OBSERVAÇÃO - PAPEL DE DETETIVE
Introdução: Observação é o ato de reconhecer e anotar um fato ou uma ocorrência. O Mini Dicionário Aurélio assim define a Observação: " Examinar miudamente, estudar. Espiar. Examinar atentamente as pessoas ou o ambiente que as cerca. Vigiar as próprias ações". Observar não é apenas ver; mas, é estar mentalmente atento ao que se vê. O propósito da observação no estudo da Bíblia é examinar detalhadamente o conteúdo da passagem bíblica, e ficar tão familiarizado com ela o quanto possível.
A observação não pode ser genérica. Ela tem que ser exata e precisa. Nem tudo o que você lê será de igual valor para a verificação do sentido de uma passagem bíblica. Por outro lado, há detalhes pequenos altamente elucidativos e que não podem passar despercebidos. Há a necessidade de se aprender a discernir o que é e o que não é importante para o sentido de um texto. Duas coisas são necessárias: a prática e a concentração.
As duas últimas palavras de instrução ditas por Jesus a Seus discípulos foram para prepará-los para o tempo em que ele não estaria mais fisicamente com eles. Jesus garantiu-lhes que o Consolador viria e faria entre eles a sua obra. Ele disse que : " O Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (João 14.26). Pouco depois , Jesus disse: " Quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará a toda a verdade" (João 16.13). Estas passagens nos ensinam que toda a Igreja, especialmente aqueles que exercem os seus dons na área de ensino da Palavra de Deus, estão na dependência do Espírito Santo. Ele é o Guia, Orientador, Consolador e Supremo Inspirador. Portanto, tudo o que se diz de métodos de estudos bíblicos e dicas para aprimorar o ensino/aprendizado está na completa e inteira dependência do Espírito Santo. O processo de Observação exige cinco requisitos:
1 - A Observação exige um ato da vontade: você precisa ter o desejo e a disposição de saber qual o sentido correto do texto bíblico. Você precisa querer conhecer, saber e aprender.
2 - A Observação exige persistência em Saber: aprender nunca é fácil. Requer diligência, disciplina. Saiba que os resultados que se obtém da persistência no saber compensam os esforços.
3 - A Observação exige Paciência: Hoje tudo funciona muito rápido. Os meios de comunicação nos empurram para um mundo muito dinâmico. Às vezes queremos que tudo aconteça rápido demais, e nos decepcionamos quando algumas coisas demoram em acontecer. A verdadeira aprendizagem toma tempo, esforços, persistência, paciência. No processo de aprendizagem não há atalhos. Há mecanismos de facilitação; mas, seguramente, o tempo é fundamental.
4 - A Observação exige uma anotação eficaz: Lembre-se: a escrita foi inventada exatamente porque não podemos decorar tudo. Nós podemos esquecer facilmente um conceito, uma idéia, uma definição importante, se nós não escrevemos. Anotar é preciso. Anotar muito e bem. Tudo o que julgamos necessário e útil; até mesmo aquelas coisas que nós achamos que sabemos muito bem. Nunca se canse de escrever e anotar!
5 - A Observação exige cautela: A observação é apenas o primeiro passo no estudo da Bíblia - a interpretação, correlação e a aplicação devem seguir. É preciso tomar cuidado com três coisas:
a) Não se perca nas minúcias; divida o seu tempo de forma proporcional para todas as partes do estudo. Fazer muitas e boas observações não vão ser muito proveitosas ao ouvinte se você não fizer uma boa aplicação Lei e Evangelho. Todos os passos merecem tempo nobre!
b) Não pare com as observações; mas continue a fazer perguntas ao texto e a procurar respostas significativas. Às vezes, estamos quase no final do estudo e aprendemos mais um conceito que pode ser útil na exposição do texto.
c) Não dê valor igual a tudo. Procure saber o que é mais importante. Ex.: No ministério de João Batista, não gaste a mesma quantidade de tempo para explicar as suas vestes quanto as palavras que ele disse a respeito de Jesus. Veja o que é mais importante e concentre-se naquele ponto.
Use Seis Perguntas Básicas:
1 - QUEM? Veja quem são as pessoas envolvidas no relato
2 - O QUÊ? Saiba distinguir claramente o que aconteceu.
3 - ONDE? Veja onde o relato aconteceu? Qual a sua localização geográfica?
4 - QUANDO? Veja se é possível determinar o tempo : quando se deu isso?
5 - POR QUÊ? Veja se é possível estabelecer as causas do relato, se o relato vem em conseqüência de alguma coisa acontecida anteriormente.
6 - COMO? Como se realizaram as coisas? Com que eficiência? Com que rapidez? Por que meios?
FORMA OU ESTRUTURA DO TEXTO
Como Deus diz as coisas é tão importante como o que ele diz. Ao observar a forma ou estrutura de uma passagem que estiver estudando, deve-se responder a pergunta: como o escritor trata do conteúdo? Que forma ou estrutura ele emprega? O escritor de uma porção da Escritura pode usar a forma de poesia, narrativa, argumentação lógica, discurso, conselho prático, história, drama ou algumas outras formas. Quando você descobre a forma ou estrutura que o autor emprega para transmitir uma mensagem, certamente você vai poder melhor compreendê-la. Eis alguns exemplos de métodos que os escritores bíblicos usaram para relatar as suas mensagens:
1 - Relato do modo como são as coisas. 1 Ts 1 é um exemplo claro disso. Paulo comunica certas verdades nesta passagem, mas o faz mediante o repasso de uma sequência de fatos que todas elas tinham em comum. Poderíamos fazer uma paráfrase desse relato da seguinte forma: " Vim até vocês, preguei o evangelho e vocês reagiram bem. Esta reação manifestou-se pelo fato de que vocês compartilharam o evangelho com os que os cercam. A maneira como estes responderam ao evangelho deu-me a certeza de que vocês agiram com seriedade."
2 - Admoestação e exortação. A carta de Paulo aos Gálatas ilustra isso. Os Gálatas tinham dado crédito à mensagem dos judaizantes. Paulo os exorta a considerarem as implicações decorrentes de seguir o que ele considera um erro grave. Nesse tipo de forma ou estrutura do texto, podemos procurar erros a evitar e orientações a seguir.
3 - Ensino. O Sermão da Montanha (Mateus 5-7) e a carta de Paulo aos Romanos são excelentes exemplos do estilo didático de comunicação. Em Romanos, Paulo emprega a técnica simples de ensino, usando perguntas e respostas, as quais ele mesmo oferece a fim de esclarecer aos ouvintes os pontos principais que ele quer ensinar. É como se fosse um catecismo!
4 - Parábolas. Nós já estudamos as parábolas no capítulo anterior (capítulo 08). Estas são frequentemente usadas por Jesus como uma maneira eficiente de fazer fixar a mensagem que ele quer transmitir aos seus ouvintes. Nas parábolas, procuramos descobrir o ponto principal, evitar que a imaginação produza alegorias sem sentido e tirar as conclusões corretas a respeito do texto.
5 - Narrativa. Grandes porções da Bíblia tomam a forma da narrativa. Gênesis, Êxodo, a maior parte de Números, Josué, Ester, a maior parte dos evangelhos e de Atos dos Apóstolos.
6 - Outros Métodos. Usam-se provérbios e vários outros estilos literários nos salmos e livros poéticos e alguns proféticos. Ao começar o estudo descubra a forma ou estrutura usada, pois isso ajudará grandemente a compreensão do texto.
DESCUBRA AS PALAVRAS-CHAVE
Em algumas passagens que estudar, as palavras-chave vão chamar a atenção imediatamente. É impossível ler 1 Coríntios 13 e não perceber as inúmeras vezes que ocorre a palavra Amor. O mesmo pode ser dito em Hebreus 11 acerca da palavra Fé. Na maioria das vezes, no entanto, esta tarefa é um pouco mais difícil. Requer um trabalho atento de observação!
CONTRASTES E COMPARAÇÕES
Nenhum comentário:
Postar um comentário