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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

At 2.17-18 - Ouvindo e falando (mensagem)

Existe um bom número de livros que nos falam da dificuldade de comunicação entre homens e mulheres. Alguém chegou a calcular que uma mulher fala, em média, de seis a oito mil palavras por dia, enquanto um homem fala entre duas e quatro mil palavras. Ao final do dia, depois que falou suas quatro mil palavras, o homem não quer mais se comunicar. Tudo o que ele quer é ficar em silêncio, assistir um pouco de TV e ir para cama. Já a mulher, pode não ter falado suas oito mil palavras do dia e ainda ter uma reserva de duas ou três mil que quer usar para contar como foi seu dia. Por isso, pode ser que nas suas casas também ocorram conversas mais ou menos assim:
Esposa: Oi, meu bem, que bom que você já chegou. Como foi seu dia?
Marido: Bom!
Esposa: Você disse que hoje teria que concluir aquele grande trabalho. Como foi?
Marido: Bem.
Esposa: Que bom. Você acha que seu chefe vai lhe dar o aumento que você está esperando?
Marido: Talvez...
Esposa: Sabe, meu bem... hoje eu descobri que estou grávida.
Marido: Isso é bom.
E por aí vai... ela vai contar tudo o que aconteceu durante o seu dia.
A comunicação muitas vezes será difícil. Há buracos de comunicação entre os sexos, entre o pobre e o rico, entre os que tem muita cultura e aqueles que mal sabem escrever seu nome. Há buracos de comunicação entre pessoas de diferentes raças, nacionalidades e classes sociais. Será que há esperança de que nós poderemos nos entender uns aos outros?
Creio que todos nós lembramos da história da Torre de Babel, ocorrida numa época em que todos os seres humanos falavam a mesma língua e que, para evitar ainda mais pecados, Deus optou por confundi-los, fazendo cada qual falar uma língua diferente. Gênesis nos conta que as pessoas, a partir daquele momento, não conseguiam mais se comunicar e acabaram se espalhando sobre a terra. A história do Pentecoste é exatamente o oposto à Torre de Babel.
Em Atos dos Apóstolos nós lemos que em Jerusalém moravam judeus religiosos vindos de todas as nações do mundo e que cada qual ouviu os discípulos falar na sua própria língua. E Lucas, o autor de Atos, nos dá uma grande lista de lugares de onde vinham estas pessoas. Podemos dizer que todo o mundo conhecido daquela época estava reunido em Jerusalém. Entre aquelas pessoas existiam diferenças de raças, economia, classe social, idioma e muitos outros que causavam dificuldades de comunicação.
Que barulho eles devem ter feito, falando línguas diferentes e tentando ser entendidos uns pelos outros. Como eles poderiam seguir juntos? Como eles poderiam entender uns aos outros? Como poderiam compartilhar sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus por causa do amor de Deus pela humanidade? Como eles poderiam se comunicar?
Então, veio do céu um barulho que parecia o de um vento soprando muito forte... e viram coisa parecidas com chamas... e cada pessoa foi tocada por uma dessas línguas de fogo. Eles estavam cheios do Espírito Santo e tinham agora o dom da fala e da audição. Lucas nos conta que todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, de acordo com o poder que o Espírito Santo dava a cada pessoa.
Quando Pedro se levanta para falar à multidão, ele cita o profeta Joel que, centenas de anos antes, por ordem de Deus, havia predito este acontecimento: É isso que eu vou fazer nos últimos dias – diz Deus -: derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas. Os filhos e as filhas de vocês anunciarão a minha mensagem; os moços terão visões, e os velhos sonharão. Sim, eu derramarei o meu Espírito sobre os meus servos e as minhas servas, e naqueles dias eles também anunciarão a minha mensagem.
O que Joel anunciou e Pedro confirmou é que o Espírito Santo virá para todos:
  • homens e mulheres idosas – tanto aposentados quanto pensionistas;
  • jovens estudantes, alguns trabalhando, outros desempregados, alguns pais de família, outros solitários;
  • pessoas de meia idade, ricas e prósperas;
  • pessoas humildes, felizes com o pequeno rendimento que tem;
  • pessoas que nunca tiveram suas fotos publicadas em revistas ou jornais;
  • pessoas que nunca foram convidadas para falar em público.
O Espírito Santo vem a todas estas pessoas, e todas elas falam e ouvem. Você, meu irmão, acredita nisso? Não, eu não estou perguntando se você acredita que isso aconteceu há dois mil anos, mas se você acredita que acontece ainda hoje? Será que o Espírito Santo é poderoso o suficiente para superar as barreiras que limitam e frustram o nosso ouvir e falar?
Com certeza que sim. E a prova somos nós. O Espírito Santo nos dá a habilidade para superar tudo o que nos divide e separa e abre nos ouvidos para que escutemos o que Deus tem a nos dizer. Olhem uns aos outros. Entre nós podemos também observar muitas barreiras que nos dividem.
  • nós nascemos em diferentes pontos do Paraná e até mesmo do Brasil;
  • alguns cresceram em famílias cheias de amor, outros só tem tristes recordações de sua infância;
  • todos nós experimentamos altos e baixos em nossas vidas;
  • alguns de nós estão contentes, outros deprimidos e tristes;
  • alguns estão saudáveis, outros doentes;
  • alguns são jovens, outros velhos;
  • alguns estão frustrados e bravos, outros experimentaram alegrias em suas famílias ou trabalho...
Se nós pudéssemos parar para analisar cada pessoas que hoje está aqui, com certeza teríamos um grande livro para mostrar todas as diferenças que nos separam.
Mas, pela graça de Deus, nós estamos todos juntos e ouvimos. A principal razão para as pessoas voltarem à igreja é que aqui elas ouvem algo que não podem ouvir em nenhum outro lugar. Só na igreja são ditas coisas que não são faladas em nenhum outro lugar do mundo. E isso é ação do Espírito Santo. Exatamente como aquela multidão no primeiro dia de Pentecostes, nós vimos à igreja com todas as nossas diferenças, e ainda assim podemos ouvir o que Deus está nos dizendo. O Espírito de Deus desceu em nós quando nos reunimos e nós ouvimos a Palavra de Deus exatamente como ela pode ser aplicada à nossa vida particular.
As pessoas que sabem ler podem ler a Bíblia de forma eloqüente ou tropeçando nas palavras. O pregador pode usar palavras que são conhecidas ou falar coisas que não entendemos completamente. Mas, ainda assim, é a Palavra de Deus – a Palavra de Deus pela qual o Espírito Santo nos fala sobre o amor e o perdão de Deus. Cada um de nós vem para a igreja e, apesar de tudo, ouvimos a voz de Deus.
Às vezes nos é difícil ouvir. Nós chegamos aqui cheios de ansiedade e preocupação, ou então transtornados e deprimidos, e isso nos impede de escutar o que Deus está nos dizendo. Nós, muitas vezes, estamos quase que surdos para o evangelho. Nós estamos como alguém com um fone de ouvidos. Enquanto eles estão com suas orelhas tampadas e ouvindo a música, eles não podem ouvir mais nada. É preciso que suas orelhas sejam abertas e desimpedidas para que ouçam.
Mas, de algum modo, nós ouvimos. Não podemos ouvir todos a mesma coisa e  nem entender a mesma mensagem. É algo interessante, no final do culto, perguntar aos outros sobre o que ouviram no sermão. As mensagens recebidas variam de pessoa para pessoa, mesmo que o pregador não tenha tido esta intenção. É que na verdade é o Espírito Santo que está nos falando pela Palavra de Deus e nós levamos conosco uma mensagem de Deus que irá nos ajudar na semana que temos pela frente. O Espírito Santo aplica a Palavra de Deus para a nossa necessidade particular naquele momento. Tal como fez com a multidão reunida no primeiro Pentecostes, o Espírito Santo abre nossas orelhas para que possamos ouvir. E é Ele também que torna este ouvir e falar produtivo, exatamente como fez com o sermão de Pedro, que resultou no batismo de três mil pessoas que foram acrescentadas, num só dia, à igreja de Cristo.
Mas há também o outro lado. No Pentecostes, Espírito Santo não apenas ajudou as pessoas a ouvirem e entenderem os discípulos, mas também deu aos discípulos a habilidade para falar. Deus disse que faria isso: eu derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas e eles anunciarão a minha mensagem. Vejam que Deus não diz: eu vou derramar o meu Espírito nos pastores e pregadores. Deus diz que derramará seu Espírito sobre todo mundo, jovens, velhos, homens, mulheres, ricos, pobres, brancos, negros, vermelhos, amarelos e todos anunciarão a minha mensagem.
O motivo pelo qual nós nos reunimos na igreja semana após semana é para que possamos ouvir a Palavra de Deus e, com isso, ganharmos coragem e convicção para sairmos daqui e falar esta mesma Palavra para todo o mundo. Ou seja, a mensagem que Deus nos fala durante o culto não é para ser internalizada, mas para ser espalhada, para que todos possam saber do amor de Deus que quer salvar todos em Cristo. E depois que ouvimos esta maravilhosa notícia, nós somos mandados de volta para o mundo, para a nossa vida, onde vamos manter contato com outras pessoas a quem precisamos urgentemente contar sobre o que Jesus nos disse e quer dizer aos outros através de cada um de nós.
As pesquisas nos contam o interessante fato de que a maioria das pessoas se une à igreja por causa do contato que tiveram com outros cristãos. Elas conheceram a igreja porque um amigo lhes falou de Cristo e as convidou ao culto. Elas conheceram a igreja porque um amigo lhes testemunhou sobre como Jesus é importante para o seu viver e lhes disse que também para elas Deus tem uma mensagem especial. Quando eu falo da mensagem que recebi aos outros, o Espírito Santo age por meu intermédio permitindo que outras pessoas escutem a Palavra de Deus.
No primeiro Pentecostes, o Espírito Santo prometido por Deus desceu sobre todos. Em nosso Batismo, o Espírito Santo desceu sobre cada um de nós também. O amor e a graça de Deus entraram em nossas vidas. Nós fomos feitos parte da família de Deus e recebemos a promessa de que temos vida eterno no céu. O Espírito Santo entrou em nós e nos deu o poder de falar, contar ao mundo inteiro, começando em nossa casa, com nossos vizinhos, tudo o que Jesus quer dizer a cada um de nós.
Que, com a direção do Espírito Santo e com o poder de Deus, nós possamos sair daqui hoje cheios de coragem para falar a todo mundo sobre o amor de Deus. E, na medida em que repartimos o amor de Deus, podemos ter a certeza de que a cada dia o Senhor juntará à sua igreja as pessoas que vão sendo salvas. Amém.
(Você sabe quem é o autor desta mensagem? Informe-nos, por favor.)

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