Mateus 13.1-9: "Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à
beira-mar; e grandes multidões se reuniram perto dele, de modo que entrou
num barco e se assentou. E toda a multidão estava em pé na praia. E de
muitas coisas lhes falou por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a
semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves,
a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo
nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e,
porque não tinha raiz, secou-se. Outra caiu entre os espinhos, e os
espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu
fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um. Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça".
Certo pastor estava muito descontente com a sua congregação. A freqüência
aos cultos era péssima. As salas de reuniões dos departamentos permaneciam
vazias. As ofertas estavam desesperadamente atrasadas. Enfim, parecia que
ninguém queria nada com nada.
Assim não seria possível continuar. A situação teria que ser alterada. E o
pastor então revolveu fazer algo inédito: anunciou o enterro de sua
congregação. Marcou a data. Divulgou-a por todos os meios possíveis.
Desnecessário será dizer que a reação dos paroquianos foi violenta.
Seguiram-se comentários, murmúrios, críticas, calúnias e muita expectativa.
No domingo previsto para o enterro, a igreja ficou apinhada de gente.
Todos, curiosos, viram um enorme caixão preto entre o altar e a nave.
Estava fechada. Ardiam algumas velas ao redor. Quem seria o morto?
O culto iniciou normalmente: hinos, leitura bíblica e oração. Na hora do
sermão, porém, antes de subir ao púlpito, o pastor aproximou-se do caixão,
abriu o tampão e convidou a congregação para contemplar o morto. Mas teve o
cuidado de pedir o máximo de respeito ao ambiente. Ninguém deveria fazer
comentários. Todos deveriam retornar aos seus lugares em silêncio. Dentro
em breve seria proferido o sermão.
Banco por banco, todos foram ver o morto. E qual não foi a surpresa ao
olharem para dentro do caixão. No fundo do caixão havia um enorme espelho.
Cada um que olhava o morto estava vendo o seu próprio rosto.
Seguiu-se o sermão. Como não podia deixar de ser, o pastor pregou sobre
Efésios 5.14, onde diz: "Desperta, o tu que dormes, levanta-te de entre os
mortos, e Cristo te iluminará".
A lição valeu. A congregação se despertou. E houve nova vida na igreja.
Esta história nos mostra que a igreja é aquilo que os seus membros são. Se
os seus membros são ativos, então ela será uma igreja viva. Mas se os seus
membros forem relaxados, então ela será uma igreja morta.
Em Apocalipse, capítulo 2, a Bíblia nos fala de vários tipos de cristãos
que compõem a igreja, aos quais vamos procurar examinar na nossa mensagem
de hoje. Por uma questão de economia, vamos agrupar estes tipos de cristãos
em apenas três.
Primeiro: existem os cristãos consagrados. Cristãos consagrados são aqueles
que participam regularmente dos cultos, que vão à Santa Ceia e se esforçam
na manutenção da igreja. Não vivem em pecado, mas procuram em tudo dar
testemunho de sua fé.
Estes cristãos não são cristãos por causa do pastor e nem deixam de ser
cristãos por causa do pastor. Estão na igreja por amor a Cristo e tem o
pastor como um representante de Deus. Para estas pessoas não importa quem é
o pastor, elas querem ouvir dele a Palavra de Deus. Por isso, em qualquer
lugar em que estiverem, independentemente quem for o pastor, elas estão
sempre firmes na igreja.
A estes cristãos a Bíblia chama de: figueira frutífera, árvore plantada
junto às águas, solo produtivo, sal da terra e luz do mundo. Cristãos
assim, como estes, Deus quer na sua igreja. Pois são estes que sustentam a
igreja e fazem a igreja crescer.
O segundo tipo de cristãos que existem na igreja são os cristãos relaxados.
Cristãos relaxados são aqueles que não participam dos cultos, não lêem a
Bíblia, não ofertam e nem se esforçam pelo trabalho da igreja.
Para estes tanto faz se a igreja está crescendo ou se está acabando. Se a
igreja vai bem, costumam às vezes falar bem dela. Se ela não vai bem, então
começam logo a criticá-la.
São como os torcedores numa arquibancada. Quando o time ganha, vibram,
torcem e aplaudem. Mas quando o time perde, então começam logo a vaiar e a
criticar.
São como o povo de Jerusalém. Quando eles viram Jesus entrando em Jerusalém
como um rei, eles o aplaudem, lançando ramos de árvores na frente. Mas
quando vêem Jesus sendo preso e julgado, gritam: "Crucifica-o,
crucifica-o!".
Nós, na igreja, costumamos chamar estes cristãos de relaxados, relapsos e
fracos na fé. Mas a Bíblia usa outras palavras para descrever este tipo de
cristãos.
A Bíblia às vezes chama estes cristãos de figueira estéril, de árvore
infrutífera, a qual Deus ameaça cortar pela raiz, pois não produzem nada de
útil para o reino de Deus. Diz Jesus no Evangelho de Mateus, capítulo 3:
"Toda a árvore que não produz frutos, será cortada e lançada no fogo".
Outras vezes a Bíblia chama este tipo de cristãos de mornos, isto é,
pessoas que causam nojo a Deus, as quais ele tem vontade de vomitar de sua
boca. Diz ele em Apocalipse, capítulo 3: "Assim, porque não és quente e nem
frio, mas morno, estou a ponto de vomitar-te da minha boca".
Outras vezes ainda Deus chama este tipo de cristãos de virgens néscias, que
não procuram abastecer a sua fé na Palavra de Deus. Estes, na hora da
provação, se desviam da fé.
Este tipo de cristãos costuma dar muito trabalho para a igreja, pois são
como bebezinhos que não sabem que precisam de se alimentar para viver, e
constantemente vivem aprontando, cometendo escândalos. Eles só vêm à igreja
se o pastor ficar insistindo, do contrário ficam em casa assistindo
televisão.
Há ainda um terceiro tipo de cristãos, que são os falsos cristãos. Estes
cristãos na verdade não são cristãos, porque o seu cristianismo é falso,
assim como uma nota de quinze reais é falsa. Eles estão na igreja não
porque têm algum interesse por ela, mas sim porque acham bonito ter uma
igreja.
São como Nicodemos, que era membro do Sinédrio, mas não era convertido. São
como os escribas e fariseus, os quais Jesus chamou de cobras venenosas,
sepulcros caiados e hipócritas.
São como Judas, que seguem a Jesus, mas na vida diária o ficam traindo com
a sua atitude.
São como o rei Herodes, que dizia querer ver a Jesus para adorá-lo, mas a
sua verdadeira intenção era matá-lo.
São como Caim, que vêm para adorar a Deus, mas saem com o seu semblante
caído, pois os seus corações estão cheios de maldade, de ódio e de inveja.
Lutero chama este tipo de cristãos de sujeira que gruda na roda do carro.
Estão grudados na roda do carro, mas não fazem parte do carro. Como o
barro, só atrapalha o carro andar.
A Bíblia chama este tipo de cristãos de joio no meio do trigo. Se parece
com o trigo, mas não é trigo. Eles vão estar misturados com os verdadeiros
cristãos até o fim do mundo, quando Cristo os separará dos outros, assim
como se separa os bodes dos cabritos.
Este tipo de cristãos estão em toda parte. Às vezes também em algumas
congregações da nossa igreja.
E agora a pergunta: Que tipo de cristão é você: um cristão consagrado, um
cristão relaxado ou um joio no meio do trigo?
O que determina o tipo de cristão que somos é o nosso coração. Jesus diz
que há quatro tipos de coração: o coração boa terra, o coração caminho, o
coração espinho e o coração de pedra.
O coração boa terra é o coração preparado para receber a Palavra de Deus. É
só lançar a semente, que a planta brota com toda a força. Esse coração
representa as pessoas que vão ao culto dispostos a ouvir a Palavra de Deus
e sempre saem alegres e felizes, porque lá encontraram edificação
espiritual.
O coração espinho é o coração que se preocupa excessivamente com os
deleites da vida, como comer, beber e vestir. A fome e a ganância pelas
riquezas são espinhos que martirizam a consciência e matam a alma.
Quantas pessoas já não se enveredaram pelo caminho da riqueza e perderam a
fé. O apóstolo Paulo, por exemplo, reclama com o jovem pastor Timóteo
afirmando que "Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e foi
para Tessalônica" (2 Timóteo 4.10). Por isso a Bíblia nos adverte dizendo
que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (1 Timóteo 6.10).
O coração caminho é o coração agitado, que não consegue prestar atenção à
Palavra de Deus. Mal a semente começa a brotar, e o diabo, como um
passarinho, já a arranca. E a pessoa fica sem a fé.
Os que têm o coração de pedra são os que têm o coração duro. A palavra de
Deus não consegue penetrar nele, por melhor que seja o pregador.
Coração assim tinha os escribas e fariseus nos tempos de Cristo, os quais
Estevão chama de dura cerviz, pois resistem obstinadamente o Espírito
Santo.
Diante disso, volto a lhe perguntar: Que tipo de solo é o seu coração? Como
é que você recebe a Palavra de Deus?
Lembre-se: a Palavra de Deus é a mesma para todos. O que impede que ela
frutifique é o nosso coração pecaminoso, endurecido e inconstante.
Espero que o seu coração seja como uma boa terra, que recebe bem a Palavra
de Deus e produza os seus devidos frutos. Que assim seja. Em nome de Jesus.
Amém.
Rev. Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
sexta-feira, 4 de julho de 2008
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