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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Curso de Formação de Líderes - Parte 7

AS PARÁBOLAS

Introdução: Na tentativa de interpretar corretamente a Palavra de Deus e aplicá-la à vida, estudamos, no último capítulo, os princípios de interpretação da Bíblia, destacando especialmente o sentido literal do texto. Hoje queremos destacar o sentido das palavras figuradas no texto bíblico, visto que muitas passagens não têm sentido totalmente literal. Jesus fez uso de figuras de estilo (figuras de linguagem), dentre as quais há muitas metáforas, sinédoques, metonímias, hipérboles, e tantas outras. Mas, sem dúvida, um estilo literário que merece destaque é o das parábolas. Há o cálculo que, de todos os discursos de Jesus, um terço foi dito em parábolas e, por isso, vamos dedicar a elas esse capítulo a fim de melhor auxiliar na compreensão desta importante porção bíblica.

1 - O que é Parábola?

O vocábulo parábola vem do termo grego parabolh que é composto pela junção da preposição para + ballw. A preposição  para  significa " ao lado de, perto, próximo"; e o verbo ballw  significa " lançar, jogar, semear, espalhar". Portanto, paraballw  significa lançar ao lado . Jesus usou parábolas para captar a atenção do ouvinte e iluminá-lo, apresentando ilustrações interessantes, de onde possa concluir por si mesmo, a verdade central dos ensinamentos propostos. A mensagem ou propósito das parábolas de Jesus é descrever o Reino de Deus em ação aos discípulos. Ou, ilustrar verdades do Reino de Deus através de mensagens nas quais entram elementos da natureza e outros da vida cootidiana. Jesus relatou parábolas para que os discípulos e o povo pudessem compreender melhor os mistérios do Reino de Deus.

Manson dá uma excelente definição de parábola, fazendo-nos compreender o seu real significado: " A verdadeira parábola... não é uma ilustração para ajudar esclarecer uma discussão teológica; pelo contrário, é uma forma de experiência religiosa". Então, compreendemos aqui que as parábolas não são apenas um recurso ilustrativo, mas que proporcionam um contato íntimo do ouvinte com a realidade expressa por Jesus nos seus ensinamentos. O valor de tal método de ensino é duplo: primeiramente, torna muito mais fácil a assimilação da verdade, pois a verdade contida numa história entra até em portas humildes; e, em segundo lugar, a verdade assim aprendida fixa-se com mais facilidade à mente e na memória, pois, ao tirar as suas próprias deduções pelas ilustrações, o ouvinte está ensinando a si mesmo.

O termo parábola é usado 17 vezes em Mateus, 13 em Marcos, 18 em Lucas, 2 vezes em Hebreus. Dito isto, agora vamos ver como podemos melhor interpretar as parábolas.

2 - A Interpretação das Parábolas

No caso das parábolas de Jesus têm surgido algumas dificuldades devido o fato que a mesma palavra parábola tem sido usada, tanto nos próprios evangelhos como pelos estudiosos dos evangelhos, para descrever a grande variedade de ilustrações que pode ser encontrada no ensinamento nelas contido. Aquilo que normalmente chamaríamos de provérbio , é designado como parábola em Lucas 4.23 (em algumas versões; a nossa usa provérbio). A parábola que é referida em Mateus 15.15 quase faz parte da natureza de um enigma. A ilustração simples de que as folhas numa árvore são o sinal da aproximação do verão é chamada de parábola em Marcos 13.28. a comparação mais elaborada entre crianças a brincar e a reação dos contemporâneos de Jesus para com João Batista e para consigo mesmo, é usualmente chamada de a parábola do jogo das crianças (Lucas 7.31,32). Por outro lado, as parábolas do semeador e do joio no campo recebem detalhadas interpretações alegóricas (Mateus 13.18-23, 36-43); e as parábolas da rede (Mateus 13.47-50), dos lavradores maus (Marcos 12.1-12), a parábola das bodas (Mateus 22.1-14), e a da grande ceia (Lucas 14.16-24), deveriam com mais exatidão ser chamadas de alegorias.

Os pregadores cristãos de todos os séculos têm-se esforçado, com propósitos homiléticos, por encontrar mais verdades dentro das parábolas de Jesus do que realmente era a sua intenção. Pequenos detalhes têm sido alegorizados para que ensinem verdades que de forma alguma são óbvias nas próprias histórias, e irrelevantes para o contexto no qual elas se encontram. Em resultado disso, a reação crítica se faz sentir poderosamente. Os eruditos asseveram que as parábolas tinham a intenção de ilustrar uma verdade apenas. Ou seja, que as parábolas contém apenas um tertio comparationis , um ponto de comparação. Só nos é permitido alegorizar com Jesus; ou seja, ver mais pontos de comparação nas parábolas onde Jesus assim o fez. Fora disso, as parábolas persistem no seu ponto único de enfoque doutrinário-prático. Embora isso, mesmo com o ponto focal sendo um único, podemos extrair vários ensinamentos subjacentes de algumas parábolas. Exemplo: na parábola do Filho Pródigo, na qual a ênfase recai na alegria do Pai (Deus) em receber e perdoar o seu filho (o pecador arrependido), podemos também aprender uma lição sobre a natureza do arrependimento, o pecado do ciúme e da justiça própria (Lucas 15.11-32).

Para interpretar corretamente uma parábola é necessário distinguir, em primeiro lugar, o ponto de comparação e a verdade central. Vamos usar como exemplo a parábola do credor incompassivo (Mateus 18. 23-35):

a) O ponto de comparação: assim como o rei cancelou o perdão ao credor incompassivo, assim Deus também retém o perdão aqueles que não querem perdoar a seu irmão.
b) Verdade central: perdoemos o nosso irmão assim como Deus nos perdoa em Cristo.

 Passos para atingir o Ponto de Comparação:

a) familiarização com as condições sociais e culturais no tempo de Jesus;
b) familiarização com as condições geográficas, climáticas, agrárias e pastoris daquele tempo. Isso facilitará o entendimento de parábolas como: a parábola do semeador, das ovelhas, etc...
c) compreender os conceitos e termos usados nas parábolas. Exemplo: o Reino de Deus, a Consumação dos Séculos, a Igreja, etc...
d) conhecer o contexto. Ex.: a parábola da Ovelha Perdida está em Mateus 18 e Lucas 15, em ambos os textos Jesus refere-se às pessoas perdidas ou fracas na fé.

Crisóstomo, grande pregador do século IV em Bizâncio, disse: " Não procure exagerar os detalhes das parábolas". Outro disse: " Não faça a parábola andar sobre muitas pernas!"

3 - Características das Parábolas

Parece que Jesus algumas vezes aproveitou a natureza para oferecer as ilustrações para as suas parábolas, como nas parábolas do Semeador (Mc 4.1-9), da Semente que de desenvolve secretamente (Mc 4.26-29), da Semente de Mostarda (Mc 4.30-32) e do Joio (Mc 13. 24-30). Algumas vezes, Jesus usou os costumes familiares da vida diária, como nas parábolas do Fermento (Mt 13.33 9, da Lâmpada posta sobre o Velador (Mc 4.21) , do homem importuno (Lucas 11.5-8, e das Dez Virgens (Mt 25.1-14). Algumas vezes usava os acontecimentos bem conhecidos na história recente (Lucas 19.14); e, algumas vezes, daquilo que poderíamos conceber como acontecimentos ocasionais como a parábola do Juiz injusto (Lucas 18.2-8), do jogo das crianças (Lc 7.31-35), dos Trabalhadores na Vinha (Mt 20.1-16), do Mordomo Injusto (Lc 16.1-9) e do Filho Pródigo (Lucas 15. 11-32). Quando a verdade a ser ensinada é algo além da experiência de seus ouvintes, a parábola não somente se torna fictícia, mas também didática em seu caráter, como no caso da Parábola do Rico e Lázaro (Lucas 16.19-31), onde Jesus conclui a história com uma declaração enfática: " Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos!"

Algumas vezes a lição de uma parábola é suficientemente óbvia pela própria história, como no caso do rico insensato, que tinha feito muitas provisões para si, pensando que poderia descansar tranquilo, usufruindo de tudo o que ajuntara. Jesus aponta a reprovação de Deus à essa atitude, dizendo que aquele homem morreria naquela mesma noite, e tudo o que tinha de nada adiantaria diante do seu chamado para a eternidade (Lucas 12.16-21). Jesus conclui dizendo: " Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus!" (V. 21). Noutras ocasiões, encontramos Jesus fazendo que os seus ouvintes pudessem perceber o ponto central de uma parábola por meio de uma pergunta hábil, como, por exemplo: " qual deles, portanto, o amará mais?" (Lucas 7.42). Ou, então, apontava pessoalmente para a verdade moral, quer na conclusão de uma história (como em Mateus 18.35, onde ele conclui a parábola do credor incompassivo com as palavras : " Assim também meu Pai Celeste vos fará se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão"), quer na resposta a uma pergunta subsequente pedindo esclarecimento (como em Mateus 15.15, onde Pedro lhe pede para declarar a parábola, ou seja, esclarecê-la, explicando o que queria dizer quando afirmou que não é o que entra pela boca do homem o que o contamina, mas tudo o que sai da boca do homem).

4 - Classificação das Parábolas de Jesus

As parábolas de Jesus podem ser classificadas em 4 categorias:

a) as parábolas em que nenhum detalhe ou poucos detalhes têm significado. Ex.: Lc 15.8-10.
b) as parábolas onde um bom número de detalhes podem ser usados para a interpretação. Ex.: Lucas 15.3-7
c) as parábolas onde todos os detalhes têm uma relação com o ponto de comparação . Mateus 22.1-10
d) Há poucas parábolas em que um segundo pensamento independente se apresenta. Ex.: a parábola do Filho Pródigo, onde apresenta o irmão mais velho.

Tarefas para casa

1 - Escolher um personagem bíblico e fazer o Estudo Biográfico (capítulo 6) até o passo5
2 - Refazer , se necessário, as partes assinaladas do estudo de temas.

(Este material faz parte de um estudo maior, elaborado pelo pastor Sílvio, de Nova Venécia - ES. Veja as outras partes neste mesmo blog)

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