resultado de sua mensagem, o embaixador não é responsável, mas aquele que lhe confiou a mensagem para que a proclamasse. Assim o evangelista (pastor) é embaixador em lugar de Cristo, quando proclama aquilo de que foi incumbido anunciar, mesmo que não a entenda com a razão (ou quando seus ouvintes lhe são hostis)" (Poetsch, Hans-Lutz. Grundsätze evangelistischer Verkündigung. Gross Oesingen. Verlag Lutherische Buchhandlung Heinrich Harms. 1981. p.37). 

[ix] "Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra" (At 6.4). Requer-se dos pastores, mais do que nunca, que se dediquem ao estudo da palavra de Deus e à oração. A tentação de fazer todas as coisas na Comunidade e desta forma fugir do verdadeiro trabalho, sempre foi grande e tornou-se em nossos dias ainda maior. Parafraseando um diretor que disse a respeito de seus engenheiros: "Estão de cara para o computador e de costas para o trabalho," vale a nós pastores também. A tentação de estar de cara para o computador e de costas para a palavra de Deus e a oração é grande. Sem dúvida, o computador é um valioso instrumento no trabalho, mas também grande tentação. Cada ministro precisa disciplinar-se, cuidadosamente, para permanecer dedicado ao estudo da palavra e à oração. E o fará se esta for sua convicção de que o poder está na palavra e na ação do Espírito Santo e não no correr e fazer do pastor.  

[x] Culto e liturgia. Em nosso culto só deve soar a genuína palavra de Deus, com correta divisão e aplicação de lei e evangelho, e a doutrina correta, dentro de uma moldura na qual a arte, música, hinos, ilustrações artísticas, instrumentos e aparelhos de comunicação, servem respeitosa e reverentemente à palavra de Deus. Rejeitamos o culto centralizado no antropocentrismo, sensacionalismo que coloca o homem e sua ação no centro de tudo e rouba a honra a Deus.  

(Tradução Rev. Horst Kuchenbecker - Porto Alegre, 07/12/1999)



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