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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

2 Rs 2.1-12 - Sermão

Introdução
Estamos no último Domingo após Epifania. O evangelho nos relata sobre a transfiguração de Jesus, que é a maior e a mais gloriosa manifestação de Jesus como Filho de Deus. A leitura do Antigo Testamento nos descreve como o profeta Elias foi recolhido por Deus ao céu, sem provar a morte. Ambas as leituras testemunham da gloriosa esperança cristã, da vida eterna. A epístola o chama de "tal esperança... que já se reflete em nossa vida, isto é, em nosso comportamento e maneira de encara a vida e a morte.
Enquanto o mundo, nestes dias busca a glória carnal, o desenfreamento grosseiro das paixões carnais, nós cristãos queremos contemplar a glória por vir a ser revelado nos filhos de Deus (1 Jo 3.2). Isto para fortalecimento de nossa fé e vida santificada. Que Deus nos conceda ricamente medida do seu Espírito para tal.

1. O profeta Elias. (850-875 a.C.) O profeta atuou 20 anos em Israel durante o reinado do incrédulo e perverso rei Acabe. Elias pregou contra a idolatria e a corrupção moral do povo, chamando-o povo de volta a Deus. Mas em vão. Elias foi um profeta corajoso, que lutou e sofreu muito. Ele fundou várias escolas de profetas. Até que certo dia Deus lhe avisou que sua missão estava concluída. Seu sucessor seria seu discípulo Eliseu. E ele, Elias, seria em breve recolhido ao descanso eterno.
Certo dia, quando foram de Gilgal para Betel, - provavelmente para uma despedida das escolas de profetas - Elias disse a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Betel. Respondeu Eliseu: Tão certo como vive o Senhor e vive a tua alma não te deixarei. E assim ambos desceram a Betel. (v.2) Chegados a Betel, os discípulos dos profetas disseram a Eliseu: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor, elevando-o por sobre a tua cabeça? Respondeu ele: Também eu o sei; calai-vos. (v.3) Novamente Elias disse a Eliseu: Fica aqui, pois o Senhor me enviou para Jericó. E Eliseu respondeu como antes. Irei contigo. Chegados a Jericó, os discípulos dos profetas ali disseram a Eliseu: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor elevando-o por sobre a tua cabeça. Respondeu ele: Também eu o sei; calai-vos. (v.5) E Elias disse a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor Deus me enviou ao Jordão. Mas ele disse: Tão certo como vive o Senhor e vive a tua alma, não te deixarei. E assim ambos foram juntos. Foram cinqüenta homens dos discípulos dos profetas, e pararam a certa distância deles; eles ambos pararam junto ao Jordão. Então Elias tomou o seu manto, enrolou-o, e feriu as águas, as quais se dividiram para as duas bantas; e passaram ambos em seco. (v.7,8) Isto era, praticamente, o mesmo lugar onde Josué passou o rio Jordão em seco, quando entraram na terra prometida.
Tendo passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. (v.9) E Eliseu disse: Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito. (v.9) Ao que Elias respondeu:Dura coisa pediste. Todavia se me vieres quando for tomado de ti, assim se te fará. Porém, se não me vires, não se fará. (v.10)
A resposta de Elias a Eliseu é interessante. Por que ele diz: Dura coisa pediste. Foi por ciúme? Não! O que Eliseu realmente estava pedindo? Dobrada porção do espírito. Ora, isto só seria concedido no Novo Testamento, após Jesus ter morrido e ressuscitado, então receberiam a "plenitude do Espírito". Jo 16.13) Jesus disse: Muitos reis e profetas desejaram ver o que vedes e não viram. (Lc 10.24) Por isso Elias considerou o pedido grandioso e respondeu: Isto eu não posso decidir, só Deus. Portanto, se Deus permitir que me veja subindo, então ele o concederá.
Estando assim caminhando e conversando, eis que de repente um redemoinho tomou a Elias do lado de Eliseu, o qual pasmado exclamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros. (v.12) Assim Elias foi levado ao céu de corpo e alma, sem ver a morte. Os discípulos dos profetas, provavelmente o viram de longe.
Eliseu viu o manto de Elias caído ao chão. Juntou o mesmo e dirigiu-se para o rio Jordão. Chegado lá, o enrolou, feriu as águas com ele e exclamou: Onde está o Deus de Elias? (v.14) Isto não foi uma dúvida, mas uma oração. As águas se abriram e ele passou em seco. Deus lhe deu um sinal claro, também para os discípulos dos profetas, de que Eliseu foi instituído como sucessor de Elias. E para Eliseu um claro sinal de que Deus atendera o seu pedido em dar-lhe porção dobrada do Espírito.
Elias fora recolhido à glória celestial sem ver a morte, assim como Enoque. Moisés, na mesma região, no monte Moabe (Dt 34.5-7) morreu, mas Deus o ressuscitou e o levou também de corpo e alma ao céu.
Quase mil anos depois, vemos os dois, Moisés e Elias conversando com Jesus no monte da transfiguração. Falaram com Jesus, provavelmente, sobre a difícil missão que Jesus tinha pela frente, o sofrimento e a morte de cruz. Deus testemunhou, naquela oportunidade, aos apóstolos: Pedro, João e Tiago e disse: Este é meu Filho amado em quem me comprazo. (Mt 17.5; Mc 9.7)
Não que Deus tivesse prazer em ver seu Filho sofrer. Mas sua santidade e justiça exigiam cumprimento da lei e punição ao pecador. Seu amor, no entanto, buscou uma saída, sem ferir sua santidade nem sua justiça. Esta saída encontrou em seu unigênito Filho, Jesus Cristo, que disse ao Pai que iria redimir a humanidade. Por isso Jesus pôde declarar: Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16) E o apóstolo Paulo afirma: Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. (2 Co 5.19). Que sublime amor. E por amor a Jesus, Deus não atribui mais os pecados àqueles que arrependidos confiam na graça de Cristo, aos quais aceita como seus filhos e os faz herdeiros da vida eterna.
Como filhos de Deus pela fé na graça de Cristo, tendo tal esperança - pedimos que Deus nos conceda rica medida do seu Espírito, para podermos testemunhar ousadamente de Cristo, como o afirma o apóstolo Paulo: Portanto, todos nós, com o rosto descoberto, refletimos a glória que vem do Senhor. Essa glória vai ficando cada vez mais brilhante e vai-nos tornando cada vez mais parecidos com o Senhor, que é o Espírito (2 Co 3.18 NTLH)
Nestes termos também nós, como Eliseu, pedimos dobrada porção do Espírito de Deus, como o cantamos no culto: Cria em mim, ó Deus, um puro coração e renova em mim espírito reto. Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna dar-me alegria da tua salvação e sustém-me com um voluntário espírito. (Sl 51.10) Amém

(Horst R. Kuchenbecker - São Leopoldo, 16/02/2009.)

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