Vão e anunciem ao povo tudo a respeito desta nova vida. (At 5.20).
Caros irmãos e irmãs no Salvador Jesus, muito especialmente congregados da missão Colombo e pastor Gilberto.
Uma das coisas que nós mais vemos noticiada na TV, Rádio ou Jornais, são rebeliões em presídios. Os presos se revoltam contra a situação em que vivem. Então, promovem um quebra-quebra, queimam colchões e, muitas vezes, até matam um ou mais companheiros de prisão com o objetivo de chamarem a atenção das autoridades e da sociedade. Outra coisa que também sempre de novo é noticiado, são as fugas das cadeias e presídios. E, de um certo modo, vocês não concordam que parece ser muito fácil fugir das nossas prisões?
Nosso texto bíblico fala de uma prisão e de uma "fuga" espetacular. Paulo e os outros apóstolos estavam se tornando cada vez mais populares por causa da pregação sobre Cristo. Eles faziam muitos sinais e o povo cada vez mais se reunia ao seu redor, sedento por ouvir a boa notícia sobre o sacrifício salvífico de nosso Salvador Jesus.
Mas sempre que alguém fica popular, podemos ter a certeza de que outro alguém está se contorcendo em ciúmes e inveja. Desta vez não foi diferente. O sumo-sacerdote e os saduceus estavam queimando de inveja e, por isso, lançaram mãos de todos os meios para tentar parar os apóstolos e sua pregação. Um destes recursos foi a prisão dos apóstolos. Trancafiados atrás de grades, eles não poderiam espalhar a "maléfica" mensagem de Cristo. Com os discípulos presos, o sumo-sacerdote e os saduceus podiam dormir tranqüilos.
Só que estes homens não contavam com a ação de Deus. Homens podem ser presos, mas Deus não pode ser encerrado numa sala ou numa prisão. E Deus também age em favor do seu povo. Por isso, naquela mesma noite, enviou um anjo para libertar os apóstolos e dar-lhes uma missão: Vão e anunciem ao povo tudo a respeito desta nova vida.
Hoje nós estamos vivendo uma época bastante diferente daquela. Nos primeiros anos da igreja cristã, ela enfrentou perseguição e não foram poucos os cristãos que morreram simplesmente porque eram cristãos. Hoje nós não vivemos uma situação assim. Ao contrário, temos a proteção da Lei que garante que ninguém pode ser perseguido, preso ou sofrer qualquer pena por causa da sua fé ou de suas convicções religiosas. Mas isso também representa um problema para nós.
De acordo com o último censo, o número de pessoas que se "declararam" cristãs ficou abaixo do crescimento populacional, enquanto que cultos não cristãos tiveram aumentado o seu rol de congregados declarados. Se levarmos em conta que muitos apenas se dizem cristãos, podemos afirmar que o cristianismo, no Brasil, está diminuindo. Também podemos olhar a nossa IELB que também cresceu menos que o aumento populacional, representando hoje menos que 0,1% da população brasileira. E, podemos chegar ainda mais perto, olhar o nosso Distrito Paraná Leste e constatar que, em toda a região metropolitana de Curitiba, onde estamos localizados, somos apenas algo em torno de 0,08%! Há pouco tempo a IELB começou seu planejamento para os próximos cinco ou seis anos e, ali, a meta é atingirmos 300.000 membros. Isso significa um crescimento em torno de 4,3% ao ano, ou seja, cada grupo de cem cristãos luteranos estará se esforçando quatro novos membros por ano. Se forem cinqüenta casais novos, basta que apenas quatro deles tenham filhos em cada ano.
Que me desculpem os planejadores de plantão, mas pensar assim é pensar muito pequeno diante do enorme tesouro que temos. A mesma publicação que traz os alvos planejados para os próximos anos, diz que para atingir este "crescimento", a IELB tem o Evangelho claro e puro e a administração dos sacramentos conforme a instituição de Cristo, meios que o Espírito santo utilizará para converter as pessoas à fé em Cristo. E isso nós temos repetido para nós mesmos ano após ano. Mas, parece que a mensagem de Cristo não faz grande diferença em nossas vidas. Se ela realmente fosse uma boa notícia, com certeza nós não deixaríamos de falar sobre Cristo a todos que estão ao nosso redor e, com isso, o crescimento da igreja seria assombroso, tal como foi nos primeiros anos da igreja cristã, apesar de todo a perseguição que existia.
Aliás, precisamos lembrar que realmente hoje existe uma perseguição que nos atinge e que também nos coloca em prisão. Ela não é uma perseguição declarada e nem é perigosa, ao menos do ponto de vista físico. Esta perseguição é feita por nós mesmos. É, não se espantem. Nós mesmos nos perseguimos. Quantas vezes nós deixamos de falar de Cristo porque ficamos imaginando o que os outros vão pensar, ou porque corremos o "terrível" risco de sermos chamados de crentes e sermos confundidos com os "fanáticos" que andam por aí?
A perseguição que a igreja primitiva sofreu trouxe grandes conseqüências. Um historiador diz que em cada lugar onde caiu uma gota de sangue de um mártir cristão, ali nasceu uma igreja. E a prova disso é que, apesar de todo o perigo que aqueles cristãos corriam, eles não deixavam de anunciar a todos as notícias desta nova vida que receberam de Cristo. Apesar de muitas vezes terem sido ordenados a não falar de sua fé, de Cristo, eles sabiam que mais importante que obedecer às autoridades é obedecer a Deus. E nós também sabemos disso. Foi isso que aprendemos ao estudar o quarto mandamento, que fala da obediência aos pais e autoridades: a única ocasião em que temos a "obrigação" de desobedecê-los é quando nos mandam fazer algo que é contrário à Deus, sua Lei e sua vontade.
Também a perseguição e prisão que nós nos impomos traz grandes conseqüências. Mas elas são terríveis. Sempre que deixamos de falar de Cristo para alguém que ainda não tem a nova vida – notem que eu não disse alguém sem religião, ou que não pertence a uma denominação, mas alguém que ainda não tem a nova vida de Cristo – este alguém chega mais perto do inferno, pois sem Cristo é impossível que alguém seja salvo e tenha a vida eterna no céu. E, precisamos ter isso também em mente, Deus irá cobrar de nós esta nossa falta de amor para com o nosso próximo.
Nós estamos vivendo um período especial no calendário da Igreja. Estamos no período festivo da Páscoa, onde recordamos, com mais ênfase, a ressurreição de Cristo e, conseqüentemente, também a nossa ressurreição. Mas até onde isso é realidade para nós? Quantas vezes vivemos como se Cristo não tivesse ressuscitado e, por isso, nós também não temos esperança de ressurreição e somos os mais infelizes seres deste mundo? Ou quem sabe agimos como Tomé, duvidando da ressurreição de Cristo e, por isso mesmo, da nossa própria ressurreição?
Mas a verdade é que Cristo ressuscitou. O simples fato de nós estarmos aqui hoje é uma prova disso. Ao longo dos anos a notícia da Páscoa continuou sendo anunciada dia após dia e, quando nos foi anunciada, o Espírito Santo agiu em nós e nos levou á fé – verdade que, muitas vezes, uma fé vacilante como a chama de uma vela – mas fé que se agarra ao perdão dos pecados e à nova vida que temos em Cristo. E o mesmo Espírito Santo nos capacita a, tal como nos anunciaram, também nós anunciemos Cristo para todos. Isso não é trabalho exclusivo do pastor, mas é trabalho de todos aqueles por quem Cristo morreu e para quem Cristo deu uma nova vida, ou seja, é trabalho meu e seu. Não é trabalho vergonhoso, mas é trabalho exaltado e glorificado por quem realmente faz diferença: o próprio Deus. É Ele que nos recomenda: Vão e anunciem ao povo tudo a respeito desta nova vida.
Meus queridos irmãos e irmãs. Todo o nosso viver anterior, cheio de pecados, já ficou na história e não pode ser alterado por qualquer um de nós. Cristo fez isso em nosso lugar. Ele lavou todos os nossos pecados com o seu sangue inocente derramado na cruz do Calvário e, ao ressuscitar, nos deu uma nova vida. Pode ser que até hoje nós tenhamos vivido com medo da perseguição que nós mesmos nos impusemos. Mas vamos, a partir de agora, viver a nova vida, livre e plena que Cristo nos deu. E, mais que isso, vamos anunciar que para todos os outros seres humanos Cristo também oferece esta nova vida. Vamos realmente levar Cristo para todos, tal como fizeram os primeiros cristãos. Vamos anunciar aos quatro ventos que Cristo ressuscitou e, por isso, nós podemos cantar hinos a Deus; podemos adorar o Senhor com alegria e vir cantando até a sua presença. Pois o Senhor é bom; o seu amor dura para sempre e a sua fidelidade não tem fim.
E Deus vai abençoar o nosso falar e, dia a dia irá juntando a nós as pessoas que vão sendo salvas. Amém.
(Você sabe quem é o autor desta mensagem? Informe-nos, por favor)
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