Personagens: Narrador, Jó, Elifaz, Bildade, Zofar, Eliú, mulher de Jó, filhos de Jó (se possível, sete homens e três mulheres), quatro empregados.
Cenário: Nenhum
Material: Vestimentas típicas da época; dois canhões de luz (pelo menos), aparelho para reprodução de áudio (sugere-se que a narração e as músicas sejam gravados).
Tempo: 25 minutos
ATO I
Palco - Cortina fechada
- Música - 1 minuto
- Narrador
O livro bíblico de Jó trata do sofrimento humano. Jó era um homem bom, rico e feliz. Mas Deus permitiu que ele, da noite para o dia, perdesse os filhos, as suas riquezas, e que fosse atacado por uma doença dolorosa e nojenta.
Em meio ao sofrimento, Jó conversa com amigos, procurando encontrar explicações para toda a sua desgraça.
Por que Jó está sofrendo? Como Deus permitiu que tanta desgraça o afligisse? Será que o sofrimento sempre é resultado do pecado?
- Música - 15 segundos
- Narrador
Diz a Bíblia que em uma terra chamada Uz morava um homem chamado Jó. Ele era bom e honesta. Temia a Deus e procurava não fazer nada de errado. Jó tinha diversos filhos e era o homem mais rico do oriente.
- Música - 15 segundos
- Palco: Cortina aberta. Pouca luz. Entram os 10 filhos de Jó. Passam lentamente pela frente do palco, em fila indiana. Saem pelo palco pelo lado oposto. Em seguida, retornam pelo centro do palco e, lado a lado, ficam de frente para a platéia, estáticos. Toda luz.
- Narrador
Os filhos de Jó iam às casas uns dos outros e davam banquetes, diz a Bíblia.
- Palco/Música: Terminada a narração, entra Música típica do oriente. Os filhos de Jó passam a movimentar-se coreograficamente em todo o palco – alegres, gestos largos, como se estivessem em uma festa. Mas em silêncio. Terminada a música, todos permanecem estáticos, como estavam no momento do término da música.
- Narrador
Quando terminava uma rodada de banquetes, Jó se levantava de madruga e oferecia sacrifícios em favor de cada um dos seus filhos, para purificá-los. Ele sempre fazia isso porque pensava que um dos seus filhos poderia ter cometido algum pecado.
- Música - 15 segundos
- Palco: Terminada a narração, os filhos se postam lado a lado à frente do palco e de costas para a platéia. Na sequencia, entra Jó (idoso e bem vestido). Ele passa lentamente em frente dos seus filhos, os quais, um após o outro, se inclinam em reverência ao pai. Após passar por todos eles, Jó vai ao centro do palco, estende os braços (por uns 10 segundos)como um gesto de bênção. As luzes se apagam. Os filhos saem. Jó se senta no chão.
ATO II
Narrador
Certo dia, Satanás chegou diante de Deus.
Palco: Pouca luz. Terminada a narração, dos fachos de luz iluminam o fundo do palco – fixos, lado a lado. Iniciado o diálogo (cerca de 10 segundos após os fachos se acenderem) entre Deus e Satanás, os fachos se movimentam lenta e aleatoriamente pelo parede do fundo do palco. O diálogo pode ser gravado.
Diálogo entre Deus e Satanás
- Deus: De onde você vem, anjo pecador?
- Satanás (um tanto debochado): Ah, Senhor, estive dando uma volta pela tua bela terra, passeando por aqui e por ali.
- Deus: Se isso é verdade, então você deve ter visto meu servo Jó, não viu? No mundo inteiro não há ninguém que seja tão bom e honesto como ele. Ele me teme e procura fazer tudo certo.
- Satanás (irônico e desafiador): Ah, então ele é um servo fiel? Será que ele não faz isso por algum interesse? Não será, por acaso, por causa de todas as riquezas e bênçãos que o Senhor dá para ele? Tenho certeza de que se o Senhor tirar tudo isso dele, ele vai lhe amaldiçoar sem nenhum respeito!
- Deus: Duvido disso! Faça o que quiser com tudo o que Jó tem, mas não faça nenhum mal a ele mesmo.
Música (antecipando uma tragédia) - 15 segundos
ATO III
Palco: Pouca luz. Jó ainda sentado no palco. Facho de luz sobre ele. Entram os empregados, um após o outro, em um impacto crescente.
Empregado 1 (Apressado, esfolegante)
- Senhor, nós estávamos arando a terra com os bois, e as jumentas estava pastando ali perto. De repente... ladrões... nos atacaram e levaram tudo! Mataram todos!... só eu consegui escapar!
Empregado 2 (Da mesma forma, interrompendo o Empregado 1. Jó já um tanto assustado.)
- Raios caíram do céu e mataram todas as ovelhas e todos os pastores!
Empregado 3 (Da mesma forma. Jó, já bastante assustado, se levanta.)
- Meu Senhor, bandoleiros nos atacaram e levaram os camelos!... Mataram os seus empregados!... Só eu consegui fugir!
Empregado 4 (Da mesma forma. Jó bastante transtornado.)
- Senhor Jó, Senhor Jó! Os seus filhos estavam no meio de um banquete... de repente veio um vento muito forte... que soprou contra a casa... e ela caiu em cima dos seus filhos!... Todos morreram!
Jó (Na sequencia, inteiramente transtornado, Jó rasga partes de sua roupa, bate com as mãos no corpo e no chão, e diz e um brado.)
- Nasci nu, e sem nada vou morrer! O Deus Eterno deu, o Deus Eterno tirou! (Levanta os braços.) Louvado seja o seu nome!
Música (Durante, apagam-se as luzes. Cortinas fecham.) - 15 segundos
ATO IV
Narrador
Já era muita desgraça na vida de Jó, mas ele não pecou contra Deus. E Satanás não desistiu. Certo dia, ele chegou diante de Deus para mais uma tentativa; ele argumentou que, caso Jó ficasse doente, coberto de feridas horríveis, aí sim ele iria amaldiçoar a Deus e pecar. Deus concordou e foi o que aconteceu.
Palco: Cortinas abrem. Luz fraca. Jó está sentado no meio do palco, visivelmente doente e abatido. Entra sua mulher.
Mulher de Jó
- E então, Jó, você ainda continua sendo uma pessoa boa e direita? Amaldiçoe a Deus e morra!
Jó
- Você está dizendo uma bobagem. Se recebemos de Deus as coisas boas, por que não devemos também aceitar as desgraças?
Música (Apagam-se as luzes. Jó se levanta e vai lentamente até à frente do palco e se senta novamente.) - 10 segundos
ATO V
Narrador
Três amigos de Jó – Eliffaz, Bildade e Zofar – ficaram sabendo das desgraças que haviam acontecido e resolveram lhe fazer uma visita. Queriam falar que estavam tristes pelo o que havia acontecido e queriam consolar o amigo.
Palco: Entram os três amigos e sentam-se junto a Jó. Silêncio por uns 15 segundos. Jó rompe o silêncio.)
Jó
- Maldito o dia em que nasci! Maldita a noite em que disseram: Já nasceu! É homem! Que o dia em que nasci jamais seja contado entre os dias do ano! Se a minha mãe tivesse feito um aborto, eu não teria existido... Por que não nasci morto? Não tenho paz, nem descanso. Em vez de comer, eu choro... Só tenho agitação!
Elifaz (Levanta-se e fala.)
-Meu amigo Jó. Deus está lhe castigando por causa de algum pecado que você cometeu. Você precisa se arrepender e a sua sorte mudará.
Jó (Exaltado.)
- Mas eu não cometi pecado algum! Mostrem os erros que fiz! Por que eu haveria de pagar com dores profundas eu meu coração e em meu corpo por pecados que não cometi?
Bildade (Levanta e fala a Jó.)
- Até quando você vai falar essas palavras impetuosas e impensadas? Se você for correto e direito, abadonar o seu pecado e orar a Deus, ele vai vir logo para lhe ajudar e não vai mais lhe castigar.
Jó (Transtornado.)
- Sei que não sou justo diante de Deus. Ainda que eu me lave com as águas do mar, com o sabão mais forte, ainda assim estarei imundo diante de Deus... Mas que pecado cometi agora? (Levanta as mãos e olha para cima.) Ó Deus, por que me deixaste nascer!?
Zofar (Levanta e fala a Jó.)
- Será que todo esse palavrório ficará sem resposta? (Aponta o dedo para Jó.) Acaso esse tagarela tem razão? Arrependa-se dos seus erros, e Deus lhe salvará!
Elifaz, Bildade e Zofar (Juntos.)
- Você pecou, Jó! Você pecou, Jó! Você pecou, Jó!
Jó (Irritado.)
Até quando vocês vão me atormentar e machucar com as suas palavras? Sofro dores de todos os lados, e vocês, meus amigos, chegam aqui não para me ajudar, me consolar, para chorar comigo, mas para aumentar o meu sofrimento com palavras duras e enganosas... palavras vazias!
Música (Apagam-se a luz. Os amigos saem. Jó permanece sentado.) - 10 segundos
ATO VI
Narrador
Jó estava convencido da sua inocência. Um certo homem chamado Eliú ouviu falar do sofrimento de Jó, e foi lhe visitar.
Eliú (Facho de luz sobre Jó. Entra Eliú, vindo da platéia, caminhando lentamente em direção a Jó, falando.)
- Não aquento mais! Preciso falar... Belas palavras esses três disseram, mas todas vazias. Elifaz foi um moralista. Bildade foi um simplificador. Zofar foi um irritado. Os três, ao invés de ajudarem a Jó, fizeram um debate! E você, Jó, falou injustamente contra Deus! Ele não é seu inimigo, mas amigo que lhe ama de verdade. Se ele permitiu que os seus pés fossem amarrados com as cordas do sofrimento, Jó, ele o fez não para lhe castigar por causa de algum pecado em especial. O que ele fez foi para provar e fortalecer a sua fé, para que você confie nele ainda mais – pois ele é o Criador de todas as coisas, governa tudo com retidão e justiça e sabedoria, e é o seu Senhor.
Música (Eliú se retira. Jó permanece no palco.) - 10 segundos
Narrador
Sim, todo o sofrimento tem a sua origem no ser pecador que cada pessoa é. Mesmo as pessoas que crêem em Jesus como seu Salvador ainda pecam. Mas Deus não castiga os seus filhos por causa de algum pecado em especial; ele não retribui mal com mal.
Mesmo assim, embora isso possa ser impossível de entender, Deus pode usar o sofrimento como um procedimento pedagógico. Ele pode causar sofrimento para que os seus filhos indiferentes enxerguem os seus pecados, se arrependam e retornam ao seu Senhor. Como no caso de Jó, Deus pode permitir a aflição para que a fé seja provada e fortalecida.
Ah, e que fim levou Jó? Ele, apesar da sua impaciência, das suas reclamações e dos seus protestos, viu que não era capaz de entender bem os caminhos de Deus, e conservou a sua fé no Criador. Sua fé foi provada e fortalecida. E, então, Deus abençoou Jó com o dobro de tudo o que tinha antes!
Um final feliz – que somente Deus pode escrever! Um final feliz que ele também quer escrever na páginas da vida de cada um de nós. Através de Jesus Cristo, os nossos pecados são perdoados e o caminho até Deus está aberto. Quando você for assaltado pelo sofrimento, jamais deixe de entregá-lo nas mãos amorosas de Deus, porque ele sabe o que é o melhor para você. Somente em Deus o sofrimento faz sentido.
ATO FINAL
Palco: As luzes de acendem. Música (2 minutos) alegre, alta. Entram os filhos de Jó, alegres, dançando coreograficamente. Jó se levanta, meio assustado. Fica olhando os filhos dançando. Aos poucos, eles vão até o pai e o abraçam. Jó entra na dança, em festa. As cortinas fecham lentamente.)
Pastor Dieter Joel Jagnow - 30 de junho de 1993
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