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sexta-feira, 4 de julho de 2008

Mt 13.1-9 - Os Diferentes tipos de Cristãos

Mateus 13.1-9: "Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à
beira-mar; e grandes multidões se reuniram perto dele, de modo que entrou
num barco e se assentou. E toda a multidão estava em pé na praia. E de
muitas coisas lhes falou por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a
semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves,
a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo
nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e,
porque não tinha raiz, secou-se. Outra caiu entre os espinhos, e os
espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu
fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um. Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça".

Certo pastor estava muito descontente com a sua congregação. A freqüência
aos cultos era péssima. As salas de reuniões dos departamentos permaneciam
vazias. As ofertas estavam desesperadamente atrasadas. Enfim, parecia que
ninguém queria nada com nada.

Assim não seria possível continuar. A situação teria que ser alterada. E o
pastor então revolveu fazer algo inédito: anunciou o enterro de sua
congregação. Marcou a data. Divulgou-a por todos os meios possíveis.
Desnecessário será dizer que a reação dos paroquianos foi violenta.
Seguiram-se comentários, murmúrios, críticas, calúnias e muita expectativa.

No domingo previsto para o enterro, a igreja ficou apinhada de gente.
Todos, curiosos, viram um enorme caixão preto entre o altar e a nave.
Estava fechada. Ardiam algumas velas ao redor. Quem seria o morto?

O culto iniciou normalmente: hinos, leitura bíblica e oração. Na hora do
sermão, porém, antes de subir ao púlpito, o pastor aproximou-se do caixão,
abriu o tampão e convidou a congregação para contemplar o morto. Mas teve o
cuidado de pedir o máximo de respeito ao ambiente. Ninguém deveria fazer
comentários. Todos deveriam retornar aos seus lugares em silêncio. Dentro
em breve seria proferido o sermão.

Banco por banco, todos foram ver o morto. E qual não foi a surpresa ao
olharem para dentro do caixão. No fundo do caixão havia um enorme espelho.
Cada um que olhava o morto estava vendo o seu próprio rosto.

Seguiu-se o sermão. Como não podia deixar de ser, o pastor pregou sobre
Efésios 5.14, onde diz: "Desperta, o tu que dormes, levanta-te de entre os
mortos, e Cristo te iluminará".

A lição valeu. A congregação se despertou. E houve nova vida na igreja.

Esta história nos mostra que a igreja é aquilo que os seus membros são. Se
os seus membros são ativos, então ela será uma igreja viva. Mas se os seus
membros forem relaxados, então ela será uma igreja morta.

Em Apocalipse, capítulo 2, a Bíblia nos fala de vários tipos de cristãos
que compõem a igreja, aos quais vamos procurar examinar na nossa mensagem
de hoje. Por uma questão de economia, vamos agrupar estes tipos de cristãos
em apenas três.

Primeiro: existem os cristãos consagrados. Cristãos consagrados são aqueles
que participam regularmente dos cultos, que vão à Santa Ceia e se esforçam
na manutenção da igreja. Não vivem em pecado, mas procuram em tudo dar
testemunho de sua fé.

Estes cristãos não são cristãos por causa do pastor e nem deixam de ser
cristãos por causa do pastor. Estão na igreja por amor a Cristo e tem o
pastor como um representante de Deus. Para estas pessoas não importa quem é
o pastor, elas querem ouvir dele a Palavra de Deus. Por isso, em qualquer
lugar em que estiverem, independentemente quem for o pastor, elas estão
sempre firmes na igreja.

A estes cristãos a Bíblia chama de: figueira frutífera, árvore plantada
junto às águas, solo produtivo, sal da terra e luz do mundo. Cristãos
assim, como estes, Deus quer na sua igreja. Pois são estes que sustentam a
igreja e fazem a igreja crescer.

O segundo tipo de cristãos que existem na igreja são os cristãos relaxados.
Cristãos relaxados são aqueles que não participam dos cultos, não lêem a
Bíblia, não ofertam e nem se esforçam pelo trabalho da igreja.

Para estes tanto faz se a igreja está crescendo ou se está acabando. Se a
igreja vai bem, costumam às vezes falar bem dela. Se ela não vai bem, então
começam logo a criticá-la.

São como os torcedores numa arquibancada. Quando o time ganha, vibram,
torcem e aplaudem. Mas quando o time perde, então começam logo a vaiar e a
criticar.

São como o povo de Jerusalém. Quando eles viram Jesus entrando em Jerusalém
como um rei, eles o aplaudem, lançando ramos de árvores na frente. Mas
quando vêem Jesus sendo preso e julgado, gritam: "Crucifica-o,
crucifica-o!".

Nós, na igreja, costumamos chamar estes cristãos de relaxados, relapsos e
fracos na fé. Mas a Bíblia usa outras palavras para descrever este tipo de
cristãos.

A Bíblia às vezes chama estes cristãos de figueira estéril, de árvore
infrutífera, a qual Deus ameaça cortar pela raiz, pois não produzem nada de
útil para o reino de Deus. Diz Jesus no Evangelho de Mateus, capítulo 3:
"Toda a árvore que não produz frutos, será cortada e lançada no fogo".

Outras vezes a Bíblia chama este tipo de cristãos de mornos, isto é,
pessoas que causam nojo a Deus, as quais ele tem vontade de vomitar de sua
boca. Diz ele em Apocalipse, capítulo 3: "Assim, porque não és quente e nem
frio, mas morno, estou a ponto de vomitar-te da minha boca".

Outras vezes ainda Deus chama este tipo de cristãos de virgens néscias, que
não procuram abastecer a sua fé na Palavra de Deus. Estes, na hora da
provação, se desviam da fé.

Este tipo de cristãos costuma dar muito trabalho para a igreja, pois são
como bebezinhos que não sabem que precisam de se alimentar para viver, e
constantemente vivem aprontando, cometendo escândalos. Eles só vêm à igreja
se o pastor ficar insistindo, do contrário ficam em casa assistindo
televisão.

Há ainda um terceiro tipo de cristãos, que são os falsos cristãos. Estes
cristãos na verdade não são cristãos, porque o seu cristianismo é falso,
assim como uma nota de quinze reais é falsa. Eles estão na igreja não
porque têm algum interesse por ela, mas sim porque acham bonito ter uma
igreja.

São como Nicodemos, que era membro do Sinédrio, mas não era convertido. São
como os escribas e fariseus, os quais Jesus chamou de cobras venenosas,
sepulcros caiados e hipócritas.

São como Judas, que seguem a Jesus, mas na vida diária o ficam traindo com
a sua atitude.

São como o rei Herodes, que dizia querer ver a Jesus para adorá-lo, mas a
sua verdadeira intenção era matá-lo.

São como Caim, que vêm para adorar a Deus, mas saem com o seu semblante
caído, pois os seus corações estão cheios de maldade, de ódio e de inveja.

Lutero chama este tipo de cristãos de sujeira que gruda na roda do carro.
Estão grudados na roda do carro, mas não fazem parte do carro. Como o
barro, só atrapalha o carro andar.

A Bíblia chama este tipo de cristãos de joio no meio do trigo. Se parece
com o trigo, mas não é trigo. Eles vão estar misturados com os verdadeiros
cristãos até o fim do mundo, quando Cristo os separará dos outros, assim
como se separa os bodes dos cabritos.

Este tipo de cristãos estão em toda parte. Às vezes também em algumas
congregações da nossa igreja.

E agora a pergunta: Que tipo de cristão é você: um cristão consagrado, um
cristão relaxado ou um joio no meio do trigo?

O que determina o tipo de cristão que somos é o nosso coração. Jesus diz
que há quatro tipos de coração: o coração boa terra, o coração caminho, o
coração espinho e o coração de pedra.

O coração boa terra é o coração preparado para receber a Palavra de Deus. É
só lançar a semente, que a planta brota com toda a força. Esse coração
representa as pessoas que vão ao culto dispostos a ouvir a Palavra de Deus
e sempre saem alegres e felizes, porque lá encontraram edificação
espiritual.

O coração espinho é o coração que se preocupa excessivamente com os
deleites da vida, como comer, beber e vestir. A fome e a ganância pelas
riquezas são espinhos que martirizam a consciência e matam a alma.

Quantas pessoas já não se enveredaram pelo caminho da riqueza e perderam a
fé. O apóstolo Paulo, por exemplo, reclama com o jovem pastor Timóteo
afirmando que "Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e foi
para Tessalônica" (2 Timóteo 4.10). Por isso a Bíblia nos adverte dizendo
que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (1 Timóteo 6.10).

O coração caminho é o coração agitado, que não consegue prestar atenção à
Palavra de Deus. Mal a semente começa a brotar, e o diabo, como um
passarinho, já a arranca. E a pessoa fica sem a fé.

Os que têm o coração de pedra são os que têm o coração duro. A palavra de
Deus não consegue penetrar nele, por melhor que seja o pregador.

Coração assim tinha os escribas e fariseus nos tempos de Cristo, os quais
Estevão chama de dura cerviz, pois resistem obstinadamente o Espírito
Santo.

Diante disso, volto a lhe perguntar: Que tipo de solo é o seu coração? Como
é que você recebe a Palavra de Deus?

Lembre-se: a Palavra de Deus é a mesma para todos. O que impede que ela
frutifique é o nosso coração pecaminoso, endurecido e inconstante.

Espero que o seu coração seja como uma boa terra, que recebe bem a Palavra
de Deus e produza os seus devidos frutos. Que assim seja. Em nome de Jesus.
Amém.

Rev. Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Mt 13.1-9 e 18-23 - Vamos semear a Palavra de Deus!

Queridos irmãos e irmãs no Salvador Jesus.
"Certo homem saiu para semear". No tempo de Jesus não havia semeadoras
mecânicas como hoje, que plantam econômica e eficientemente as sementes no
solo com pouca chance de serem levadas pelo vento ou espalhadas em outros
lugares. Hoje a semente vai exatamente onde o agricultor quer plantá-la.
Semear naquele tempo era andar pela lavoura, de ponta a ponta, jogando
sementes sempre no mesmo ritmo e jeito. Algumas sementes seriam levadas
pelo vento, e como as sementes eram levadas nas mãos, algumas simplesmente
cairiam em lugares que não eram a boa terra recém preparada pelo
agricultor. O jeito do agricultor semear suas sementes na parábola que
Jesus conta leva a um grande desperdício. Algumas sementes caem ao longo do
caminho, algumas sobre o solo cheio de pedras e algumas entre os espinhos.
Que desperdício!
Hoje em dia nós estamos cada vez mais conscientes da necessidade de
economizar e reciclar. Somos incentivados a separar lixo seco e molhado,
garrafas, vidro, latas e papel para serem reciclados. Somos lembrados a não
desperdiçar os recursos não renováveis como água, energia elétrica,
combustível e etc. Nossa sociedade brasileira está sendo ensinada a
preservar, economizar e reciclar o máximo possível. Quem tem filhos, por
exemplo, tem que se acostumar estar sempre apagando luzes, fechando
torneiras e controlando o uso da TV para economizar energia.
Quando olhamos para a Bíblia, vemos vários exemplos que nos parecem
desperdícios. A mulher que derramou um perfume caríssimo sobre a cabeça de
Jesus, que os próprios discípulos acharam um desperdício e preferiam que
fosse vendido e dado o dinheiro aos pobres; o samaritano que gastou seu
tempo e dinheiro, e arriscou sua vida para ajudar o homem caído na estrada;
o pastor que arriscou o bem-estar de 99 ovelhas para buscar uma que se
perdeu, até encontrá-la.
Podemos imaginar quantas pessoas realmente viram e ouviram Jesus
pregando e contando parábolas como essa do semeador, e ainda quantas dessas
creram nele e o seguiram. Podemos dizer que uma boa parte das palavras e
esforços de Jesus foram "desperdiçados", à toa. Muito do que ele disse caiu
em ouvidos mortos, surdos. Muitos dos seus milagres foram oferecidos a
corações incrédulos. E apesar de todo o seu amor, suas palavras e seus
atos, a grande maioria pediu sua morte, gritando: "crucifiquem-no!" E o que
poderia ser maior desperdício que a morte de homem gentil, caridoso,
amoroso e, acima de tudo, inocente como Jesus? Ele entregou sua vida por
gente como essa! Que desperdício!
E aí temos essa parábola de Jesus hoje. Muito se pode dizer do
desperdício que há nela – algumas sementes caíram no caminho onde os
pássaros as comeram; algumas caíram sobre as rochas, onde germinaram mas
por causa das raízes fracas logo morreram queimadas pelo calor do sol;
algumas caíram entre espinhos, onde as plantinhas foram sufocadas. Que
desperdício de boa semente!
Jesus era muito realista. Ele sabia que haveria muito desperdício
quando viesse o evangelho e a vida cristã. Das milhares de palavras que são
lidas e faladas em um culto, quantas são ouvidas, levadas em consideração e
aplicadas à nossa relação com Cristo e à nossa vida na igreja? Nós estamos
distraídos, nossas mentes estão presas a tantos problemas e preocupações. O
que Deus tem a nos dizer é tão grande e nossa mente é tão pequena! Alguém
tem idéia de quantas palavras são desperdiçadas e ditas à toa aqui em
nossos cultos e estudos bíblicos? Deus fala, mas nós não ouvimos. Que
desperdício!
Mas este não é o final da história. A palavra do semeador não fala só
de desperdício, de sementes improdutivas, mas também de uma maravilhosa
colheita. Jesus tira a sua história exatamente do dia a dia de um
agricultor da Palestina de dois mil anos atrás. Sem exageros, aqui existe
um milagre. O agricultor semeia e uma grande parte das sementes é perdida,
mas algumas das sementes caem em terra boa e, fantástico, criam raiz,
crescem e produzem colheitas de 30, 60 e 100 por um!
O que aconteceria se o agricultor decidisse não semear por saber que
muitas das suas sementes seriam desperdiçadas? E se ele decidisse não
plantar por imaginar que haveria uma tormenta, granizo ou uma forte geada
naquele ano? O agricultor é um arrisca-tudo. Mas, ele tem expectativas
razoáveis de que a natureza está do seu lado. O semeador trabalha de acordo
com a sua esperança de fazer uma boa colheita. Ele não faz as sementes
germinarem, não é responsável pela sua fotossíntese, não carrega as espigas
de grãos. Mas ele semeia com a expectativa de que vai haver uma colheita,
uma compensadora colheita.
A parábola termina em alegria, na celebração de uma grande colheita. Há
desperdício sim, há esforço e sementes desperdiçadas, há decepção. A
semeadura não foi eficiente, mas a história termina com um grande sucesso e
uma memorável colheita.
Muitas vezes o desperdício nos dá uma desculpa para não fazer nada. Por
que entregar folhetos bíblicos às pessoas, se vai haver um grande
desperdício? Por que dedicar tempo, leitura, pesquisa, meditação e esforço
para escrever um sermão quando somente uma pequena parte dele será
realmente ouvida e guardada no coração, ou quando somente 30 ou 40% dos
membros da igreja vão vir ao culto para ouvi-lo? Para que ajudar aqueles
que vêm à igreja pedindo comida ou roupa, se isso não traz nenhum resultado
para nós? Por que continuar tentando falar de Jesus para meus parentes e
amigos, quando isso parece um desperdício de tempo e esforço, que não leva
a nada?
O desperdício em tudo isso, os poucos resultados podem nos dar uma boa
razão para ficar de braços cruzados. Mas Jesus não nos deixa neste ponto.
Ele promete uma colheita. Nosso trabalho, a sua Palavra e o testemunho da
igreja não são em vão. Há desperdício, há falhas, mas há também a promessa
de uma grande colheita. Tudo o que Deus nos pede é que nós continuemos a
pregar a Palavra de Deus sempre e em toda parte onde ela possa criar raízes
nos corações e vidas das pessoas.
Seguir a Cristo e semear a semente da sua Palavra é como plantar um
jardim. Nós colocamos as sementes no solo com a convicção de que há uma
força para crescer dentro delas que nós mesmos não podemos criar de modo
algum. Nós podemos plantá-las muito fundo ou muito raso. A falta de chuva
pode fazer o chão ficar duro, as pedras podem impedir algumas sementes de
criar raízes, as ervas daninhas podem sufocar algumas, mas um dia um
pequeno raminho verde rompe a terra escura e aparece, e nosso coração pula
de alegria!
Cristo chama cada um de nós como seus discípulos para simplesmente
semear as sementes, e fazer isso com amor e satisfação pela graça que temos
recebido dele. Ele nos chama como seus discípulos para pregar a Palavra que
fala do amor de Deus, para servir nosso próximo em necessidade, para
trabalhar com paciência, para fazer nosso melhor para ajudar os
necessitados, para fazer o que nós pudermos com as habilidades e dons que
nos foram dadas. E quando tivermos feito nossa parte, ele promete que nosso
trabalho nunca será em vão. Haverá resultados!
Algumas sementes cairão em boa terra e produzirão frutos. Nós não temos
que nos preocupar com o tamanho da colheita, ou quanto ela vai demorar para
crescer, ou mesmo se nós vamos viver para vê-la. Podemos deixar os
resultados para Deus.
Existe, é verdade, muito desperdício, frustração e falhas no reino de
Deus. É verdade que nós ficamos desanimados porque não vemos os resultados
da Palavra de Deus na obra imediatamente nas vidas das pessoas. Temos que
admitir que não nos firmamos mais em Deus e no seu amor semeando as suas
sementes e deixando os resultados com ele. Mas pela persistente graça de
Deus há uma colheita. Nós agradecemos a Deus que a sua Palavra nos declara
a alegre notícia do perdão em Jesus Cristo para nossas falhas em ser
semeadores da Palavra de Deus, para o monte de desculpas que damos por não
cumprirmos nosso chamado de discípulos.
Que Deus possa nos dar a sabedoria para responder ao chamado de Jesus
para ser semeadores fiéis e dividir com outros a Palavra de Deus que diz
que tanto nós como eles podem estar lá no dia em que Jesus fizer a sua
colheita para a vida eterna. Amém.

Rev. Lendro Daniel Hübner, 13.07.2002, adaptada

Mt 13.1-9, 18-23 - Que Deus nos faça terra frutífera

Estimados irmãos e irmãs em Cristo.
Sem dúvida muitos de vocês trabalham ou já trabalharam com sementes.
Mesmo quem não teve esse ofício, sabe o que é necessário para que elas
brotem e produzam muito fruto. Os que semeiam fumo, trigo ou milho, por
exemplo, procuram uma terra boa, colocam adubo e esperam por boas condições
de tempo. Porém, se a semente não for de boa qualidade, não produzirá bem,
mesmo com as melhores condições de tempo e muito trabalho e dedicação do
agricultor.
No evangelho de hoje Jesus também nos fala de sementes, de solos e de
semear. A diferença é que é fala de uma semente que sempre é de boa
qualidade, pois é a Palavra de Deus, o Evangelho. Mas, por que então às
vezes esta semente, na parábola, não produz os frutos esperados?
O problema é que a semente – o evangelho – nem sempre cai em boa terra.
Às vezes cai no caminho, e as aves a comem, como Jesus explica: LER v. 19.
Às vezes cai no meio das pedras, onde há pouca terra. Ali ela brota, mas o
sol a queima, porque não tem raíz. Jesus explica o que isto significa nos
versículos 20-21: LER.
Às vezes também a semente cai entre os espinhos, e estes crescem e
sufocam a planta, como explica Jesus: LER v. 22. Uma parte das sementes, no
entanto, cai em boa terra e produz muito fruto, como diz Jesus no v. 23:
LER.
Assim, a semente do Evagelho, quando é semeada com fidelidade e
generosidade, sempre brota. Se não produzir frutos sempre, é por culpa dos
solos que não são bons, como ensina Jesus.
Por isso, meus irmãos, nosso pedido a Deus deve sempre ser este: Que
Deus nos faça ser terra frutífera!
Primeiro, uma terra que compreende e aceita a Palavra de Deus, o
Evangelho. Quer dizer, alguém que ouve e lê a Palavra com atenção, tenta
entender sua mensagem e significado e aceita com fé o que ela lhe diz, como
a verdade e o poder de Deus para sua vida. Para isso, deve-se aproveitar as
oportunidades onde a Palavra de Deus é semeada, isto é, quando ela é
pregada e ensinada a nós nos cultos, estudos bíblicos, encontros, grupos,
congressos e também nas devoções familiares.
Que Deus nos faça ser terra frutífera! Segundo, uma terra que fielmente
aprofunda seu sentido para sua vida. Quer dizer, que não apenas recebe a
Palavra com alegria, mas a deixa criar raízes em sua vida, para que o sol
da aflição e perseguição não a queime.
Para isso, deve-se ser fiel no estudo pessoal da Bíblia, lendo e
estudando a Palavra com auxílio de bons materiais cristãos, que nos ajudam
a compreender e aprofundar o seu sentido para nossa vida. Esses materiais
podem ser, por exemplo, o Mensageiro Luterano, o Catecismo Menor de Lutero,
os devocionários Castelo Forte e Cinco Minutos com Jesus e outros auxílios
que podemos procurar com o pastor e com a Editora de nossa igreja. Também é
necessário para ser terra frutífera a participação fiel na Santa Ceia, que
é o Evangelho encarnado.
Que Deus nos faça ser terra frutífera! Terceiro, uma terra que aceita
as responsabilidades e renúncias do reino de Deus. Ou seja, saber que o
trabalho no reino de Deus inclui voluntariedade, humildade, renúncia e
sacrifícios, para que as preocupaçõs deste mundo e a ilusão das riquezas
não sufoquem a palavra em nós semeada.
Nós só podemos aceitar nossas responsabilidades e renúncias porque
Cristo está com a gente e porque Deus promete que Sua Palavra vai prosperar
e produzir o que Ele deseja, como lemos em Is 55.10-11: A chuva e a neve
caem do céu e não voltam até que tenham regado a terra, fazendo as plantas
brotarem, crescerem e produzirem sementes para serem plantadas e darem
alimento para as pessoas. Assim também a ordem que eu dou não volta sem ter
feito o que eu quero; ela cumpre tudo o que eu mando.
Então, que Deus nos faça ser terra frutífera, pois a Sua Palavra também
é pregada como sinal do juízo de Deus sobre aqueles que não a aceitam e,
assim, rejeitam o Salvador Jesus.
A Palavra de Deus nunca volta vazia, mas salva os que a aceitam, como a
boa terra da parábola, ou condena aqueles que a aceitam apenas
superficialmente ou não a aceitam. Estes na verdade condenam a si mesmos,
porque a sente sempre é boa.
Vamos então pedir que Deus nos faça ser terra frutífera e que sejamos
também semeadores de Sua Palavra nas terras, isto é, nas pessoas que ele
coloca perto de nós.
Que Deus nos faça ser terra frutífera, que dá fruto na base de cem, de
sessenta e de trinta grãos por um. Assim Deus nos dará o fruto da salvação
– a vida eterna semeada e colhida por Cristo com sua morte e ressurreição
por nós!
O semeador, que é Jesus Cristo, continua semeando. Peçamos que Deus nos
faça ser terra frutífera, hoje e sempre! Amém.

Rev. Leandro Daniel Hübner, 06.07.2008

LUTERO E A EDUCAÇÃO - Recensão

Recensão
LUTERO, Martinho. Educação e Reforma. São Leopoldo: Concórdia & Sinodal,
2000.

No tocante a esse livro, pode-se presumir que ao ser escrito o autor,
(Martinho Lutero), teve a preocupação de ajudar a Alemanha, que estava em
uma situação difícil em relação a educação. Mas podemos tirar proveito
desse livro para os dias de hoje, assim tornando esse livro bem atual.
Um ponto positivo do livro foi a parte em que Lutero frisou em que o
abandono das escolas é feito pela tentação do diabo e que nós devemos
combater o ataque silencioso do diabo, formando e auxiliando as escolas.
Outro relato importante do autor foi dizer que a educação é uma base
de uma cidade bem administrada (citando o exemplo de Roma) e que a
responsabilidade de educar as crianças é dos pais e do governo, dando aos
jovens um ensino de qualidade com leitura de bons livros, sem deixar de
fora as línguas, principalmente para os que almejam o ministério.
Na Segunda parte do livro, onde Lutero diz que lugar de criança é na
escola e incentiva os pais a fazerem isto, Lutero traz também sobre os
pastores o desafio de eles se responsabilizarem pelo estudo das crianças,
isso é bom, pois assim terá sempre uma renovação dos pastores e o
ministério não se acabará.
O autor incentiva os pais a mandarem seus filhos para o ministério,
dando muitos elogios aos pastores. No meu modo de ver, por esta parte, esse
livro deve ser lido pêlos alunos de Teologia, que serão animados a exercer
o ministério. Também deve ser lido pêlos pais dos alunos de Teologia, que
verão que fizeram a coisa certa ao consentir que seu filho saísse de casa
para estudar no seminário e se tornar um pastor. E que os pais se alegrem
pela obra maravilhosa que seu filho faz para Deus.
O único ponto que nos deixa em dúvida quanto ao pensamento de Lutero
é no último parágrafo da página cento e dezoito, onde Lutero cita o
purgatório, sendo ele não tão claro, para nós sabermos se ele acredita ou
não no purgatório.
Muito importante foi a minibiografia no final do livro, pois ela é
de suma importância para o leitor que não conhece o autor, assim o leitor
pode ficar mais por dentro de quem é Lutero e o que ele fez.
Em suma, esse livro é de um conteúdo muito importante e que a leitura
desse livro, por qualquer um, acarretará em um respeito maior à educação e
à classe dos escritores.
Damos Graças a Deus por ter dado inteligência e capacidade a Martinho
Lutero para escrever esse livro, porque o livro é de grande importância
para nós futuros pastores, orientadores ou líderes da igreja.

Rev. Igor Marcelo Schreiber

Mt 13.1-9 e 18-23 - Comentários

O SEMEADOR SAIU A SEMEAR


Aqui temos um quadro (imagem) que qualquer pessoa da Palestina era
capaz de compreender. Aqui vemos Jesus empregando o momento (aqui e agora)
para chegar ao além e porvir. É bem provável que Jesus tenha empregado a
canoa como púlpito e que em algum dos campos vizinhos havia um semeador
semeando e neste mesmo momento Jesus tomou como texto a este semeador, que
todos podiam ver, e começou: "Olhem aquele semeador que está semeando suas
sementes no campo!" Jesus partiu de algo que podiam ver naquele momento
para abrir suas mentes a uma verdade que ainda não haviam percebido.
Na Palestina havia duas maneiras de semear. Podia-se se semear
lançando as sementes em volta, enquanto o semeador ia caminhando de uma
extremidade a outra do lavrado. É claro que se no momento havia vento,
parte da semente voaria a toda classe de terrenos e às vezes cairia fora do
campo preparado pelo semeador. O segundo método era mais cômodo, mas
raramente usado. Neste, uma bolsa de sementes era colocada sobre um burro
(mula), numa ponta de baixo era feito um pequeno furo na bolsa e logo se
fazia o burro caminhar de uma extremidade a outra do terreno enquanto caiam
as sementes. Neste caso parte das sementes caia enquanto o animal cruzada o
trilho (caminho) e deste modo não chegavam ao campo.
Na Palestina os campos eram divididos em faixas uma larga e estreita.
A terra entre uma faixa e outra podia ser usada para transitar livremente.
Era usada como caminho e por isso estava dura como cimento pelo constante
uso que lhe davam os transeuntes. A isto Jesus referiu-se quando mencionou
o caminho. Se alguma semente caia ali, e sem dúvida caiam, não importando o
método usado para semear, pois a semente não tinha oportunidade de penetrar
na terra se havia caído sobre a estrada.
O "terreno pedregoso" não eram terrenos que estavam cobertos de
pedras. Tratava-Se de algo que é muito comum na Palestina, uma fina capa de
terra sobre uma base de rocha calcária. Só havia pouca terra antes de
chegar à rocha. Sem dúvida, a semente germinaria nesta terra; e o faria com
rapidez, porque este terreno aquecia-se rapidamente com o sol. Mas a terra
não era profunda e quando enviara suas raízes para baixo em busca de
alimento e umidade, não encontraria mais do que rocha e morreria de fome,
uma vez que seria incapaz de tolerar o calor do sol.
O solo espinhoso era enganoso. Quando o semeador espalhava a semente,
o solo parecia estar bem limpo. É fácil fazer que um jardim pareça limpo,
tombando a terra; mas quando as sementes de inço e ervas e tudo o que não
devia nascer ali, se preparam para sair. Todos os jardineiros sabem que as
ervas daninhas crescem a um ritmo e com um vigor que poucas plantas
conseguem igualar. A questão é que as sementes que estavam ali em estado
dormente e as sementes lançadas pelo semeador crescem juntas. Mas as ervas
eram tão fortes que afogaram a vida das sementes e morrera, enquanto
aquelas floresceram.
A terra boa era profunda, limpa e sulcada. A semente podia penetrar,
podia encontrar alimento, podia crescer sem obstáculos e a boa terra
produziu abundantemente.

A PALAVRA E AQUELE QUE A ESCUTA
NA realidade, esta parábola tem um impacto dobrado; dirige-se dois
grupos de pessoas.
Se dirige a quem escuta a palavra. Com freqüência os estudiosos
sustentam que a interpretação da parábola que aparece nos versículos 18-23
não pertence a Jesus, e sim aos pregadores da Igreja primitiva. Afirmam,
além disso, que não é uma interpretação correta. Diz-se que transgride a
lei segundo qual uma parábola não é uma alegoria, e que é demasiado
detalhada para que os ouvintes a compreendê-la ao escutá-la pela primeira
vez. Se Jesus apontou para um semeador que estava esparramando suas
sementes naquele momento, a objeção não parece válida. E, de todos os
modos, a interpretação que identifica os diferentes tipos de solo com os
distintos ouvintes sempre tem ocupado um lugar de preferência dentro da
Igreja, e deve proceder de uma fonte autorizada, e se é assim, por que na
do próprio Jesus?
Se tomamos esta parábola como uma advertência aos ouvintes, significa
que há diferentes maneiras de aceitar a palavra de Deus, e o fruto depende
do coração daquele que a aceita. O destino de qualquer palavra falada
depende do ouvinte. Alguém disse: "A sorte de uma piada não depende da
língua de quem a conta, e sim do ouvido de quem a escuta." Uma piada tem
êxito quando é contada a alguém que tem sentido de humor e que está
disposto a rir. Fracassará quando quem escuta não está bem humorado ou se
está pré-disposta a não se divertir. Quem então são os ouvintes que recebem
uma advertência nesta parábola?
Está o ouvinte de mente fechada. Estão aqueles em cuja mente a
palavra tem tão poucas possibilidades de penetrar como a semente que cai
sobre um terreno pisoteado por muita gente. São muitas as coisas que podem
fechar a mente de uma pessoa. O preconceito pode fazer que um homem se
cegue diante de tudo o que não quer ver. Num espírito que não pode ser
ensinado, não é possível construir uma barreira para que não engula
doutrina qualquer. Pode vir de duas coisas. Pode ser o resultado do orgulho
que não sabe que necessita conhecimento. E pode ser o resultado de temor à
novas verdades ou negar-se a novas maneiras de pensar. As vezes um caráter
imoral e a forma de vida de um homem podem fechar sua mente. Pode tratar-se
de uma verdade que condena aquilo que ele ama sua forma de vida e as coisas
que faz. E há mais um que se nega a escutar ou reconhecer a verdade que o
condena, porque não há melhor surdo do que aquele que não quer ouvir.
Está o ouvinte cuja mente é semelhante ao solo rochoso. É o homem que
se nega a pensar as coisas e a refletir sobre elas a fundo. Há gente que
está a mercê de todas as modas. Adota rapidamente algo e com a mesma
rapidez o abandona. Sempre devem estar no último grito. Começam com
entusiasmo um novo passatempo, ou a adquirir uma nova habilidade. Assim que
as coisas se tornam difíceis as abandonam, ou o entusiasmo decresce e o
deixam de lado. A vida de algumas pessoas está abarrotada de coisas que
iniciaram e jamais terminaram. Alguém pode ser assim com a Palavra. Quando
à escuta podemos sentir que treme até os pés de emoção; mas ninguém pode
viver de uma emoção. O homem tem uma mente e é uma obrigação moral possuir
uma fé inteligente. O cristão tem suas exigências e há que enfrentar-se com
elas antes de poder aceitá-las. A oferta de Cristo não é apenas um
privilegio, também é uma responsabilidade. Um entusiasmo repentino sempre
pode converter-se com a mesma rapidez em um fogo moribundo.
Está o ouvinte que tem tantos interesses na vida que algumas coisas,
e em geral as mais importantes, são afogadas. O que caracteriza a vida
moderna é que cada vez está mais cheia de coisas (atividades) e cada vez
está mais acelerada. O homem está ocupado demais para orar. Preocupa-Se com
tantas coisas que se esquece de estudar a palavra de Deus. Amarram-Se tanto
a comissões de caridade, obras beneficentes e trabalhos de caridade que não
lhes sobra quase tempo para dedicar a Aquele de quem procede todo amor e
todo serviço. O trabalho deles os absorve de tal maneira que se sentem
demais cansados para pensar em qualquer outra coisa. As coisas perigosas
não são aquelas que evidentemente são más. São as coisas boas, porque "o
bem é o pior inimigo do melhor." Não se trata de que o homem faça
desaparecer de sua vida a oração , a Bíblia e a igreja, e sim que pense
nelas com freqüência e desejaria poder dedicar –lhes algum momento, mas, de
alguma maneira, nunca chega a fazê-lo porque sua vida está muito ocupada.
Sempre devemos ter cuidado de não fazer desaparecer Jesus do lugar mais
alto na vida.
Está o homem que é como a terra boa. Em sua recepção da Palavra
dão-se quatro estágios. Como a boa terra, sua mente está aberta. Sempre
está desejando aprender. Está disposto a escutar. Nunca é tão orgulhoso nem
está ocupado demais para escutar. Muitos já teriam se poupado de dissabores
se tivessem parado para escutar a voz de um amigo prudente, ou a voz de
Deus. Compreende. Há pensado todo o assunto e sabe o que significa para
ele, e está disposto a aceitar. Traduz em ações o que escuta. Produz o bom
fruto da boa semente. Ouvinte autêntico é aquele que escuta que compreende
e que obedece.

NÃO DESESPERAR
Ao iniciar nosso estudo desta parábola dissemos que teria um duplo
impacto. Analisamos o efeito que devia ter sobre aqueles que escutam a
palavra. Mas também devia exercer impacto sobre aqueles que pregam a
palavra. Não só devia dizer algo às multidões que escutam, também devia
dizer algo ao círculo íntimo dos discípulos.
Não é difícil perceber que, alguns momentos, os discípulos deviam
experimentar certa desilusão no espírito. Para eles Jesus era tudo; o mais
sábio e mais maravilhoso de todos os homens. Mas, do ponto de vista humano,
não tinha muito êxito. As portas das sinagogas estavam se fechando para
ele. Os lideres da religião ortodoxa eram seus mais ferrenhos críticos e
havia a menor dúvida de que projetavam sua ruína. Era certo que as
multidões saiam a escutá-lo, mas eram tão poucos os que realmente mudavam,
e eram tantos os que se aproximavam dele com um único propósito; receber
alguma vantagem de seu poder de cura e que, uma vez que o haviam recebido,
se afastavam e o esqueciam. Havia tantos que se aproximavam de Jesus
somente pelo que podiam extrair dele. Os discípulos encontravam-se diante
de uma situação na qual Jesus parecia limitar-se a provocar hostilidade
entre os lideres religioso e nada mais que uma efêmera resposta da
multidão. Não devemos nos surpreender que em certos momentos os discípulos
sentissem certa frustração e desalento. O que então é que a parábola diz
ao pregador que se sente desanimado?
A lição da parábola para os desalentados é muito clara – o
ensinamento é que a colheita é segura. Para eles a lição está no momento
culminante da parábola, na imagem da palavra que produz frutos abundantes.
Parte da semente pode cair em caminho e ser comida por pássaros. Parte dela
pode cair em solo rochoso pouco profundo e nunca chegar a madurar. Uma
porção da semente pode cair entre espinhos e morrer sufocada. Mas apesar de
tudo isso a colheita é segura. Nenhum agricultor pretende jamais que cada
uma das sementes que semeou germine e dê fruto. Sabe perfeitamente bem que
algumas o vento levará e outras cairão em terreno onde não podem crescer.
Mas isso não lhe impede semear, nem lhe faz abandonar toda esperança de
colher. O agricultor semeia com a esperança de que, ainda que parte da
semente se perca, chegará a colheita.
De maneira que esta parábola estimula aqueles que semeiam a semente
da Palavra.
Quando alguém semeia a semente da Palavra não sabe o que faz e que
efeito tem a semente. H. L. Gee relata uma história em um de seus livros.
Em uma igreja entre os que assistiam havia um ancião solitário, o idoso
Tomás. Tomás havia vivido mais que todos seus amigos e quase ninguém o
conhecia. Tomás morreu H. L. Gee tinha o pressentimento de que ninguém iria
a seu funeral e decidiu assistir para que pelo menos uma pessoa o
acompanhasse até sua última morada. Não havia ninguém. Era um dia
desagradável e úmido. Chegaram ao cemitério. Isto aconteceu durante guerra
e na porta do cemitério havia um soldado esperando. Era um oficial, mas não
tinha nenhuma insígnia sobre a capa impermeável. O soldado aproximou-se da
tumba para assistir a cerimônia. Quando havia terminado deu um passo à
frente, deteve-se diante da tumba e fez uma saudação digna de um rei. H. L.
Gee afastou-se do local junto com o soldado. Enquanto caminhavam, o vento
fez que se lhe abrisse a capa de chuva e Gee pode ver suas insígnias. Era
nada menos que um general-de-brigada. O soldado disse a Gee: "Talvez você
se pergunte que eu faço aqui. Faz muitos anos Tomás foi meu mestre na
escola dominical. Eu era um menino muito travesso e o torturava. Nunca
soube o que fez por mim, mas ao velho Tomás, devo tudo o que sou e o que
talvez chegue a ser, e hoje tinha que vir e saudá-lo." Tomás não sabia o
que fazia. Nenhum mestre ou pregador jamais o sabe. Nossa tarefa é semear a
semente e, sem desalentar-nos, deixar o resto nas mãos de Deus.
Quando alguém semeia a semente não pode e não deve esperar resultados
imediatos. Na natureza o crescimento nunca tem pressa. Passa muito, muito
tempo antes que uma glande se transforme em um carvalho; e pode passar
muito, muito tempo antes que a semente germine no coração de um homem. Mas
uma pequena palavra que caiu no coração de um homem quando era menino
permanece dormente até que um dia desperta e o libera de uma grande
tentação e salva sua alma da morte. Vivemos em uma época que esperamos
resultados imediatos, mas ao semear a semente devemos fazê-lo com paciência
e esperança, e as vezes devemos esperar a colheita durante anos.

Rev. Cildo Miro Schmidt

Ossos da Evolução

A divulgação da idéia de que o homem vem do macaco completa 150 anos. No
dia 1º de julho de 1858, cientistas ingleses assistiram a uma leitura
pública e inédita sobre o evolucionismo. Um ano depois seria publicada "A
Origem das Espécies". Poucos sabem, no entanto, que esta teoria tem um
fóssil duro, digo, um osso duro de roer: Darwin teria plagiado a tese da
seleção natural das espécies e o legítimo autor seria Alfred Russel
Wallace. Uma investigação histórica comprova a fraude, isto é, que Darwin
se apropriou da teoria do colega como se fosse dele. Mas este não é o único
osso fossilizado do evolucionismo. Desde o surgimento desta teoria, se
procurou obstinadamente, e sem sucesso, os elos perdidos entre o macaco e o
homem. Uma olhadinha na sesquicentenária aventura confirma que alguns
cientistas não pensaram duas vezes em recorrer à mentira. Igual ao
combustível de São Paulo, parte da história da evolução das espécies está
embebida em grotescas e escandalosas fraudes, e uma simples averiguação
descobre o que é gasolina e o que é solvente. Exemplos? O homem de
Piltdown, o homem de Java, o homem de Pequim, a mandíbula infantil de
Ehringsdorf. São apenas alguns entre tantos fósseis famosos, mas depois
desvendados como pura invenção para forjar a teoria darwinista.

Dizem que enquanto desenvolvia a teoria da seleção natural, Darwin, de
origem cristã anglicana, ainda acreditava num "deus" legislador supremo.
Definiu a religião como uma "estratégia tribal de sobrevivência". Com a
morte de sua filha Annie, o famoso naturalista perdeu o pouco que restava
de suas convicções espirituais, tornando-se completamente materialista.
Encontrou resposta para as suas dúvidas na frieza do evolucionismo - ou
seja, nos conceitos racionais que eliminam qualquer possibilidade de vida
além da terrena. Morreu acreditando que sua inteligência era apenas um
efeito de reações químicas e elétricas no cérebro de um corpo sem alma,
semelhante aos animais irracionais.

Thomas Huxley, conhecido como "buldogue de Darwin", tem uma definição que
não deixa dúvidas: "No pensamento evolucionista não há lugar para seres
espirituais capazes de afetar o curso dos acontecimentos humanos, nem há
necessidade deles. A terra não foi criada. Formou-se por evolução. O corpo
humano, a mente, a alma, e tudo o que se produziu, incluindo as leis, a
moral, as religiões, os deuses, etc., é inteiramente resultado da evolução,
mediante a seleção natural". Qual resultado disto? Na verdade, tal idéia
de que os organismos vivos estão em constante concorrência e apenas os
seres mais capacitados às condições ambientais sobrevivem, transforma o
evolucionismo num imperioso e opressor "dogma" da mentalidade moderna. As
conseqüências estão evidentes na política, na economia, na família, na
sexualidade, na religião, enfim, na sociedade como um todo. O aborto, a
eutanásia, a banalidade sexual, as pesquisas com células-tronco
embrionárias, a corrupção, as fraudes, a violência, são alguns exemplos
deste princípio utilitarista "os fins justificam os meios".

"Pois Deus, na sua sabedoria, não deixou que os seres humanos o conhecessem
por meio da sabedoria deles (...) Pois aquilo que parece ser loucura de
Deus é mais sábia do que a sabedoria humana, e aquilo que parece ser
fraqueza de Deus é mais forte do que a força humana" (1 Coríntios 1.21,25).

Marcos Schmidt
marsch@terra.com.br
pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo
Novo Hamburgo, RS
03 de julho de 2008

Mt 13.1-9(18-23) - Sermão

Mateus 13.1-9 (18-23)

Introdução
Mateus relata no capítulo anterior que Jesus expulsou um demônio de uma
pessoa que era ao mesmo tempo cega, muda e surda, - que sofrimento - e fez
com que o homem voltasse a enxergar, ouvir e falar. O povo ficou
maravilhado e as pessoas diziam: Não é este o filho de Davi, o Messias que
haveria de vir. (Mt 13.23) Mas os fariseus acusaram Jesus de que ele estava
fazendo isto pelo poder de Belzebu, isto é, pelo poder do diabo. (v.24)
Jesus lhes mostrou que isto era impossível, pois se um reino está dividido
entre si, perecerá. Assim, sua pregação em alguns corações gerou fé, mas
outros a rejeitaram.
Então Jesus se retirou dali e foi para sua residência em Cafarnaum, no mar
da Galiléia. No outro dia levantou cedo e foi para o mar. Grande multidão
se aglomerou em torno dele. Para poder falar melhor ao povo, Jesus entrou
num barco, à beira do mar. Fez do barco o seu púlpito e começou a ensinar a
multidão. Um dos primeiros ensinos foi a parábola do semeador. Isto nos
leva à pergunta: Por que a palavra de Deus é rejeitada por muitos e em
alguns produz os frutos desejados?
Que tipo de solo a palavra de Deus encontra em nós?

Uma parte caiu no caminho
Uma parte caiu em solo rochoso,
Uma parte caiu entre espinhos
E uma parte caiu em terra fértil.

1 – Uma parte caiu no caminho
Jesus inicia a parábola dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. E, ao
semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves a comeram.
(v.3,4) O próprio Jesus explicou a parábola. A semente é a palavra de Deus.
(Lc 8.11) O semeador é o próprio Jesus. Ao pregar a palavra de Deus, ele
realiza a mesma ação que o semeador ao lançar a sua semente, só num sentido
espiritual. Ele espalha a semente, a palavra de Deus, no coração de seus
ouvintes.
E o que Jesus diz nesta parábola, ele o diz em primeiro lugar a seus
ouvintes. O que ele lhes diz? Ele lhes diz que a pregação não opera frutos
em muitos de seus ouvintes. O pregador faz a mesma experiência que um
semeador. Este lança boa semente, mas uma parte da semente cai no caminho,
cuja terra é dura, a semente não pode penetrar. E vêm os passarinhos e a
roubam. Assim é o pregador. Ele tem a boa e poderosa semente da palavra de
Deus que ele lança, claramente pregada. Mas como o semeador, ele não tem o
poder de fazer esta semente germinar, lançar raízes e frutificar. Este
poder está na semente. Assim o pregador lança a poderosa palavra de Deus,
mas não tem o poder de fazer esta palavra operar vida nova, a fé e produzir
o fruto das boas obras. Mesmo tendo a Palavra este poder, muitos corações a
rejeitam e não trazem os frutos desejados.
É importante notar que nesta parábola, Jesus não está falando de pessoas
que não tiveram a oportunidade de ouvir a palavra de Deus, mas de pessoas
que ouvem a palavra de Deus, que querem ser cristãos. Destes Jesus está
falando nesta parábola. A culpa de não terem chegado à fé, não é do
semeador, nem da semente, mas dos corações endurecidos.
Jesus menciona aqui dois fatores: Não a compreenderam e vem o maligno e a
arrebata. O compreender é um processo. A palavra, que é poder de Deus, (Hb
4.12) entra em seus ouvidos, mas eles não permitiram a esta palavra
penetrar no coração. Sua consciência, que sentiu o ferrão da palavra de
Deus, se fecha diante dela. Ou a razão a despreza como loucura, não
permitindo que a Palavra penetre. Seus corações são como chão batido e
duro. Eles não permitem que a semente penetre. Então vêm as aves e roubam a
semente. Estas aves são as forças pelas quais Satanás atua, para roubar a
semente e impedir que ela penetre e germine. Por isso Estevão diz a seus
inimigos: Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos,
vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais,
também vós o fazeis. (Atos 7.51 RA)
Na verdade, todos os corações humanos são por natureza como solo duro.
Confessamos na explicação do Terceiro Artigo do Credo Apostólico: "Creio
que por minha própria razão ou forço não posso crer em Jesus Cristo, nem
vir a ele." Mas a palavra de Deus é poder. O escritor aos Hebreus afirma: A
palavra de Deus, no entanto, é poderosa para penetrar e dividir medula.
Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito,
juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do
coração. (Hebreus 4.12 RA)
E nós, que solo somos nós? Damos lugar à palavra de Deus em nosso coração,
para que esta germine, nos conduza e mantenha em diário arrependimento e
fé, nos fortaleça para toda a boa obra? Importa que cada um se examine?
Há ainda uma outra classe de ouvintes.

II - Como que em rocha dura.
Outra parte caiu em solo rochoso onde a terra é pouca, e logo nasceu, visto
não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol a queimou; e porque não
tinha raiz, secou-se. (v.5,6) Todo o agricultor conhece tal solo. Entre as
pedras se a ajuntam folhas que apodrecem e formam uma terra muito boa e
retém boa umidade. A semente que cai ali germina logo, mas não pode
aprofundar suas raízes. Por isso, vindo o sol, a planta seca e morre. Jesus
explica: O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a
recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de
pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da
palavra, logo se escandaliza. (Mateus 13.20-21 RA) São pessoas, digamos,
sentimentais, que, quando ouvem a palavra, logo a aceitam. Jubilam. Crêem
por um tempo, mas depois caem da fé.
Jesus diz que eles não têm raízes. Não permitiram que a palavra lance
raízes. Foram levianos com a palavra de Deus. E vindo as tentações:
desprezo, perseguições, problemas, eles abandonam a fé. Caem da fé.
A história da Igreja cristã está cheia de tais exemplos. Nos primeiros anos
do cristianismo muitos que aceitaram a fé, judeus e gentios, jubilaram, mas
provindo as perseguições, caíram da fé. No tempo de Lutero, dois anos após
sua morte, quando o imperador Carlos V invadiu Wittenberg para derrotar o
luteranismo, muitos abandonaram a fé.
Quantos confirmandos abandonam cedo a fé cristã. Cada ano as estatísticas
das Comunidades e da Igreja registram abandonos. Seja isto um alerta para
todos nós. Aproveitemos o tempo para crescer no conhecimento e na fé, para
sermos firmados e estabelecidos.
Há ainda uma outra classe mencionada por Jesus.

III - Como que entre espinhos.
Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Jesus
explica: O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém
os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica
infrutífera. (Mateus 13.7,22 RA) A boa semente caiu num coração e era a fé.
Mas a pessoa deixa que o inço, espinhos e outras ervas daninhas continuem
crescendo. São as preocupações pela vida, o amor ao dinheiro e aos prazeres
da vida. Ali a fé não pode se desenvolver. Ela é sufocada. Muitos querem
ser bons cristãos, mas não abrem mão do amor ao mundo. Eles se iludem com
uma falsa liberdade cristã, para continuarem vivendo em pecados. E não
permitem que a palavra de Deus os conduza a uma compreensão melhor da lei
de Deus, ao arrependimento, à fé e amor ao próximo.
Finalmente Jesus menciona a quarta classe:

IV - Em terra fértil.
Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta
por um...
Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende;
este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um. (Mateus
13.8,23 RA)
O que é esta terra fértil. De primeira vista parece que o mérito é da
terra, que estes ouvintes são por natureza melhores. Mas sabemos que por
natureza somos todos igualmente corrompidos pelo pecado, espiritualmente
cegos, mortos e inimigos de Deus. Se não fosse lançada ali a boa semente,
nada produziriam.
Nestes ouvintes, para assim dizer, a lei fez o seu trabalho com
profundidade. Penetrou. Quebrou a resistência natural. Lavrou como um arado
que quebra a terra dura e arranca os espinhos, e o evangelho, a boa
semente, pôde penetrar, germinar, criar a vida, a fé, e levar a planta da
fé produzir os frutos.
Tais pessoas não ouviram somente com os ouvidos, mas também com o coração.
E, uma vez levados à fé, se apegam à palavra, vivendo diariamente em
arrependimento e fé, produzindo frutos dignos de arrependimento. Amando a
Deus e ao próximo. Ainda em fraqueza, mas crescendo em amor, paciência,
cordialidade e renúncia ao pecado e as tentações de nosso tempo.
Jesus termina esta sua parábola dizendo: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
(v.9) Com isto nos exorta: Provai-vos, examinai-vos se estais na fé. (2 Co
13.5) Que coração é o meu: duro como um caminho pisado? Como uma rocha que
não permite a semente lançar raízes, cheio de espinhos de amor ao mundo que
sufoca a fé? Ou estamos apegados à sua palavra, crescendo na fé, trazendo
os devidos frutos.

Oração: Abre, Senhor, os nossos ouvidos e nosso coração, para não sermos
somente ouvintes, mas praticantes da mesma, (Tg 1.22) para trazermos muitos
frutos. Amém.

São Leopoldo, 28/06/2008
Rev. Horst R. Kuchenbecker