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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Interpretação de Parábolas

A Interpretação das Parábolas através da Análise da Parábola da Grande Ceia 
(Lucas 14.15-24)

Introdução
A proposta deste trabalho é de apresentar as ênfases na hermenêutica das parábolas. Analisa-se a ênfase alegórica, crítica e moderna no estudo das parábolas.
Para demonstrar como cada ênfase interpreta as parábolas, usa-se a parábola da Grande Ceia registrada em Lucas 14.15-24 como exemplificação do referencial hermenêutico de cada ênfase interpretativa.

A Interpretação Alegórica
Por mais de dezenove séculos o método para a interpretação das parábolas foi o alegórico. Desde os pais da igreja, passando pelos reformadores, até final do século XIX, com Richard Chenevix Trench[1], a interpretação alegórica era a forma de entendimento do que Jesus ensinou através das parábolas.
A diferença entre parábola e alegoria expressa-se da seguinte maneira:
Parables, it is stressed, revolve around one main point of comparison between the activity in the story and Jesus' understanding of the kingdom of God, and thus they teach one primary lesson. Subordinate details are significant only to the extent that they fit in with and reinforce the central emphasis. Allegories, on the other hand, are more complex stories which require numerous details in them to be "decoded". The classic example which is often cited is John Bunyan's Pilgrim's Progress, in which one recognizes that the story of Christian's journey stands for the spiritual pilgrimage which every follower of Christ must make. The various places to which he travels then correspond to different kinds of religions experiences.[2]
Osmundo Miranda aponta alguns problemas com a alegorização das parábolas: qualquer parte da parábola pode significar qualquer coisa, dependendo da imaginação do intérprete; cada detalhe tem uma lição independente. Com isso, "não há critério objetivo para determinar-se que a alegoria ou a sua interpretação expressa o que o texto pretende ensinar"[3] .
Craig Blomberg aponta algumas teses de estudiosos[4] que condenaram a interpretação alegórica das parábolas. Segundo ele, os problemas detectados na interpretação alegórica são: influências da filosofia grega; o método ignora o realismo, clareza e simplicidade das parábolas; traços alegóricos foram usados para obscurecer o "Segredo Messiânico"; a tendência da alegorização ocorre devido ao esquecimento do contexto original; a alegorização é uma forma inferior da retórica, sendo que Jesus usou muito a metáfora[5].
Por outro lado, Blomberg aponta para falhas nesta dura crítica ao método alegórico. Diz que a crítica considerou muito o pano de fundo do mundo grego, esquecendo que as influências hebraicas são muito destacadas na alegorização. Outra ênfase errada diz respeito ao exagero que se faz na distinção entre o símile e a metáfora aristotélica. A ênfase dada por Blomberg, que de certo modo restaura o método alegórico[6], destaca que se há uma narrativa com significado literal e metafórico, a alegoria se faz presente. Em outras palavras, citando Blomberg, "when certais details in a narrative stand for something other than themselves or point to a second level of meaning, allegory is present"[7].
Em resumo, a crítica que se fez ao método alegórico concentra-se especialmente na busca por explicar cada detalhe e a solução foi a busca por apenas um tertium comparationis.
Observa-se como a hermenêutica alegórica foi usada em relação à parábola do Grande Banquete[8]. A fonte é a obra de Trench.[9]
A argumentação inicial de Trench é em relação à parábola de Mt 22.2ss, que é completamente diferente de Lc 14.15-24. Esta parábola é contata para judeus, que acreditavam na vinda do Reino de Deus, prenunciado por uma grande ceia, que acreditavam ter assegurado seu lugar neste novo reino, por pertencer à nação escolhida. Mas, Jesus conta a parábola para mostrar-lhes que não têm lugar assegurado porque não aceitaram o convite, que ele o fizera aos judeus.
v. 16 - Diz Trench: "El entusiasmo de los hombres por las cosas celestiales es tan escaso, que ellas les son presenteadas a través de imágenes tan sugestivas como ésta, para que, de ser posible, les muevan a desearles com más anhelo".
Os "muitos" são os sacerdotes, anciãos, escribas e fariseus. "Estos, seguidores de la justicia, según sus proprias palabras, parecían señalados como los primeros que deberían aceptar la invitación de Cristo".
v .17 Deve-se supor que os convidados já haviam aceito o convite; agora é hora de participar da festa, porque a festa vai começar. "Tudo já está preparado" é o cumprimento do tempo quando o reino dos Céus foi estabelecido e os homens foram convidados a entrar nele, primeiro os judeus e logo os gentios. O "servo" que foi enviado não é nem Jesus nem os profetas, pois "tudo já está preparado". Por outro lado, representa "a aquellos que acompañaron al Salvador, predicadores, evangelistas, apóstoles y todos aquellos que recordándoles a los judíos de las antiguas profecías respecto del reino de Dios y su parte en éste, les invitaban ahora a entrar en el disfrute de estas buenas cosas".
v. 18 Começam as desculpas. O primeiro representa aqueles que se alegram seu coração através da aquisição de posses. Trench faz questão de destacar: "Le da un mayor realce a la seriedad en la advertencia de esta parábola el hecho que ninguno de los invitados está impedido por cuestiones pecaminosas de por sí, aunque todos tuvieran una actitud pecaminosa al darle el primer lugar a ellas". Por isso, aponta que para o primeiro convidado, "os desejos dos olhos e a vanglória da vida" (1 Jo 2.16) foram mais fortes do que o convite de Jesus.
v. 19 - O segundo tem sua preocupação e ansiedade direcionada mais para os negócios do que para sua alma. A efetuação da compra é prioritária na vida deste convidado.
v. 20 - Para o terceiro convidado, o prazer deste mundo o afasta de Cristo.
Resumindo, "como en Mateo 22, también aquí hay una escala ascendente. El primero estaría muy contento de asistir, si lu fuera posible; el segundo no tiene una buena razón para excusarse sino que simplemente tiene buena razón para ir en outra direccíon; sin embargo, todavia pide ser excusado. El tercero tiene sus proprios planes y dice de plano, no puedo ir. Estas excusas aparecen en relacion asombrosa com las palavras de nuestro Señor que siguem luego (v.26), y Pablo provee un comentario muy apto (1 Co 7.29-31). Ellos no estaban haciendo nada ilegal, pero el amor indebido a las posesiones terrenales finalmente les excluyó de la fiesta".
v. 21 - Aqui há uma referência ao v. 13. Assim é com o organizador do banquete celestial. Chama aos espiritualmente enfermos e necessitados, enquanto os que são ricos em seus próprios méritos excluem-se a si mesmos e são excluídos pelo organizador. Quem são os convidados agora? Segundo Trench são os publicanos e pecadores, os rejeitados, aqueles que reconhecem o amor de Deus.
v. 22 - Como ainda há lugar para a mesa, o convite agora é direcionado aos gentios, aqueles que não pertencem a Israel. A "obrigação", "o forçar" significa uma "compulsión moral". Este convite impositivo deve ser aplicado a uma forte exortação que os embaixadores de Cristo dirigem aos homens a tanto que eles se convençam da mensagem e dos grandes resultados esperados. É como aconteceu com Ló, que foi puxado pelos anjos para fora de Sodoma (Gn 14.16), o que lhe trouxe salvação. "Como lo explica Lutero, los hombres son obligados a venir cuando se predica la ley, al aterrrorizar sus consciencias y así conducirles a Cristo como su único refugio.
v. 24 - As palavras finais são de excluir do reino de Deus e de todas as bênçãos da comunhão com Cristo aqueles que não aceitaram o convite.
Segundo Trench, toda a parábola possui um paralelo com 1 Co 1.26-29.

Apenas um tertium comparationis
A história da interpretação das parábolas recebe uma nova ênfase quando surge a obra de Adolf Jülicher Die Gleichnisreden Jesu (1899). Segundo Jeremias, "Jülicher não só provou irrefutavelmente em centenas de casos que a alegorização levava ao erro, como também sustentou a tese de que a alegorização era totalmente estranha às parábolas de Jesus".[10] Mas Jülicher deixou o trabalho pela metade. Ele apenas "espanou as parábolas da espessa camada de pó que sobre elas espalhara a interpretação alegórica"[11], defendendo a tese de que a melhor maneira de se interpretar as parábolas é de vê-las como uma peça da vida real e em não se tirar delas a não ser uma só idéia, sendo esta a mais geral possível: a aplicação mais larga seria a correta.[12] Coube a C. Dodd reobter o sentido original das parábolas. Na sua obra The Parables of the Kingdom, "faz-se de fato e pela primeira vez com grande êxito a tentativa de situar as parábolas dentro da vida de Jesus, com o que ele introduziu uma nova era na interpretação das parábolas".[13] Mas é Joachim Jeremias com Die Gleichnisse Jesu[14] que quer completar a "tarefa": Jesus falou a homens de carne e sangue, a partir do momento para o momento. Cada uma de suas parábolas tem um lugar histórico determinado na sua vida. Tentar reobtê-lo: eis a tarefa. O que Jesus quis dizer nesta ou naquela hora determinada? Vale a pena fazer estas questões, para - tanto quanto possível - chegarmos ao sentido original das parábolas de Jesus, à sua ipsissima vox."[15]
Jeremias considera que as parábolas, antes de serem registradas, possuem um duplo lugar histórico: 1 - elas envolvem uma situação única e concreta no quadro da atividade de Jesus. Deve-se admitir que Jesus quer se ligar a dados concretos; 2 - as parábolas foram usadas na Igreja através de mensagens, pregações, ensinos e este uso fez com que elas sofressem enquadramentos, transformações, ampliações, alegorizações, etc. Para se buscar a ipsissima vox de Cristo, é de suma importância o Evangelho de Tomé (uma versão deuterocanônica contendo ditos dos evangelhos, especialmente parábolas).[16]
Para se buscar as verdadeiras palavras de Cristo, a argumentação de Jeremias resume-se a dez pontos:[17]
1 - A Tradução das Parábolas para o Grego - Jesus não falava o grego, mas o aramaico. Portanto, o que se deve fazer é "retraduzir as parábolas para a língua materna de Jesus pois se constitui uma ajuda de fundamental importância, talvez a mais importante, para se reobter o seu sentido original".[18]
2 - Mudanças no Material das Imagens - Deve-se considerar as transformações sugeridas pelos escritores bíblicos ao registrar as parábolas em grego, porque teriam que reproduzir as ações de acordo com o praticado pelo mundo helenista e não necessariamente palestino. Um exemplo: Lucas pressupõe técnicas de construção helenista (Lc 6.47s), do andamento processual romano (Lc 12.58), de elementos da cultura do campo (Lc 13.19) e da paisagem (Lc 6.48), que não possuem comparação com a Palestina. Por outro lado, Jeremias chama a atenção para as vezes que Jesus emprega propositadamente imagens tiradas do Extremo Oriente, o que demonstra que material usado de fora da Palestina seja necessariamente inautêntico.[19]
3 - Ornamentações - As parábolas sofreram ornamentos na sua interpretação. Portanto, "em muitos casos as parábolas foram ornamentadas e a versão mais simples apresenta o mais original".[20]
4 - Influência do Antigo Testamento e Temas de Narrativas Populares - Quando se usa o Antigo Testamento, a tendência do escritor é de deixar a referência bíblica mais clara ou até de acrescentar novas referências. Também se faz, segundo Jeremias, referências à temas populares, na tentativa de polir melhor o texto bíblico, mesmo que Jesus faça uso destes mesmos temas, mas em caráter secundário.
5 - A Mudança do Círculo de Ouvintes - "Várias parábolas, que originalmente se endereçavam a outros ouvintes, aos fariseus, aos escribas ou à multidão, a Igreja das origens fá-las referir-se aos discípulos de Jesus".[21]
6 - Uso das Parábolas Pela Igreja para o seu Ensinamento Moral - Ao se ler o relatos dos evangelistas, percebe-se acentuadas divergências na aplicabilidade das parábolas. Há um desvio característico de acentuação dos evangelistas em relação ao que Jesus previamente havia afirmado. Em outras palavras, cada evangelista usa as parábolas para atingir o seu leitor e não leva em conta, necessariamente, a originalidade de Jesus.
7 - A Influência da Situação da Igreja - Por sua situação missionária, a Igreja das Origens interpreta e amplia as parábolas de Jesus, dando ênfases não originais mas contextuais.
8 - A Alegorização - Segundo Jeremias, todo o material original das parábolas era livre da alegorização. Mas através da história, Mateus, Marcos, parte de Lucas e João sofreram alegorizações, preservando-se somente parte de Lucas e o Evangelho de Tomé. Jesus limitou-se a usar metáforas, originárias do Antigo Testamento e familiares na sua época (Deus = pai, rei, juiz, pai-de-família, dono da vinha, anfitrião).[22]
9 - Coleções e Fusões de Parábolas - As parábolas repetidas nos paralelos sinóticos podem ter sido pronunciadas cada uma separadamente e em ocasiões diversas e que só secundariamente é que foram juntadas. As fusões também tem caráter secundário. Portanto, "se quisermos transmitir o sentido original das parábolas, deveremos abstrair-nos de todos estes contextos secundários".[23]
10 - Enquadramento das Parábolas - A comparação sinóptica produz um desvio da acentuação originalmente proposto por Jesus.
E a conclusão de Jeremias:
Estas dez leis de transformação constituem dez instrumentos de ajuda para se reobter o sentido original das parábolas de Jesus, para se levantar aqui e acolá um pouco o véu que se superpôs às parábolas de Jesus - com freqüência bastante fino e em outros caso quase indevassável. A tarefa consiste em: Retornar à palavra original autêntica de Jesus! Que imenso dom será, se conseguirmos reobter aqui e acolá, por detrás do véu, o rosto do Filho do Homem! O que interessa é a sua palavra. Somente o reencontro com ele é que dá plenos poderes à nossa pregação.[24]
À esta ênfase de Jeremias no estudo das parábolas que visa reconstruir a história da transmissão oral de cada forma[25], podem ser acrescentadas mais duas outras:
a) Cada parábola é classificada em três categorias: símiles - pequenas comparações entre dois objetos usando-se o tempo presente (Jesus compara o reino de Deus a atividades da vida); parábolas propriamente ditas - histórias completas, narradas no passado, com significado metafórico; ilustrações exemplares - narradas no passado, caracterizando um exemplo a ser seguindo, sem significado metafórico.[26] As duas últimas categorias são narrativas fictícias as quais não podem ser usadas para sistematizar doutrinas teológicas. Mas, possuem apenas um ponto chamado de tertium comparationis (termo de comparação), que faz a parábola (veículo) ser direcionada para um tema (mensagem).
b) A busca pelo Sitz im Leben Jesus - o público, a situação do pronunciamento de cada parábola torna-se importante.
Com base nesta parte teórica, destaca-se a análise hermenêutica da parábola do Grande Banquete.
A busca por apenas um tertium comparationis colocou a parábola do Grande Banquete, juntamente com a das Dez Virgens (Lc 13.25-27 e Mt 25.1-12), sob um tema: é tarde demais para se entrar no reino de Deus porque o acesso já está fechado.
As primeiras argumentações demonstram que o texto de Mateus (Mt 22.1-14) sofreu alegorização, pois "a Igreja das origens, levada por sua situação missionária, interpreta e amplia a parábola de Jesus".[27] Através da alegoria, segundo Jeremias, o texto de Mt "transformou-se num esboço da história da salvação desde o surgimento dos profetas no Antigo Testamento, passando-se pela destruição de Jerusalém, até ao juízo final. Este esboço da história da salvação tenciona fundamentar a passagem da missão aos pagãos: Israel não o quis."[28] Mateus, ao registrar esta parábola, pensou nos profetas e na recusa de sua mensagem; pensou também nos apóstolos e missionários enviados a Israel e nos maus tratos e martírios que sofreram; e pelo envio às ruas, teve em mente a missão aos pagãos e, pela entrada na sala da Ceia, visou o batismo. A ceia, à qual os profetas convidam e que os apóstolos anunciam que está pronta, que os convidados desprezam e para a qual se deve participar com veste nupcial, é a ceia do tempo da salvação; a visitação aos hóspedes é o juízo final, as trevas exteriores é o inferno.
Para Jeremias, Lucas e o Evangelho de Tomé estão mais próximos do que Jesus realmente disse. Mesmo que existam em Lucas traços alegóricos, como sendo Israel a cidade da Ceia e a ceia propriamente dita como sendo o tempo da salvação e a parábola em si como sendo o chamamento dos pagãos, este material alegórico não é original de Lucas. O que tem que ter em mente é o sentido original que Jesus quer dar a parábola; "é claro que não como alegoria referente ao banquete do tempo da salvação (contra isto fala o enquadramento terreno da narrativa), mas tendo em mira a este, bem como a rejeição do convite por parte dos chefes de Israel."[29] O endereçamento da parábola é aos adversários de Jesus "a fim de justificar perante eles a boa-nova: vocês são semelhantes aos hóspedes que desprezaram o convite! Vocês não o quiseram! Por isso Deus chama os publicanos e pecadores, e lhes dá a salvação, que vocês perderam."[30]
A versão original estando em Lucas e no Evangelho de Tomé,[31] é interpretada nos seguintes termos: Aquele que convida é um homem comum que só tem um servo. Os convidados são latifundiários, gente bem vista. O convite à hora da ceia é uma cortesia especial, destaque nos círculos aristocráticos de Jerusalém. Para demonstrar quem são os convidados (que são latifundiários), Jeremias argumenta que se o homem da parábola comprou cinco juntas de boi, ele deveria ser proprietários de pelo menos 45 hectares de terra, já que uma junta de boi trabalharia anualmente em 9 hectares. O outro que se casou recentemente, não pode deixar a esposa sozinha em casa (somente o esposo era convidado para os banquetes).
Ampliando mais sua interpretação da parábola, Jeremias aponta quem são os que serão convidados substituindo os primeiros: coxos, cegos e aleijados são mendigos. Não foram convidados inicialmente por sentimento social ou até por motivação religiosa. Alem destes mendigos, o servo deve ir buscar também os sem teto pelas estradas rurais e adjacências. Como até os mais pobres se atêm à cortesia oriental de resistir por modéstia, a ordem é de compele-os a entrar. E a preocupação do dono da festa é de ocupar todos os lugares.
O versículo 24, para Jeremias, são palavras de Jesus, pois ele está falando a mais de uma pessoa, sendo que o dono da festa da parábola fala a apenas um servo. Portanto, Jesus quer caracterizar quem fará parte do seu banquete, da ceia messiânica. Interessante é a conclusão que o Evangelho de Tomé da a este versículo: os compradores e os comerciantes não haverão de entrar nos domínios do meu pai, como sendo palavras de Jesus.
Mas, esta parábola pode ser considerada real? Jeremias aponta dois argumentos que poderiam transformar esta parábola numa total alegoria: 1) o fato de que os convidados, todos e separadamente, como que por combinação, todos conjuntamente, se recusam, e 2) o fato de que o anfitrião, no lugar deles, chama precisamente os mendigos e os sem teto à mesa da festa. Mas, o texto não se trata de uma alegoria, pois há uma história registrada no Talmud palestinense que narra a história de um rico publicano e de um pobre escriba, sendo que o rico publicano no momento de sua morte teve um sepultamento solene devido ao fato de ter ele organizado um banquete para os membros do Conselho e estes não vieram. Então, deu ordens para os pobres viessem e comessem, para que a comida não se perdesse. Já o pobre escriba não teve esta mesma solenidade no seu sepultamento. Esta história, segundo Jeremias, é usado também por Jesus na parábola do homem rico e do pobre Lázaro. Por isso, à luz desta história, pode-se entender porque o convite não foi aceito pelos convidados iniciais: o anfitrião deve ter sido como um publicano, novo rico, que organizou o convite porque afinal queria ser inteiramente aceito socialmente pelos velhos círculos estabelecidos de pessoas importantes. Mas os convidados lhe dão de ombros e recusam-se, desconversando com argumentos que a ninguém convencem. Então o anfitrião mandou chamar os mendigos, para mostrar aos importantes da cidade que ele não precisava deles e não queria saber mais deles. Assim como Jesus não teve acanho de visualizar, através do administrador desonesto, a necessidade de ação decidida nem de descrever a bondade sem medida de Deus através do comportamento do juiz sem escrúpulos e da atitude de procura diligente da pobre mulher, assim também não teve a menor hesitação de escolher o comportamento dum publicano para tornar plástica a ira e a bondade de Deus. Pois só assim é que a conclusão (v.24) ganha o seu inaudito vigor. Precisamos imaginar os ouvintes de Jesus sorrindo satisfeitos ao se descrever como o recém chegado experimenta uma grosseria depois da outra e vai ficando cada vez mais furioso, e, como explodem em gargalhadas abertas, quando eles que representam a alta sociedade e observam com caçoadas, dos cantos das janelas, o cortejo estranho de convidados maltrapilhos que se movimenta para a casa para a festa do publicano. E como eles devem estremecer, quando Jesus, o dono da casa, pronuncia cortantemente: a casa está repleta, a medida está cheia, o último lugar está ocupado, fechem-se as portas, ninguém mais será agora introduzido.
Este é o termo de comparação da parábola, segundo Jeremias. Sugere, também, que se dê atenção especial ao tom de alegria do v. 17: tudo já está pronto ou como Paulo argumenta: ei-lo agora, o tempo favorável; ei-lo agora, o dia da salvação (2 Co 6.2). Deus cumpre sua promessa e sai do seu esconderijo. Mas se os filhos do reino, os teólogos e os círculos dos piedosos, atiram às favas o chamado de Deus, entrarão então no seu lugar os desprezados e os longe de Deus, e, aos primeiros, soará o "tarde demais" por detrás da porta fechada da sala da festa.[32]

Mais de um tertium comparationis
As ênfases modernas no estudo das parábolas buscam englobar o que se fez anteriormente. As propostas atuais utilizam as ênfases a partir de Dodd e Jeremias e da crítica da redação e da forma, mas voltam a fazer alegoria. Uma citação de Blomberg ilustra melhor: "Augustine's method was actually better than Jülicher's ; Augustine simply deciphered too many of the details and used the wrong code."[33]
Esta volta à alegoria acontece não como se simplesmente voltasse ao método de interpretação que perdurou por séculos, mas se considera a busca pelo sentido metafórico como normal e próprio na interpretação das parábolas.
Para caracterizar esta ênfase moderna, utiliza-se a obra de Kenneth Bailey, As Parábolas de Lucas, analisando seu referencial teórico e como utilizou este referencial na análise da parábola do Grande Banquete.
A proposta de Bailey é a seguinte:
A busca redatorial da teologia dos evangelistas é uma persecução válida digna de muito esforço, mas este não é o nosso interesse aqui. Pelo contrário, o alvo da nossa inquirição é o contexto palestino, juntamente com o conteúdo teológico eterno dessas parábolas. Este estudo é escrito a partir de uma profunda convicção de que a forma literária e a cultura subjacente às parábolas precisam receber uma atenção maior do que têm recebido até agora nos estudos contemporâneos.[34] 
O conceito de parábola envolve uma experiência religiosa. "As parábolas de Jesus são uma forma concreta e dramática de linguagem teológica que força o ouvinte a reagir", diz Bailey.[35] Pode-se encontrar parábolas em um diálogo teológico, em um evento narrativo, numa história de milagre, numa coleção topical, num poema ou uma parábola em si. Esta é uma ênfase nas parábolas como funcionais em relação a um ensinamento maior e, portanto, precisam ser interpretadas levando-se em consideração os seguintes passos:
a - determinar o auditório a quem Jesus está direcionando seu discurso: escribas, fariseus, multidões ou aos discípulos;
b - examinar o contexto/interpretação propiciados pelo evangelista ou sua fonte;
c - identificar se há uma "peça dentro da peça" e observar a parábola em dois níveis: o debate teológico entre Jesus e o seu auditório e o uso que Jesus fez de parábolas para se comunicar com aquele auditório naquele debate;
d - discernir os pressupostos culturais da estória, tendo em mente que os seus personagens são aldeões palestinenses. Isso Bailey faz muito bem, especialmente com toda sua convivência no mundo oriental. Diz: "Nós, do ocidente, estamos separados deles pelo tempo e pelo espaço. Dois mil anos se passaram, e culturalmente somos ocidentais, e não orientais";[36]
e - ver se a parábola se divide em várias cenas e observar se os temas constantes das diferentes cenas se repetem segundo algum padrão discernível. Bailey chama esta análise da estrutura literária de balada parabólica, percebendo-se o movimento da parábola estruturado ao redor de temas. Também chama a atenção para que esta análise retórica não se transforme numa armadilha, quando mal usada;
f - discernir quais os símbolos que o auditório original teria identificado imediatamente e instintivamente na parábola;
g - determinar que única decisão/reação o auditório original é levado a tomar quando ela originalmente foi contata;
h - discernir o conglomerado de temas teológicos que a parábola afirma e/ou pressupõe e determinar o que a parábola está dizendo a respeito desses temas. A ênfase recai sobre mais de um termo de comparação chamado de simbolo(s). "Os símbolos que devem ser procurados são aqueles que o narrador original de estória coloca nesta com o objetivo de comunicar-se com o auditório original".[37] Bailey argumenta que não é alegorização, pois a alegoria enfatiza os detalhes. Os símbolos, o conglomerado teológico, são válidos hoje ainda, pois reproduzem verdades eternas.
A análise que Bailey[38] faz da parábola do Grande Banquete é direcionada pelo tema do chamado do reino para Israel e os Proscritos, que engloba o texto de Lucas 14.12-15.32, juntando as parábolas da Ovelha Perdida e a Moeda Perdia e Os dois Filhos Perdidos.
A parábola é contada para um grupo de pessoas relativamente ricas reclinadas ao redor de mesas, ao estilo greco-romano, em um banquete formal. A tradução de Almeida é contestada, porque não é à mesa, mas "reclinados ao redor das mesas". Por causa de um desabafo piedoso de um dos convidados (v. 15), o tema da refeição no Reino de Deus é destacado. Após introduzir este tema através da análise do Salmo 23.5, Isaías 25.6-9, I Enoque 62.1-16 (texto apócrifo) e Lucas 13.28-34, Bailey mostra que, ao desabafo do convidado piedoso, Jesus responde com uma parábola, que é dividida em introdução e sete temas ou discursos (Bailey até sugere que seja chamada a parábola de O Banquete dos Sete Discursos). "Estes sete constituem naturalmente sete estrofes como certas idéias-chave repetindo-se nas primeiras quatro, e depois outras idéias-chave repetindo-se nas últimas três. O dono da casa pronuncia três discursos. Cada um deles começa com uma ordem relacionada à reunião dos convivas. Há dois convites para os hóspedes originais no começo da parábola, e dois convites para os de fora (embora cada um para pessoas diferentes) no fim."[39]
Após a introdução da parábola (v. 16), a primeira estrofe destaca-se: um banquete preparado (v.17). O reforço do convite à hora da ceia, como se fosse um segundo convite, era normal. Num primeiro convite, confirma-se o número de presentes, para que se possa organizar a festa e os convidados que confirmam sua presença têm a obrigação de comparecer. Então a festa é preparada e vem o segundo convite, quando o servo chama numa ação continua. O objetivo teológico é evidente: chegou o momento do banquete messiânico; tudo já está preparado e os convites foram aceitos - basta que os convidados venham e gozem da comunhão e do alimento deste banquete. Mas, o texto toma um rumo diferente; aparecem as desculpas, "todos de uma vez", causando surpresa e ao mesmo tempo uma sensação de insulto ao anfitrião.
A segunda estrofe apresenta a primeira desculpa. A compra da terra sem antes tê-la visto é uma atitude insensata, pois ninguém no Oriente, até hoje, compraria um campo sem conhecer primeiro cada metro dele como a palma da sua mão. Bailey até sugere uma desculpa equivalente no mundo ocidental: seria o caso de um morador do subúrbio que cancela um compromisso para jantar dizendo: "Acabo de comprar um casa por telefone, e preciso ir dar uma olhada nela e na vizinhança". Essa desculpa é obviamente esfarrapada e ninguém vai crer nela.
A segunda desculpa, na terceira estrofe, também é ridícula: ninguém compra cinco juntas de bois antes de experimentá-las. Uma relação com o mundo ocidental seria nestes termos: alguém liga para casa, avisando a esposa: "Não vou chegar a tempo para o jantar esta noite porque acabo de fazer um cheque para pagar cinco carros usados, que comprei por telefone, e estou indo ao estacionamento para descobrir de que ano e de que modelo são, e ver se estão funcionando". Mesmo dando uma desculpa sem significado, este segundo convidado ainda é cortês e pede para ser desculpado.
O terceiro convidado, na quarta estrofe, nem se desculpa. E propõe a sua desculpa: "Ontem eu disse que iria, mas esta tarde estou ocupado com uma mulher, que é mais importante para mim do que o seu banquete". O tempo que passará longe de casa será por algumas horas e voltará aos braços de sua esposa ainda no mesmo dia. Portanto, a desculpa é inconcebível em qualquer sociedade.
Portanto, todas as desculpas apresentadas são estúpidas e insultuosas e os convidados originais têm semelhanças em todas as épocas.
A quinta estrofe, o convite aos proscritos do v. 21, demonstra a reação do anfitrião: graça e não vingança aos proscritos da cidade. Pobres, aleijados, cegos e coxos recebem atenção - mesmo vivendo fora do círculo social do hospedeiro. Segundo Bailey, a tentativa dos primeiros convidados de cancelar o banquete (greve!!!) é rechaçada, pois o hospedeiro na sua atitude de estender o convite caracteriza um demonstração visível de amor na humilhação, assim como acontece com o Pai na parábola do Filho Pródigo. Esta atitude do hospedeiro, que é Jesus, novamente prefigura teologicamente a cruz e demonstra de forma dramática uma parte do seu significado. A oferta feita aos "proscritos de Israel" é uma oferta dispendiosa e ela é aceita pelos proscritos.
As estrofes seis e sete ampliam mais o tema teológico da parábola: "ainda há lugar à mesa" (v.22) e "convide os de fora" (v. 23). O tema teológico do versículo 23, o "convite aos de fora", recebe atenção especial de Bailey. Para ele, "há uma força centrífuga da missão que é ensinada na parábola. O servo, ao sair para fazer os convites, é instruído a ir além da cidade. Se a salvação de Deus deve alcançar os confins da terra (Is 49.6), alguém precisa levar essa mensagem até lá, e apresentá-la da maneira mais atraente possível".[40] Esta é a intenção original do próprio Jesus e não só de Lucas e isto é demonstrado com a análise do texto de Isaías 49 5.6, caracterizando que a função de Israel no Antigo Testamento não era meramente receber os povos (ênfase centrípeta), mas também de ir ao encontro das nações (ênfase centrífuga). Como este convite é feito aos gentios, o servo deve "obrigá-los" a entrar. A sugestão de Bailey para esta ação é: culturalmente, no Oriente Médio, o convite inesperado deve ser recusado, assim como Jesus o fez em Lucas 24.28-29, onde inicialmente recusou o convite dos discípulos a caminho de Emaús. Mas o servo, sabendo que o convite naturalmente será rejeitado, recebe ordens para gentilmente tomar o convidado pelo braço e puxá-lo para a festa, pois não há outra forma de convencê-lo de que realmente está sendo convidado para o banquete. Assim é a graça: o hospedeiro, sabedor de que muitos irão recusar o convite, instrui o servo para que vença as reservas e a incredulidade pelo único método possível: com um sorriso, agarre-os pelo braço e empurre-os para dentro, demonstrando-lhes que o convite é genuíno.
A conclusão, o v. 24., é uma advertência àqueles que rejeitaram o convite, especialmente aqueles que pertencem à comunidade dos crentes. Diz Bailey: "Deus pode passar sem eles. Se eles não atenderem ao Seu convite, ele o estenderá aos de fora". Aqueles, que por sua própria iniciativa rejeitam o convite, fecham-se do lado de fora da comunhão com o hospedeiro e seus convidados.
Bailey acrescenta mais alguns temas teológicos tirados diretamente da parábola: O convite é feito com prazo definido. Os convivas precisam ser convidados. Ninguém entra como 'penetra' no banquete e os convites têm que ser individuais. Além disso, os convidados precisam responder e participar do banquete.
Sendo esta parábola rica teologicamente, Bailey propõe uma pesquisa que vai além da parábola em si, mas que tem seus temas diretamente relacionados com ela: 1 - a questão da contínua comunhão com Jesus na Santa Ceia, como uma antecipação do banquete no fim dos tempos. É possível entender a Santa Ceia como possuindo esta ênfase proléptica da comunhão final? 2 - a graça é gratuita, mas não é barata. Ser convidado a participar da graça requer o discipulado e, na seqüência da parábola (Lucas 14.25-35) há uma coleção de enunciações que falam do alto preço do discipulado em termos claros e exigentes.

Conclusão
Ao se aprofundar na análise história da interpretação bíblica, percebe-se o quanto se exagerou e o quanto se podou na hermenêutica.
O método alegórico foi um exagero, criando interpretações impossíveis ao que Jesus pretendia dizer com seus ensinamentos. Mas, por outro lado, percebe-se que há uma estreita ligação ao que Trench fez no final do século passado com o que se está fazendo hoje.
Por outro lado, com a ênfase crítica na hermenêutica, criou-se uma camisa de força ao redor da interpretação das parábolas. A busca por apenas um termo de comparação fez com que a análise bíblica restringisse em muito o texto bíblico. A riqueza bíblica, que está englobada no texto bíblico, recebe um corte muito grande, dificultando e colocando em dúvida o realismo bíblico.
A ênfase moderna, que de certo modo é uma volta ao que se fazia antes da ênfase crítica, pode ser considerada como um meio termo salutar e rico na interpretação bíblica. A obra de Bailey, que prenuncia a ênfase de hoje, é importante pois além de fazer uso dos recursos que a crítica trouxe, traduz estes recursos numa perspectiva cristã e teológica equilibrada numa visão do reino de Deus de acordo com o próprio Jesus. Pelo fato de não ser tão rígida assim, esta ênfase ajuda a perceber a carga teológica que as parábolas possuem , facilitando a interpertação e as imagens que se tem do reino de Deus, apresentadas por Cristo nas parábolas. É sugestiva a amplitude que Bailey propõe ao final de sua análise na relação proléptica com a Santa Ceia.
Blomberg, com sua proposta interpretativa, de certa forma, ridiculariza o que o método histórico-crítico fez com as parábolas. Na tentativa de enquadrar as parábolas num esquema rígido de apenas um tertio, quando na verdade as parábolas possuem uma interpretação complexa. A "camisa-de-força" é retirada com Bailey e Blomberg, possibilitando uma leitura mais coerente e contextualizada do que Jesus ensinou, o que não era possível na visão de Jeremias. Enquanto uma corrente interpretativa quer retirar tudo o que complica uma leitura mais aberta, enquadrando-a num esquema rígido e definido, a outra corrente amplia o quadro abrindo o leque para que a interpretação seja mais cristocêntrica e não tanto uma questão intelectual.

Bibliografia
TRENCH, Richar Chenevix. Notas sobre Las Parabolas de Nuestro Señor. Michigan, T.E.L.L., 1987.
STEIN, Robert H. An Introduction to the Parables of Jesus. Philadelphia, The Westminster Press, 1981.
SCHALERMANN, Martin. Proclaiming the Parables. St. Louis, Concordia, 1963.
MIRANDA, Osmundo A . Introdução ao Estudo das Parábolas. São Paulo, ASTE, 1984.
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DODD, C. The Parables of the Kingdom. New York, Charles Scribner's Sons, 1961.
BRIGHT, John. The Kingdom of God. Nashville, Abingdon, 1980.
BAILEY, Kenneth. As Parábolas de Lucas. 3 ed. São Paulo, Vida Nova, 1995.
BLOMBERG, C. L. New Horizons in Parable Research in Trinity Journal, 1982, 3-17.
BLOMBERG, C. L. Interpreting the Parables.

Notas de Rodapé
[1] TRENCH, R. Notas sobre Las Parabolas de Nuestro Señor.
[2] BLOMBERG, C. Interpreting the Parables, p. 30.
[3] MIRANDA, O Introdução ao Estudo das Parábolas, p. 32,3.
[4] Podem ser citados: Jülicher, Dodd, Jeremias, Cadoux, Bultmann.
[5] BLOMBERG, Interpreting the Parables, pp. 30-36.
[6] Esta ênfase será analisada mais para frente.
[7] BLOMBERG, Interpreting the Parables, p. 51.
[8] Texto de Lc 14.15-24.
[9] TRENCH, Richard C. Notas sobre las Parabolas de Nuestro Señor, pp. 129-132.
[10] JEREMIAS, As Parábolas de Jesus, p. 11.
[11] JEREMIAS, Ibid., p. 12,13.
[12] Segundo JEREMIAS, p. 12., o erro de Jülicher resume à interpretação da parábola como uma peça da vida real.
[13] JEREMIAS, p. 14 aponta também a limitação da interpretação de Dodd: "se restringe às parábolas do reino, e à uniteralidade do seu conceito de 'basileia' (Dodd põe toda a acentuação na idéia de que o reino já irrompeu agora definitivamente) acarreta como conseqüência um encolhimento da escatologia, o que não deixa de exercer influência no resto de sua exegese, de mais a mais magistral".
[14] A obra foi traduzida para o inglês The Parables of Jesus e também para o português As Parábolas de Jesus, texto que se usa nesta análise.
[15] JEREMIAS, p. 15. Ele exemplifica sua "tarefa": "Pode-se esclarecer um pouco o problema, vendo-se a coleção de parábolas em Mc 13 da seguinte maneira: É como se nos tivessem transmitido das pregações dum eminente pregador do nosso tempo apenas uma coleção de narrativas de exemplos. Esta coleção só ganhará diante de nosso olhar o seu pleno valor, se soubermos em cada caso quais os pensamentos que o pregador ilustrou com cada um dos exemplos. Igualmente só entenderemos corretamente cada uma das parábolas reunidas na coleção de Mt 13, se pudermos fazer-nos uma idéia sobre a situação concreta em que Jesus as pronunciou.
[16] JEREMIAS, pp. 17,18.
[17] JEREMIAS, pp. 19-113.
[18] JEREMIAS, p. 19.
[19] pp. 20,21.
[20] p. 25.
[21] p. 36.
[22] p. 89.
[23] p. 97.
[24] p. 113.
[25] BOMBLERG, p. 73 considera esta ênfase da crítica da forma como sendo a mais significativa.
[26] Para se entender esta classificação, a parábola do grão de mostarda é entendida como símile (comparação), a do filho pródigo como parábola propriamente dita e a do bom samaritano como história exemplar.
[27] JEREMIAS, p. 66.
[28] p. 71.
[29] p. 72.
[30] p. 64.
[31] Jeremias consegue ver algumas ampliações no texto de Lucas, especialmente na duplicação do convite aos não-convidados e no Evangelho de Tomé o alargamento das desculpas dos convidados. Transcreve-se o texto apócrifo do Evangelho de Tomé, parágrafo 64 apud MIRANDA, O. Introdução ao Estudo das Parábolas, p. 236: Disse Jesus: Um homem tinha hóspedes, e quando o banquete estava pronto, ele mandou chamar os seus convidados. Chegando ao primeiro disse-lhe: o mestre te chama. Ele disse: uns mercadores me devem um dinheiro e vêm me pagar hoje à noite, irei e lhes farei encomendas. Peço desculpas, mas não posso ir ao banquete. Chegando ao outro disse-lhe: o mestre te chama. Ele lhe disse: comprei uma casa, estou ocupado o dia todo, não tenho folga. Vindo a outro lhe disse: o mestre te chama. Disse-lhe ele: Meu amigo se casará e tenho que dirigir a festa (o banquete). Não posso ir. Justifique minha ausência do banquete. Chegando a outro disse: o mestre te chama. Ele disse: comprei uma vila e tenho que receber os aluguéis. Não posso ir. Desculpe-me. O servo voltou e disse ao mestre: os que chamaste para o banquete (inventaram) desculpas. Disse o mestre ao seu servo: sai pela rua e traze para comer quem quer que encontrares. Os que compram e vendem não entrarão no lugar de meu pai.
[32] Esta análise está em JEREMIAS, p. 177-181.
[33] BLOMBERG, Interpreting the Parables, p. 38.
[34] BAILEY, p. 12.
[35] BAILEY, p.14.
[36] p. 17.
[37] p. 26.
[38] pp. 163-192.
[39] p. 169.
[40] p. 191

(Rev. Clóvis Prunzel)

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