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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Mt 18.15-20 - Admoestação Fraternal

Na Igreja cristã se fala muito de missão. Fazer missão. Testemunhar de Cristo. Ganhar outros para Cristo. Isto implica em dois trabalhos distintos: a) Um, é convidar pessoas a conhecerem Cristo e se filiarem à Comunidade; b) outro, instruir e admoestar irmãos na fé, tentados a voltarem ao mundo, ao pecado, abandonando a fé cristã. Desta última ação trata nosso texto. E, diga-se de passagem, é uma tarefa difícil que requer cuidado, paciência e amor. 

Jesus veio ao mundo para salvar o que estava perdido. Ele se mostrou amigo dos pecadores, a fim de chamá-los ao arrependimento e anunciar-lhes o evangelho, a boa nova do perdão dos pecados. Ele anunciou o perdão dos pecados a pecadores arrependidos e se entristecia quando pessoas rejeitavam a palavra de Deus. As palavras que antecedem nosso texto o expressam de forma muito clara: Assim, pois, não é da vontade de nosso Pai celestial que pereça um só destes pequeninos (v.14). E o apóstolo Paulo afirma: Deus deseja que todos cheguem ao conhecimento da verdade e vivam. (2 Tm 2.4) Para isso Jesus deu para sua igreja aqui na terra o Ofício das Chaves.

Ele instruiu seus discípulos de como deveriam agir diante de um irmão faltoso, de um irmão na fé que tentado caiu em pecado, vive em pecado, corre o risco de perder a fé ou já a perdeu. Não se trata por tanto de qualquer pecado de fraquezas, mas num pecado grave e público, uma transgressão dos mandamentos de Deus, quer seja da primeira ou da segunda tábua da lei de Deus. Como agir com um irmão faltoso, que enveredou pelo caminho do pecado. Ouçamos as instruções de Jesus.

1. Quanto teu irmão na fé pecar. Quando ele transgredir aberta e publicamente um mandamento de Deus, quando ele comete um pecado e isto chegou a teus ouvidos; ou se ele pecou contra ti. Ele te ofendeu, enganou, caluniou, você sentiu isso na própria carne. O que fazer? Melhor, o que fazemos normalmente? Normalmente, comentamos e fato com nossos amigos, dizendo? Você já ouviu que nosso irmão na fé fez? Que horror! Como pode? E difamamos a pessoa. Ou se o assunto nos toca pessoalmente, enraivecemos e procuramos vingança. Nós o julgamos e o condenamos violentamente. Ou nos afastamos dele, dizendo: Não quero nada com esse tipo de gente, e assim por diante Todos nós conhecemos isso e em grau maior ou menor já passamos por isso.

2. Vai e fale com ele. Jesus nos diz? Vai e fale com ele. Alias, todos nós conhecemos estas palavras de Jesus, mas precisamos ouvi-las sempre de novo para que ela oriente a nossa vida.

Vai e fala com ele. Não no mercado em público ou na rua, abertamente. Fale com ele em particular, entre 4 olhos, só tu e ele, sem testemunhas. Então indaga a respeito do pecado sobre o qual ouviste ou sofreste.

Ouvida a explicação e confirmado o erro, mostrara lhe pela palavra Deus o seu pecado, o caminho errado pelo qual enveredou. Mas cuidado com a maneira como o farás. Não de uma maneira orgulhosa, de cima para baixo, mas com humildade, de alguém que não tem nada a se orgulhar ou se sobrepor, pois somos todos pecadores que dependemos diariamente da graça de Cristo. Por isso agiremos com paciência e amor, para ganhar o irmão.

No caso em que você sofreu a ação pecaminosa do irmão, cuidado. Não fale com ele de forma justiceira, raivosa e vingativa. Peça a orientação do Espírito Santo, para que você possa lhe falar como Jesus o faria, com amor, para ganhar o irmão. Você e admoestará de forma cordial, com bondade e brandura, no espírito de Cristo.

Pode ser que na primeira admoestação o irmão não te ouça ou mostre até certa agressividade. Você agirá com calma. Na admoestação precisamos de paciência e oração. Escolher bem as palavras que iremos usar e tentaremos novamente. Por vezes são necessárias várias tentativas intercaladas por certos espaços.

3. Se teu irmão te ouvir, ganhaste o teu irmão. Livraste-o do mal que o queria desgraçar. Pode haver algo mais sublime do que isto?

Mas, se ele não te ouvir? As razões podem ser várias, até certa antipatia. Então está na hora de buscar ajuda e envolver mais pessoas. A admoestação, agora, não pode mais depender unicamente de você.

4. Toma contigo uma ou duas pessoas. Por isso Jesus disse: Toma ainda contigo uma ou duas pessoas. Eles examinarão contigo a situação. Se eles concordarem com o julgamento de você, então vão juntos e falem com ele.

Normalmente tomaremos uma ou duas pessoas, irmãos na fé, e marcamos uma visita e o assunto será exposto e examinado com o irmão. Se o assunto for atrito entre duas pessoas, cada uma poderá escolher ainda alguém de suas relações de amizade da comunidade para ajudarem a solucionar o caso. Não há pressa nisso. Talvez haja necessidade de várias reuniões para se compreender o problema e poder ajudar e admoestar. As testemunhas procurarão com calma e amor, mostrar ao irmão faltoso o seu pecado para que se arrependa, receba o perdão, e consolo e corrija sua vida.

5. Se ele não os atender, dize-o à igreja. Isto é algo triste quando alguém não quer dar ouvidos à palavra de Deus e seguir seu caminho no pecado. Então disse Jesus: Dize-o à igreja. Entrega-o ao mais alto tribunal, a igreja? À que Igreja? A Comunidade a qual ele pertence. A Comunidade por sua diretoria ou comissões examinará mais uma vez o caso, falará com o culpado e se ele não der ouvidos à admoestação, o assunto será levado à Assembléia dos membros votantes da Comunidade que tentará convencer o irmão da retidão do processo. Ele será mais uma vez admoestado com amor e paciência. Isto poderá delongar-se por duas ou mais Assembléias, pois nada é feito às pressas, mas com amor. Se não der ouvidos à Igreja, à Assembléia dos membros votantes de sua Comunidade, diz Jesus, considera-o como gentio e publicano, isto é, uma pessoa impenitente que caiu da fé. Ele será excluído da Comunidade por voto unânime. Nota: Poderá acontecer que membros na Assembléia, por simpatia ou política ou por não tomarem o assunto a sério, votarem contra a disciplina, não chegando a assembléia a uma unanimidade. Então a assembléia precisará examinar o voto ou os votos contrários dessas pessoas, e se notar falta de sinceridade, deverão ser também disciplinados. 

Esta exclusão, por estranho que pareça, é um ato de amor. Isto é dito e ordenado por Jesus. Ao a Comunidade agir conforme a palavra de Deus, de forma unânime, está dizendo ao irmão caído: Reconheça seu erro. Veja, unanimemente examinamos o caso. Não é voz de um e de outro, mas de todos nós. Reconheça, arrependa-se e volte. Saiba se você não o reconhecer e não se arrepender, você está rumando para a condenação, a porta do céu está fechada para ti. Pois ao te excluirmos conforme a ordem de Jesus, a porta do céu se fecha para você, pois Jesus, conforme sua palavra e ordem, dirá o Amém a isto.

Muitas vezes, no entanto, acontece que a pessoa impenitente e incrédula já antes do último passo diz, em sua incredulidade: Podem me riscar. Não quero saber mais nada desta Comunidade e se exclui a si mesmo.

Mas se durante o processo a pessoa der lugar à palavra de Deus, ou mesmo depois de excluída, - não importa se tenha passado um ou mais meses ou um ou mais anos, - no momento em que a pessoa cair em si e vier pedir perdão, a Comunidade, sem titubear, lhe estenderá novamente a destra da Comunhão, lhe perdoará e o receberá como irmão. E haverá jubilo no céu por um pecador que se arrepende.

Tal poder, direito e dever de abrir e fechar o céu, o Salvador conferiu a sua igreja, aqui na terra. Chamamos isso de o Ofício das Chaves, o poder especial que Cristo deu a sua igreja na terra, para perdoar os pecados aos pecadores penitentes e retê-los aos impenitentes, enquanto não se arrependem.

Que Deus em sua graça nos conceda a habilidade, amor e paciência nesta luta de nos empenharmos por irmãos que estão no caminho de se desviarem, a fim de ganhá-los de volta e firmá-los na fé. Amém

 

São Leopoldo, 25/08/2008
Horst R. Kuchenbecker

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