No capítulo anterior, o livrinho é o conteúdo principal, que dá fundamento à igreja cristã: é a revelação de Deus. Agora, João irá conhecer duas testemunhas que anunciam o conteúdo do livrinho.
Como introdução, os vv. 1 e 2 nos remetem aos cristãos e aos não cristãos. Os cristãos são o santuário de Deus, como bem diz Paulo (1 Co 3.16,17); já os não cristãos estão de fora, ficam ao lado, não tem o privilégio de adorarem a Deus. Mas, os incrédulos terão seu tempo de glória, por quarenta e dois meses, o equivalente a três anos e meio. Muitos intérpretes relacionam este tempo ao período em que Jerusalém foi subjugada pelo rei da Síria, Antíoco Epífano IV, nos anos 168-165 a.C. Em Daniel também há uma expressão enigmática que diz: "um tempo, dois tempos e metade de um tempo" (Dn 7.25). A melhor forma de relacionarmos este tempo é com a história da igreja que sofrerá nas mãos de Satanás, é o nosso tempo, onde precisamos depender da graça de Deus, visto que Satanás e seus aliados querem nos afastar de Deus.
Neste meio tempo entram em cena as testemunhas de Deus, que anunciaram por determinado tempo a mensagem de arrependimento. Assim como os Ninivitas vestiram panos de saco após o anúncio da palavra de Deus por Jonas, demonstrando que estavam arrependidos, assim também precisam se portar aqueles que querem ser salvos. Diz Jesus: "Arrependei-vos e crede no evangelho" (Mc 1.14s)
As imagens que João tem das testemunhas não possibilitam a personalização das mesmas. As duas oliveiras e os dois candeeiros representam uma figura bíblica de Zc 4.3,11-14, onde as oliveiras fornecem o óleo para as lâmpadas do candelabro.
Temos nestas duas imagens o ministério da palavra de Deus, donde a mensagem de lei e evangelho precisa ser pregada e anunciada. O pecado tem que ser condenado e isto causa ira, inimizade, discórdia. Jr 5.11-14 nos sugere que a palavra de juízo é fogo devorador, consumindo os pecadores impenitentes, causando-lhes a morte eterna.
A autoridade dos mensageiros é vinculada com a história do AT, onde poderes especiais foram concedidos aos profetas, para anunciar a mensagem de condenação e salvação.
Mas no caminho das testemunhas, levantar-se-á a besta contra os mensageiros. A besta vem do inferno representa a força total contra a mensagem cristã, produzida por Satanás e seus aliados. É o anticristo.
Haverá uma vitória parcial do Antricristo, causando sérios prejuízos para a mensagem de Deus, inclusive a morte do próprio Cristo. Sodoma representa a prostituta, as forças moralmente corruptas; o Egito representa o poder político, que escraviza, perseguindo e matando os cristãos. Ambas as cidades representam Jerusalém, o local onde Jesus foi morto.
Novamente, durante o período de três anos e meio, quer dizer, o tempo da luta contra Satanás e seus aliados, os vencedores sobre os cristãos cantarão vitória, porque venceram aqueles que anunciam a lei e o juízo de Deus.
Percebemos claramente no mundo de hoje a vitória de Satanás e seus aliados sobre a mensagem cristã. Muitas vezes nos sentimos bem pequenos na nossa fé e vida em relação ao que está acontecendo pelo mundo afora. Será que estamos protegidos, através do conhecimento da vontade de Deus, para não cairmos na do mundo e tornar-nos um igual ao mundo? Será que um dia não iremos zombar e debochar daqueles que são cristãos com a nossa vida e com a nossa fé?
A partir do v.11 muda a história. Mesmo que a aparente derrota seja comemora pelos não-cristãos, haverá o momento que os cristãos serão exaltados, levados para juntos dos céus. A morte para este vida representa para os cristãos estar com Deus. É o momento de estarmos em espírito com Deus, até o dia do Juízo Final, quando será divulgada a sentença final sobre todos. Somente ao verem a glória de Deus e que os descrentes poderão reconhecer quem é Deus e qual era seu plano. Enquanto a graça perdurara, os descrentes não creram, mas virá o dia em todos estarão sujeitos à glória de Deus, que será de condenação para os que não creram e de salvação para aqueles que creram.
Ap 11.15-19 - O canto de vitória no céu
Diz o professor Rottmann: "Esse canto nos mostra o que significa o julgamento dos ímpios para Deus, para Cristo e para os que a Cristo pertencem e que agora se tornaram santos e salvos no céu" (p. 214).
João agora vê um grande coral entoando glórias a Deus pela sua obra salvadora. O coral é formado por vozes não identificadas. Os anciãos, os representantes do ministério de Deus, anunciam a razão do cântico: a graça e o amor de Deus pelos seus eleitos. Mas este amor causa ira e morte eterna aos descrentes, que terão seu julgamento no momento e certo e serão condenados eternamente.
A arca da aliança, que foi destruída na destruição do Templo de Salomão em 586 a. C., demonstra a fidelidade de Deus para com aqueles que ficaram também fiéis à aliança de Deus. Relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada acompanham a manifestação da glória dos céus.
(Rev. Clóvis Prunzel)
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