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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Batismo infantil

Como entender o termo sacramento
A palavra "sacramento, do latim sacramentum, é na Vulgata tradução da palavra grega must´h,rion, que significa "mistério".
Alguns passos da evolução do sentido musth,rion no Novo Testamento
No princípio o termo possuía um sentido cultual. Através desse rito sagrado que a comunidade de fé se comunicava com Deus e participava de seu plano de salvação.
O termo assume uma concepção mais vinculada à especulação teológica sobre o divino, à qual só uma elite têm acesso, porque a eles é dado compreender os ensinamentos filosóficos sobre Deus. Finalmente, em musth,rion se dá uma síntese das concepções anteriores pois se percebe que o mistério de Deus é revelado por coisas visíveis e concretas: com a vinda de Cristo esse mistério deixa de ser mistério e passa a ser realidade. O termo sacramentum, assim, foi inicialmente usado para designar o rito de iniciação e engajamento cristão e distinguir do rito de iniciação judaica, a circuncisão.

Alguns pontos para entender o batismo na sua origem
O sacramento é um sinal, objeto, palavra, fato ou rito no qual Deus revela seu mistério aos homens (1). Jesus é o perfeito sacramento de Deus, pois nele Deus revelou seu mistério e projeto salvífico. É um sinal que aponta para o mistério de Deus quando na história conseguimos viver os valores de sua imagem, de seu modo de ser. Sacramento, na sua experiência originária, é engajamento religioso que inclui um aspecto individual na conversão (2).

Raízes do batismo cristão
O mais significativo é o fato de Jesus se ter feito batizar por João Batista. Jesus insistiu em ser batizado para cumprir toda a justiça, e para ser radicalmente solidário aos que se batizavam, reforçar a prática batismal do povo e conferindo-lhe valor sacramental do Deus Eterno por ele revelado.
Toda a riqueza simbólica contida no batismo é assumida por Cristo como sinal verdadeiro e eficaz da fé cristã.
Os escritos neotestamentários atestam a importância do batismo para os apóstolos e para a comunidade primitiva como sinal de conversão.

O batismo na história da salvação
A água purificadora e vivificadora, prometida para o tempo messiânico, é o próprio Espírito de Deus, como dá a entender o paralelismo no versículo de Isaías: "derramarei água sobre o solo sequioso... derramarei meu Espírito sobre tua carne." Deus derrama seu Espírito com água, purificando e vivificando os homens. (3)
A fonte das águas da salvação, do Espírito de Deus e sua ação santificadora, é o próprio Deus. Deus é a primeira fonte de água viva que se derrama sobre a terra. Deus preparou o povo e a sua igreja para serem batizados. Enviou João batista para pregar o batismo de penitência para a remissão dos pecados. A importância do batismo de Jesus se manifesta pelo fato de o relatarem os três sinóticos e também São João aludir a ele. Atos dos Apóstolos o menciona freqüentemente. O batismo de Cristo no Jordão também é o anúncio do batismo que Cristo instituiu na igreja. Cristo cumpre as promessas do Antigo Testamento. Ele é a fonte da água viva. Por meio do Senhor glorificado Deus derrama seu Espírito sobre a igreja. Com Cristo, fonte do Espírito Santo, entramos em contato pela fé - "creia quem quiser em mim" - e pelo batismo, sacramento da fé - "quem crer e for batizado será salvo" (Mc 16.16). (4)

Resgate histórico do batismo a partir de sua prática
Os povos vizinhos de Israel realizavam banhos sagrados para a purificação moral e ritual, e para transmitir forças vitais visando a imortalidade. No judaísmo primitivo os banhos tinham como objetivo purificar pessoas e objetos.
No judaísmo tardio, os prosélitos - pagãos que se convertiam a fé judaica - tinham que passar pela circuncisão antes de entrarem na comunidade. Os banhos de purificação tinham valor secundário.
Com o passar do tempo os dois ritos se concentraram no banho batismal, sinal da conversão do prosélito a uma nova fé e conseqüente adesão a uma  nova vida na comunidade dos judeus, e purificação do viver anterior no paganismo.
O batismo de João batista tem lugar especial nos evangelhos sinóticos; é com esse fato que se inicia o relato da vida pública de Jesus. João foi o último precursor do Messias. Pregou os caminhos do Senhor ao pregar a conversão.
O batismo explica a conversão, a nascer da água e do Espírito Santo.
O ritual, imersão do batizado no Jordão, revelava a idéia de vida nova. Ao se fazerem batizar, os homens respondiam à proposta da Aliança feita por Deus e se abriam à misericórdia do seu perdão engajando-se na participação e realização do plano salvífico (5). 

A fé e o batismo
Os homens estão em contato com Cristo pela fé e pelos sacramentos. Inicia-se o encontro com Cristo pelo evangelho e o sacramento, o batismo. Jesus mandou ensinar e batizar (Mt 28.19). A vida da igreja se realiza em três atos: anúncio, fé e batismo.
O anúncio de Jesus amplia-se para a proclamação da Trindade. Surge este alargamento do próprio mistério  de Cristo que é o filho de Deus enviado pelo Pai que envia, juntamente como o Filho, o Espírito Santo. A mensagem cristã, assim apresentada, sintetiza-se nos símbolos da fé: fé no Pai criador, no Filho redentor, no Espírito santificador.
Devido às suas íntimas relações com a fé, o batismo é chamado de sacramento da fé, que supõe a fé, exprime e confirma-a. Por confirma-la é designado também de selo da fé. A fé encontra sua consumação no batismo. O batismo sela nossa adesão. O rito batismal é como o selo posto sobre o ato da fé pelo qual o homem adere a Cristo e à Trindade. O batismo é a confirmação ritual da entrega pessoal a Cristo que o homem realiza pela fé. (6)

A fé e o batismo de crianças
Sendo o batismo sacramento da fé, como será admissível batizar crianças incapazes de um ato pessoal de fé? As crianças são batizadas na fé da Igreja. A Igreja se faz representar no batismo pelo ministro, os pais e padrinhos, parentes e os membros da comunidade. A estes a Igreja deve educar na fé. Incumbe esta missão em primeiro lugar à Igreja doméstica. Os padrinhos devem auxiliar os pais no cumprimento de sua tarefa. Cabe também ao pastor visitar os membros que não são batizados e fazer com que eles se batizem. Deve também preparar os pais , porque pais preparados para sua missão há  de criar um ambiente propício em que a criança possa desenvolver o dom da fé, a capacidade de crer infusa pelo batismo. (7)

Batismo de Adultos
O batismo de adultos depois de uma profissão de fé pessoal é a forma mais claramente atestada nos documentos do Novo Testamento. Não se tem registro de que o batismo de crianças fosse praticado no período apostólico. Tal batismo - o de adultos - predominou até no séc. IV.
Nesta modalidade acentua-se uma conexão íntima entre batismo e fé. Contudo pode-se questionar se tal compreensão não acentuaria demais o ato das pessoas, podendo-se relegar ao esquecimento que a graça de Deus não pode ser merecida por esforço algum do homem. Ainda, cada confissão de fé do homem é imperfeita, e esta fé necessita crescer.

Denominações que batizam adultos
Batistas, Menonitas, Bethren, Disciples of Christ, algumas denominações pentecostais e algumas comunidades evangélicas livres. Os adultos fazem uma confissão de fé pessoal e foram preparados para o batismo num prazo adequado. Haja visto que o batismo de crianças é a opção mais tradicional, tais denominações tiveram que lutar por muitos séculos por esse direito.

Batismo de Crianças
Tal modalidade de batismo não pode ser provado com a Bíblia. É resultado de um processo político-teológico. Em 125 A.D. batizavam-se adolescentes; Tertuliano, em 200, condenou o batismo de bebês.
Dois fatos são marcantes na história do batismo de crianças. Politicamente, ocorreu a formação da igreja estatal com Constantino, o grande (o que implicava que o cidadão, além de nascer romano, automaticamente também nascia católico). Teologicamente, surgiu o argumento agostiniano do pecado original, o qual se impôs no Concílio de Cartago em 418. Segundo este, crianças não batizadas estariam condenadas se viessem a falecer. A Confissão de Augsburgo, no seu artigo 9º, acabou com concordar com isto.
Lutero e Calvino defenderam a idéia da gratia preveniens, a qual gera a "fé escondida" nas crianças. Preferiam o batismo infantil, no qual as crianças recebem a fé como presente.
Na Igreja Ortodoxa observa-se ainda mais a idéia de que a criança creia, já que existe o costume de, após o batismo, ser dada a ela uma partícula da comunhão. Gerhard Tiel, autor de A Caminho da Unidade da Igreja - Anotações a respeito do Documento de Lima sobre o batismo, eucaristia e ministério (in Estudos Teológicos, ano 27, 1987, nº1, p. 54), afirma, por outro lado: "Mas não posso acreditar nessa concepção de uma fé das crianças escondida. È um fato que no Novo Testamento e também na práxis da cristandade primitiva o batismo é ligado indissoluvelmente com uma fé pessoal que crianças não têm".
Por fim, o Documento de Lima afirma que as 3 formas diferentes de batismo (incluindo-se a modalidade particular à Igreja Ortodoxa) são colocadas como uma práxis cristã possível. A aceitação mútua das formas diferentes do batismo é uma enorme progressão ecumênica. Por isso mesmo, cada prática que possa ser interpretada como um "re-batismo" deve ser evitada.

Semelhanças entre as duas modalidades de batismo
Algumas semelhanças entre as duas modalidades de batismo - de crianças e de adultos - podem ser observadas. Entre elas estão:
1. a participação da comunidade crente no ato batismal;
2. a fundamentação bíblica do batismo;
3. a conexão indissolúvel entre batismo e fé, expressada pela confissão de fé pessoal antes do batismo ou pela confirmação, sendo que esta não significa um limite no desenvolvimento cristão.

Posição Católica
A análise da obra que segue abaixo nos dará subsídios para analisar a posição católica no que se refere ao batismo infantil.
CNBB. Batismo de Crianças - Subsídios Teológico-litúrgico-pastorais. São Paulo: Paulinas. 4ª ed., 1987. 70 pp.
Segundo a teologia católica, expressa na obra Batismo de Crianças - Subsídios Teológico-litúrgico-pastorais, da CNBB, o batismo "é aquele sinal da fé sem o qual, ordinariamente, não se pode entrar no reino de Deus (Jo3.5)" (8). Ainda, "é o meio ordinário, junto com a fé, de receber a salvação" (p.23), "o banho com água unido à palavra da vida" (9) e "o sinal sacramental da fé" (10).
  A partir de tais definições, o batismo é considerado a porta de entrada para a igreja. É necessário que, pelo batismo, todos sejam incorporados em Cristo e na Igreja, seu corpo. Por esse motivo os batizandos - que ainda não fazem parte da igreja - são recebidos, cerimonialmente, à porta do templo.

Funções do batismo
"Pelo batismo, o homem se torna membro da Igreja, o Povo de Deus" (11). Se todos os sacramentos nutrem, fortalecem e exprimem a fé, com muito maior razão o batismo, que é por excelência o "sinal da fé". O batismo lava o homem de toda culpa, tanto original quanto pessoal e, pelo rito do "efeta", abre-se o ouvido do batizando para a Palavra de Deus e a sua boca para o proclamação da fé.

Motivos para o batismo
Os motivos para o batismo variam. Por parte dos fiéis inclui razões de uma natureza teológica mais acentuada, razões supersticiosas, razões de cunho social e econômicas. Por parte dos pastores, encontramos a diversidade de linhas de ação, desde a negação do batismo até a exigência de uma séria preparação, no contexto de uma renovação de toda a vida eclesial.

A participação da comunidade
A presença e a participação da comunidade é muito importante, pois o homem, por natureza, necessita dela, e não pode viver sozinho. Uns precisam da ajuda e apoio dos outros. 
Segundo Gn 2.18, "não é bom que o homem esteja só". Deus estabeleceu aliança com um  povo inteiro, constituindo-o "nação santa" (Ex 19.6). Cristo, ainda, não veio para salvar a cada um isoladamente, mas para "reunir os filhos de Deus dispersos" (Jo 11.52), para que houvesse "um só rebanho e um só pastor" (Jo 10.56).

O nome
A escolha do nome é outro elemento importante. O nome expressa a individualidade da pessoa, e o respeito que se deve ter por tal na comunidade. Na Bíblia, "o nome é parte essencial da pessoa (1Sm 25.25) de tal forma que o que não tem nome não existe (Ecl 6.10), sendo a pessoa sem nome um homem insignificante, desprezível (Jó 30.8). O nome eqüivale à própria pessoa" (12). Por isso, ao dar uma missão a alguém, Deus até lhe muda o nome (p.e., Abraão, Gn17.5; Jacó, Gn 32.27ss; Salomão, 2Sm 12.25; Pedro, Mt 16.18, e Barnabé, At 4.36).

O papel dos pais e padrinhos
Por não terem consciência nem autonomia para tal, são os pais da criança que pedem o batismo. Cabe a eles acompanhar o desenvolvimento da criança até a renovação dos compromissos batismais na Primeira comunhão, crisma e vigília pascal. Cabe a eles "educá-los pela fé, dentro da comunidade eclesial" (13).
Pela responsabilidade que assumem, os padrinhos e principalmente os pais devem receber uma orientação prévia e aprofundada, não em forma de "cursos" mas sim de reuniões, encontros de preparação, reflexão, diálogo e celebração.
No cumprimento do processo de educação cristã na comunidade, os pais, ajudados pelos padrinhos, "representam a igreja, nossa Mãe, e a comunidade, que vê sua responsabilidade acrescida" (14).

O sinal da cruz
Assim como marcam-se livros com o nome de seu dono, em sinal de pertença, ou como os israelitas marcaram suas portas na noite da Páscoa com o sangue do cordeiro, assim marca-se a fronte da criança com a cruz de Cristo em sinal de sua pertença a ele.

A invocação aos santos
No momento da invocação aos santos a igreja militante une-se à igreja da glória (Ap 5.8; 8.3). Invocam-se a virgem Maria, são João batista, são José, são Pedro e são Paulo ou outros que podem ser acrescentados como padroeiros das crianças ou da igreja, pois são os intercessores e viveram de maneira muito mais excelente a sua vida batismal (15). Ao final da cerimônia, invocam-se todos os santos.

O simbolismo da água
O simbolismo da água é de fundamental importância para se compreender o batismo. "Mergulhar e sair da água significa morrer e ressurgir" (16), como o próprio Paulo afirma em Rm 6.4 a 5. Por isso o rito de mergulhar a criança na água e retirá-la exprime melhor esta idéia que derramar-lhe água na fronte.
A água dá vida. Deus pôs no paraíso um rio cujos quatro braços o regavam (Gn 2.10 a 14). Os profetas previam bênçãos em forma de chuvas, orvalhos, fontes de rios (Is 35.1, 6-7). A água é um sinal do Espírito (Jo 7.37-39). Segundo São Cirilo de Jerusalém, "a água corre sobre o corpo externamente, mas é o Espírito que batiza a alma totalmente, no interior" (17). Ainda, segundo Crisóstomo, "o que é mais importante no batismo é o Espírito, por quem a água opera" (18).
A água lava (2Rs 5; Zc 13.1-2; Êx 36.25), e no Salmo 51, v. 2, o salmista pede a limpeza interior. A água destrói a corrupção. Vê-se isso no dilúvio (Gn 6.7), no Êxodo (Êx 14). Por isso o batismo é comparado à passagem do Mar Vermelho: liberta da escravidão e maldade e introduz no reino dos filhos de Deus.

A renúncia
Pelo voto batismal renuncia-se o diabo e a carne, seguindo-se o exemplo de Jesus, fiel até o fim da realização de sua missão em forma de servo.

A profissão de fé
A profissão de fé é a contrapartida da renúncia. Antes da celebração do batismo, os participantes professam a fé. E o batizado, através dos responsáveis por ele - seus pais e padrinhos - aceita o anúncio de Cristo mediante o ato de fé e a conversão. "As crianças contraem o pecado original sem culpa pessoal e, por isso, devem poder libertar-se dele mesmo sem decisão pessoal" (19). Isso ajuda a esclarecer até mesmo a doutrina do pecado original.

A unção com o crisma
O cristão, no batismo, torna-se membro de Cristo e de seu povo. É ungido (logo após o batismo) para, como membro de Cristo e da igreja, continuar a missão tríplice sacerdotal, profética e real-pastoral de Cristo, hoje. Por isso o batismo deve ser levado em alta estima e não repetido.

Posição Luterana
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre: Concórdia, 2ª ed., 1982.
A obra acima arrolada vem ao encontro da necessidade que muitos cristãos tem ao serem interpelados por pentecostais no que tange ao batismo de crianças. A discussão entre igrejas que sustentam a posição de que somente adultos podem ser batizados, em contraposição às igreja tradicionais que, ao longo da história do cristianismo, desenvolveram, à base da Escritura, uma posição teológica bem definida quanto à possibilidade do batismo também de crianças.
Em nosso estudo queremos mostrar as três posições arroladas pelo autor. A posição bíblica, a posição dos Pais da Igreja, o posicionamento das Confissões Luteranas e o posicionamento de Lutero.

Posicionamento Bíblico
O posicionamento bíblico quanto ao batismo pode e deve ser dividido em duas partes. primeiro, textos em são batizados adultos; em segundo lugar, textos que falam especificamente sobre o batismo de crianças.
Vejamos as passagens bíblica que referem-se ao batismo de adultos:
  • Atos 2.41: é a conhecidíssima passagem que relata o batismo dos três mil convertidos no dia de Pentecostes em Jerusalém. Nos mostra a ação dos meios da graça, onde a Palavra é pregada e o sacramento é administrado.
  • Atos 10. 44-48: A descida do Espírito Santo sobre os gentios. Temos aqui expressa ordem para o batismo. Pedro, apesar da aparente negativa destes ao batismo ordena que, apesar do batismo do Espírito Santo, que seja todos batizados em água.
Além destas duas passagens relacionadas poderíamos relacionar mais passagens, mas não nos parece necessário.
Passemos agora ao assunto principal do nosso estudo, o batismo infantil: 
As crianças podem e devem ser batizadas. pois todos são pecadores e todos precisam do perdão de Deus. 
Os que alegam que crianças não precisam ser batizadas dizem que as crianças não tem pecados, pois são almas puras que ainda não sabem discernir corretamente o bem do mal. Para contrapor esse posicionamento podemos citar algumas passagens bíblicas básicas. Como: Gn 8.21;  Sl 51.5; Sl 58.3; Jó 25.4. 
Essas passagens aqui relacionadas são claras quanto à pecaminosidade de toda a humanidade. Notemos bem: toda a humanidade. estas passagens não excluem as crianças, mas incluem. Por isso podemos afirma com certeza que as crianças precisam do perdão de Deus e por isso necessitam do batismo, necessitam da iniciativa da parte do Espírito Santo para que também possam chegar à fé e assim serem salvas.

Posicionamento das Confissões Luteranas
Nesta parte do trabalho queremos apresentar dois posicionamentos em especial. O primeiro é da Confissão de Augsburgo; e o segundo é da Apologia desta Confissão de Augsburgo.
C.A. IX. 1-3:  "Do batismo se ensina ... que também se devem batizar as crianças, as quais, pelo batismo, são entregues a Deus e a ele se tornam agradáveis. Por esta razão se rejeitam os anabatistas, os quais ensinam que o batismo infantil não é verdadeiro".
Apol. IX. 3:  "em segundo lugar, é manifesto que Deus aprova o batismo dos pequeninos. Logo, julgam impiamente os anabatistas que condenam o batismo dos pequeninos. Que Deus, entretanto, aprova o batismo dos pequeninos, demonstra-se com o fato de ele dar o Espírito Santo aos assim batizados. fosse nulo esse batismo e a nenhum seria dado o Espírito Santo, nenhum se salvaria, não haveria, enfim, igreja. Esta só razão já pode confirmar suficientemente corações bom e piedosos contra as opiniões ímpias e fanáticas dos anabatistas".
Parece-nos suficientemente claro a posição das confissões luteranas. Elas concordam plenamente com a Escritura, quando diz que o batismo das crianças é absolutamente necessário.

Posicionamento dos Pais da Igreja
Através destes testemunhos, queremos provar que o batismo de crianças não é uma invenção recente, mas que é praticada desde o início do cristianismo, como atestam os primeiros grandes pais que aqui queremos relacionar.
Justino, o mártir: "em sua apologia escreve: Muitos cristãos, tanto homens como mulheres, que  desde sua infância já se tornaram discípulos... (20)"
Irineu: escreve: " Cristo veio para salvar a todos; digo a todos que mediante dele foram regenerados e redimidos para Deus: os infantes e as crianças pequenas, bem como os meninos, jovens ou gente de idades (21)".
Orígenes: "Por esta razão a igreja, desde o tempo dos apóstolos, tem a tradição  de batizar até crianças, porque aqueles aos quais os mistérios divinos foram confiados sabiam que toda a criatura humana é poluída pelo pecado, e que deve ser purificada com a água e o Espírito; por isso também o corpo é chamado um corpo pecaminoso". E "Crianças pequenas devem ser batizadas para a remissão dos pecados". (22)
Além destes testemunhos que transcrevemos acima, existem ainda muitos outros testemunhos dos antigos Pais. No entanto acreditamos que não seja necessário mais do que estes mencionados.
Podemos perceber destes testemunhos o quanto era discutida a problemática-tema deste trabalho. Desde o início havia pessoas que se manifestavam contra o batismo de crianças, mas essas manifestações eram, na sua maioria, feitas por pessoas "incultas" na fé, nos assuntos eclesiásticos. Entretanto percebemos que os pais não deixavam que um problema como este se espalhasse mas, imediatamente faziam seus pronunciamentos em favor da ortodoxia bíblica, como é o exemplo dos acima citados.

A Posição Reformada
O Dr. John Murray, professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary, no Westminster Theological Journal (novembro de 1951), mostra a grande diferença entre o Luteranismo e o Calvinismo em relação a doutrina dos meios da graça. Reconhece que o reformado não admite nenhum meio de graça, mesmo quando fala sobre media gratiae, já que, como afirmou Zwinglio, o Espírito Santo não precisa de um dux vel vehiculum para entrar nos corações dos homens. Implícito nisto está o que o Lutheran Visitation Articles de 1952 aponta, que segundo a doutrina calvinista filhos de mães crentes vêm a fazer parte da aliança enquanto estão nos úteros de suas mães. Assim insiste que a realização do batismo de infantes venha a atender a necessitas mandati divini, em vez de existir pela necessitas mandati divini, como ensinam os dogmáticos luteranos. Afirma, assim que o batismo seja um sinal, um selo que autentica, confirma e garante a segurança da aliança da graça. Assim, o batismo tem uma importância, que é significar a união com Cristo, purificando da poluição do pecado pela regeneração do Espírito, e do aguilhão do pecado pelo sangue de Cristo.
Nossos dogmáticos, no mesmo artigo, afirmam que os selos dos reformados são selos vazios, e definem a sua doutrina do batismo como sendo um lavar externo com água, no qual um lavamento completo do pecado é o único significado. Assim, o batismo não opera nem confere regeneração, fé, a graça de Deus e a salvação, mas apenas significa e sela estes elementos. Isto se deve, principalmente, ao fato de não reconhecer no batismo o verbum evangelii pelo qual, segundo Lutero, o Espírito Santo trabalha, fortalece a fé e sela o perdão dos pecados, concedido pelas promessas do evangelho.

Posição Pentecostal
A análise da posição pentecostal a respeito do batismo de crianças está baseada na obra que segue. 
GOMES, Solon T. As crianças e seu destino eterno. Rio de Janeiro: Casa publicadora Assembléia de Deus, 1982.
Logo no início o autor começa dizendo que os filhos de pais crentes são inocentes e sem pecado. Ele baseia isto nas palavras de Paulo em 1Co 7.14 "porque que o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa crente, e a esposa é santificada no convívio do marido crente". Os filhos de pais crentes são santos porque são "separados do mal e dedicados as coisas sagradas". (23 )
O autor não tem dúvidas de que filhos de pais crentes já nascem santos. Então a preocupação dele é provar que os filhos de descrestes também são inocentes. O autor diz que os judeus consideravam os filhos de pais pagãos como imundos. E Paulo diz que mesmo o pai e a mãe sendo pagãos, e o matrimônio sendo legítimo, não podemos chamar seus filhos de impuros e imundos.
Continua dizendo que a criança não deve ser considerada como impura, porque ela não sabe escolher o bem e desprezar o mal, e ela não tem culpa por não saber escolher. O pastor João de Oliveira diz que "as crianças não tem condições de se arrepender; a criança não pode ser batizada; a criança está livre de qualquer responsabilidade". (24)
O autor também cita que a criança não está debaixo do pecado original, estes estão incluídos na redenção, o pecado original foi lavado pelo precioso sangue de Cristo.
As crianças já tem o céu porque Jesus diz em Mc. 10.14 "Deixai vir a mim os pequeninos, porque dos tais é o reino dos céus". Diz que se nós que somos maus não condenamos as criancinhas, quanto mais Deus que é "amor" condenará as criancinhas inocentes e irresponsáveis.
O autor comenta ainda o versículo de Rm 3.23 que diz: "Todos pecaram, e estão destituídos da glória de Deus". Ele mesmo afirma que este versículo contraria a posição deles. Ele diz: se admitirmos que as crianças dos não crentes estão condenadas, então as igrejas que batizam crianças agem de modo certo. Então o autor Conclui: "Nós não cremos que o batismo de crianças seja bíblico, nem que o batismo em si seja um meio da graça". (25)


1 MIRANDA, Márcia M. M. "Uma Reflexão Pastoral do Batismo à luz da Trindade" in Revista Eclesiástica Brasileira. Ano 48, setembro de 1988, fasc. 191. P. 607.
2 Id., ibid.
3 STSPULER, José. O batismo de crianças. São Paulo: Loyola. 2ª ed., 1981.
4 Id. 
5 Id., p. 610.
6 Id. ibid
7 Id. ibid
8 P. 14.
9 P. 29.
10 P. 33.
11 P. 15.
12 P. 16.
13 P. 19.
14 Id.
15 P. 22.
16 P. 26.
17 P. 28.
18 Id.
19 P. 34.
20 P. 57
21 Id., ibid.
22 Id., p. 58
23 P.34
24 P. 52
25 P. 64

(Você sabe quem é o autor deste trabalho? Por favor, informe-nos, para que possamos dar os devidos créditos a quem de direito. Escreva para reveder@gmail.com)

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