MÉTODO SINTÉTICO DE ESTUDO DA BÍBLIA
Introdução: O método sintético de estudo bíblico aborda cada livro da Bíblia como uma unidade e procura entender o seu sentido como um todo. Não se interessa pelos pormenores, mas pelo escopo geral do livro. Com o método analítico você olhou para o texto bíblico como quem olha por um microscópio, interessado nos mínimos detalhes. Com o método sintético você olhe como que através de um telescópio. O que o escritor, movido pelo Deus Espírito Santo, tinha em mente quando escreveu o livro? Qual o pensamento central ou idéia chave do livro? Como ele procura atingir seu objetivo? No método sintético são estas questões as que interessam. Esse método provavelmente é o mais difícil de todos os métodos de estudo bíblico, mas pode provar ser o mais recompensador. Vamos usar as quatro partes básicas para a pesquisa:
(O) - OBSERVAÇÃO
(I) - INTERPRETAÇÃO
(C) - CORRELAÇÃO
(A) - APLICAÇÃO
Com o propósito de ilustração, usaremos a carta do apóstolo Paulo aos ROMANOS:
(O) - Passo Um - Leia atentamente o livro em foco. Tome uma folha de papel e anote as observações ao alto. Ela será usada durante o estudo inteiro. Inclua nessa folha:
1 - Observações: anote os pensamentos principais ou argumentos mais importantes que fluem pelo livro. Arrole as palavras mais importantes (aquelas as quais é dada maior ênfase e que se repetem mais !). Anote coisas como: lugares, acontecimentos, nomes de personagens. Registre as coisas que queira estudar mais tarde.
2 - Dificuldades: quando for incapaz de seguir o pensamento do escritor, anote quando isso ocorre e o que não entende.
3 - Referências: anote quaisquer acontecimentos importantes ou citações que o escritor usa doutras partes da Bíblia. Por exemplo: Romanos 10.18-21 usa uma série de citações do Antigo Testamento (Salmo 19.4; Deuteronômio 32.21; Isaías 65.1,2). Entender o contexto de cada uma dessas citações o ajudará a descobrir o fluxo de argumentação de Paulo no livro de Romanos.
4 - Aplicações Possíveis: várias delas chamarão a sua atenção enquanto ler e reler o livro. Anote-as para uso posterior em seu estudo.
Segue um exemplo simples de como isso pode ser feito:
1.18 - Paulo começa a epístola estabelecendo o fato do pecado humano. Primeiro trata do mundo em geral (1.18-32); depois dos moralistas (2.1-16); finalmente, do judeu (2.17-3.9).
3.21-26 - Aqui vemos a solução do nosso problema - o sacrifício, morte e ressurreição de Cristo. Uma bela e lógica sequência do ensino de Paulo.
3.1 - Os gentios tinham tremenda vantagem. Dá-se o mesmo comigo. Como homem nascido numa família cristã, devo ter consciência de todas as vantagens que eu tenho, que grande parte das pessoas no mundo não têm! (Aplicação)
4.1 - Por que Paulo fala de Abraão aqui?
5.12-21 - Qual o conteúdo do argumento de Paulo nesta passagem? O quê ele está querendo comunicar?
6.1-4 - Belo quadro da nossa identificação com Cristo em Sua morte, sepultamento e ressurreição.
9.3 - Paulo queria ser anátema (maldito) , separado de Cristo, por amor dos seus compatriotas. É uma grande amostra de amor ao próximo, do verdadeiro amor que se preocupa com a situação espiritual do irmão caído. Eu tenho esse tipo de amor pelo meu irmão / amigo? Só podemos amar assim quando refletimos o grande amor de Deus em Cristo por nós - Ele nos salvou. (A)
11.1-32 - Paulo parece indicar que há um futuro para Israel? Este é para a nação ou só para certos indivíduos . Que significa a expressão " todo o" no versículo 26?
12.19 - "Não vos vingueis a vós mesmos " - Eu tenho tendência a ser vingativo com aqueles que acho que me ofenderam. Esse versículo me convida a deixar a justiça e a vingança ao encargo de Deus. (A)
13.2 - Esta passagem implica em que estejamos submissos a toda a autoridade e que não nos oponhamos ao direito, sob pena de sofrermos a dupla punição: da autoridade (a espada) e de Deus (a condenação), visto que as autoridades procedem de Deus e são protegidas pelo quarto mandamento da sua lei.
14.1-23 - Esta passagem fala da liberdade cristã. Tem implicação para a nossa vida como Igreja de Deus hoje. Paulo usa aqui o método de pergunta e resposta.
Segue um esboço do livro de Romanos:
I - INTRODUÇÃO 1.1-15
II - A JUSTIÇA DA FÉ DIANTE DE DEUS E A NOVA VIDA 1.16-15-13
A - O Evangelho cria para o homem um novo status 1.18-5.21
1 - O status anterior: o homem debaixo da revelação da ira de Deus 1.18-3.20
2 - O novo status: o homem debaixo da revelação da Justiça de Deus 3.21-5.21
B - O evangelho cria no homem uma nova vida 6.1-8.39
1 - O homem é libertado do pecado - capítulo 6
2 - O homem é libertado da lei - Capítulo 7
3 - O homem é libertado da morte - capítulo 8
C - O evangelho cria de judeus e gentios um Novo Israel - 9.1-11.36
1 - A liberdade de Deus de criar seu Israel como Ele quer 9.1-29
2 - A Justiça de Deus ao rejeitar o Antigo Israel 9.30-10.21
3 - A sabedoria de Deus na criação de seu Novo Israel 11.1-36
D - O evangelho cria, para o novo povo de Deus, um novo culto - 12.1-15.13
1 - Toda a vida, na Igreja e no mundo, um culto espiritual 12.1-13.14
2 - Fracos e fortes na fé, unidos no mesmo culto para a glória de Deus 14.1-15.13
III - CONCLUSÃO
A - Os planos do apóstolo: de Jerusalém à Roma e de Roma à Espanha - 15.14-33
B - Recomendações e saudações - 16.1-16,21-24
C - A advertência do apóstolo 16.17-20
D - Louvor final 16.25-27
(esboço extraído da obra: CARTA AOS ROMANOS. Franzmann, Martim H.)
PENSAMENTO CHAVE EM ROMANOS
Romanos 1.16,17 - " O justo viverá por fé"
(C) - Passo Quarto - Leia o livro inteiro mais uma vez. Faça a leitura como se estivesse explorando o livro pela primeira vez. Não passe por alto. Tente fazer a leitura de uma única vez. Não deixe de separar tempo suficiente para não ser interrompido. Feito isso, desenvolva o seu próprio esboço do livro. Interesse-se mais pelo fluxo de pensamentos do autor do que pelas divisões de capítulos. Resista à tentação de usar os esboços prontos que se encontram em muitos livros, ou até mesmo o esboço acima. Faça o seu próprio esboço. Veja um esboço mais simples:
I - Introdução 1.1-15
1 - O problema do homem 1.18-3.20
2 - A solução de Deus 3.21-5.21
II - Implicações para a vida de fé
1 - Os cristãos e o pecado 6.1-23
2 - Os cristãos e a lei 7.1-25
3 - Os cristãos são libertos da morte eterna 8.1-39
4 - Os judeus 9.1-11.36
a) a escolha soberana de Deus 9.1-33
b) A graça universal 10.1-21
c) Um futuro para Israel 11.1-36
III - Aplicações práticas para a vida
A - O cristão e a Igreja 12.1-21
B - O Cristão e o mundo 13.1-14
C - O Cristão e a liberdade cristã 14.1-15.7
D - Planos do apóstolo e observações finais 15.8-16.27
(O) - Passo Cinco - Resuma o conteúdo histórico que acerca o livro. Muitas informações poderão ser extraídas do próprio livro, outras trarão a você a necessidade de fazer uso de livros auxiliares, como os de introdução à Bíblia . Procure determinar o seguinte:
1 - Quem escreveu o livro? Como o escritor é apresentado no livro? Que revela ele acerca de si mesmo?
R.: A carta começa reivindicando a autoria de Paulo (1.1). Quando o escritor descreve seu ministério mais tarde (capítulo 10), o tom é realmente de Paulo. As idéias, o estilo, o vocabulário confirmam a alegação de que Paulo a escreveu. Os chamados "pais da Igreja" e outros através dos séculos, referem-se a Paulo como o escritor que a produziu. Jamais tendo visitado Roma em uma das suas viagens missionárias, Paulo comunica entusiasmo e acolhida aos romanos (1.4-12); afirma que o seu contato com eles será mutuamente edificante (1.12)
2 - Para quem foi escrito o livro? Onde viviam os destinatários? Como era a geografia e de que tipo de gente eram eles?
R.: Existem muitas teorias sobre como teve início a Igreja de Roma (ex.: há a hipótese de ter sido fundada por Pedro), mas a melhor delas é a de que foi iniciada pelos judeus convertidos em Jerusalém no dia de Pentecostes (Atos 2). Muitos judeus viviam em Roma, tendo sido levados para lá quando a Palestina foi conquistada por Roma em 63 Antes de Cristo.
3 - Quando e onde foi escrito? Em que circunstâncias e ambiente estava o escritor quando o escreveu?
R.: Diz Paulo que terminou a primeira fase do seu ministério e está pronto para ir à Espanha (15.22). Foi provavelmente no fim do verão de 55 d.C., quando Paulo estava concluindo seu trabalho em Éfeso e se preparava para retornar a Jerusalém com a oferta levantada entre os gentios, para os empobrecidos em Jerusalém. Ele disse: "depois de haver estado ali, importa-me ver também Roma" (Atos 19.21). Falou novamente dessa esperança quando escreveu aos cristãos de Corinto, da Macedônia, poucas semanas depois (2 Coríntios 10.15,16). É o final da Terceira Viagem Missionária de Paulo e o inverno do ano 55-56 d.C. O local de onde Paulo escreveu a carta aos romanos é Corinto, pois Paulo envia saudações a Erasto, recomenda a Febe e menciona Gaio, todos membros da Igreja de Corinto que , ao que se conclui, estavam em Roma agora.
4 - Por que foi escrito? Que estava na mente do escritor quando se sentou para escrever? Havia problemas especiais que ocasionaram a produção do livro? O livro foi escrito para comunicar algo em especial?
R.: Visto que Paulo nunca tinha exercido o ministério em Roma, não tinha de enfrentar problemas especiais. Queria apresentar-se à Igreja e obter apoio para a sua posterior atividade missionária na Espanha. Dizem alguns que Paulo queria conciliar divergências existentes entre cristãos judeus e gentios, mas o mais provável é que simplesmente quisesse expor um compêndio de teologia. Paulo evidentemente espera que Roma se torne para o Ocidente o que Antioquia foi para o Oriente.
Das aplicações possíveis arroladas em suas pesquisas, escolha aquelas que você acha mais conveniente aplicar num estudo bíblico. O que você pode fazer agora é trabalhar sobre um gráfico ou cartaz que deixe visível aos seus ouvintes o tema da carta de Paulo aos romanos e destaque os pensamentos principais e algumas aplicações das mais importantes em Lei e Evangelho que o livro contém. Segue um exemplo:
Tema: A Justificação pela fé
Destaques:
1 - O evangelho é o poder de Deus (1.16), o evangelho é o meio pelo qual o Espírito Santo opera a fé verdadeira (10.17);
2 - A Justiça da fé é dom de Deus em Cristo (1.17;3.21-31;5.1-11)
3 - O estado do ser humano natural (1.18-27;3.9-20)
4 – Fomos libertados dos nossos pecados - cap. 6
5 - A liberdade da lei - cap. 7
6 - A liberdade da condenação - cap. 8
7 - O povo judeu e verdadeiro Israel - caps. 9,10,11
8 - A nova vida - cap.12
9 - O relacionamento com a autoridade e com o próximo - cap. 13
É claro que poderíamos enfocar outros temas. No entanto, esses, ao meu ver, são os principais. Agora, vamos escolher uma aplicação Lei e Evangelho. Ex.:
LEI. O capítulo 3. 9-18 deixa claro o real estado do homem natural diante de Deus. O homem natural não apenas está afastado de Deus, mas é seu inimigo, incapaz de fazer o bem e inteiramente inclinado para o mal. Está reservado para a ira e indignação do dia final se permanecer impenitente e incrédulo.
EVANGELHO: Ao homem natural que nada mais pode fazer a não ser pecar e ofender a Deus, Deus revelou a sua justiça em Cristo Jesus, o qual derramou o seu sangue para acobertar, cobrir, todas as faltas e pecados e para transferir o homem natural do status de perdido e condenado para a situação de justificado pela fé.
Feito isso, o estudo pode ser concluído. A exposição de um livro bíblico não nos permite entrar nos mínimos detalhes; mas destina-se a fornecer um escopo geral do livro, ressaltando as suas ênfases principais.
ATIVIDADES
1 - Usando o estudo do Método Analítico (Estudo 3), escolher um texto bíblico de, no máximo 10 versículos e, no mínimo 5 , e preparar os dois primeiros passos: Situação Histórica e Contexto. Obs.: Preparar para entregar na próxima aula ! ! !
Se houver dificuldades, procurar o pastor !
2 - Procurar memorizar o Pai Nosso e as suas 7 petições com explicação.
(Este material faz parte de um estudo maior, elaborado pelo pastor Sílvio, de Nova Venécia - ES. Veja as outras partes neste mesmo blog)
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