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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Rm 5.6-11 - Sermão (2)

Cristo venceu todas as barreiras!  (Rm 5.6-11)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo.

Geralmente nós nos emocionamos quando assistimos a um filme ou documentário que mostra alguém superando grandes dificuldades ou obstáculos, sejam físicos, morais, familiares ou sociais. Um exemplo é o filme Os dois filhos de Francisco, que mostra como Zezé di Camargo e Luciano começaram pobres e, após vencerem muitas dificuldades, chegaram ao sucesso no mundo da música.

Neste caso e em muitos outros que conhecemos, as pessoas vencem barreiras para alcançar sucesso e beneficiar a si próprios e talvez a mais algumas pessoas. Poucos são os que lutam e vencem obstáculos pensando primeiro em beneficiar outras pessoas, e ninguém há que realmente faça isso para benefício de todas as pessoas, todos os seres humanos do mundo.

Ninguém? Na verdade, houve alguém que fez isso, mas não foi um alguém qualquer. Foi alguém que morreu por todos os maus, como diz o apóstolo Paulo na epístola de hoje: De fato, quando não tínhamos força espiritual, Cristo morreu pelos maus, no tempo escolhido por Deus (v.6).

Podemos dizer que Cristo venceu todas as barreiras! Primeiro Ele venceu a barreira da nossa incapacidade de buscar o Deus verdadeiro, pois não tínhamos força espiritual e ainda vivíamos no pecado (v.6,8). Por causa do pecado com o qual já nascemos, perdemos totalmente o rumo e não tínhamos nenhuma capacidade de voltar atrás e seguir o caminho do Deus vivo e verdadeiro.

Cristo, sem esperar nossa iniciativa, veio ao mundo e morreu por nós. Éramos como ovelhas sem pastor, aflitos e abandonados (Mt 9.36), perdidos (1Pe 2.25). Ele então nos procurou, como nos mostra tão lindamente a parábola da ovelha perdida, contada por Jesus em Lc 15.


Deus, em sua imensa graça e amor, não esperou até sermos merecedores de sua atenção. Na verdade, Ele esperaria eternamente, pois nenhum ser humano tem como voltar-se a Ele. Todos nós já passamos há muito do ponto de retorno, pois todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus, diz Paulo em Rm 3.23.

Deus também não fez uma parte e deixou a outra para nós – sua graça não vem em conta-gotas. Nós na verdade não estávamos (nem estamos) em condições de receber nada de Deus – podemos dizer que nosso copo já transbordava com o pecado.

Mas, diz Paulo, Deus mostrou o quanto nos ama: Cristo morreu por nós quando ainda vivíamos no pecado (v.8). Deus agiu e levantou a sua mão poderosa (Lc 1.51) em nosso favor, sacrificando Jesus na vergonhosa cruz do Calvário para derrubar o muro que o pecado construiu entre nós e Ele, nos separando da vida verdadeira.

Mesmo tendo recebido a graça salvadora de Deus, ainda somos incapazes de sozinhos voltarmos ao Bom Pastor. Por isso, Cristo continua entrando em nossas vidas, através dos irmãos na fé, dos pastores e guias espirituais que nos trazem a sua Palavra salvadora.

Pelo fato de naquela cruz Cristo ter morrido não pelos justos (Mt 9.13), mas pelos pecadores como eu e você, é o poder da cruz que nos convence de que, apesar de nossos pecados, nós somos perdoados e amados. É o poder da cruz que produz em nós o descontentamento pelo pecado e nos leva ao arrependimento e à mudança de vida. E tudo isto é graça completa de Deus, sem uma gota de nossa parte (Ef 2.8-9)!

Além de nossa incapacidade de sozinhos voltarmos a Deus e do pecado em que nascemos e vivemos, Cristo teve que vencer outra barreira para levar-nos de volta ao Pai e convencer-nos de seu amor: a nossa inimizade contra Deus, como lemos no v. 10.

Por causa de nossa natureza humana, pecadora e destituída do Espírito Santo, nós éramos inimigos de Deus; estávamos em guerra contra Deus.

O ser humano sabe que é culpado, pois a consciência lhe acusa. No entanto, acha que pode resolver por si só a situação. A culpa o leva a sentir medo de Deus e considerá-lo seu inimigo, contra o qual luta e resiste, pois não quer Deus em sua vida.

A inimizade com Deus e o fato de nascermos mortos espiritualmente nos faz tentar comprar o favor de Deus de diversas formas, e leva o ser humano a adorar falsos deuses. Isso nos torna ainda mais afastados e inimigos do Deus verdadeiro.

Mas, mesmo nesta situação, Deus nos amou tanto que enviou seu único Filho para nos reconciliar com Ele, nos fazer seus amigos (v.10-11, Jo 3.16). Mesmo que resistamos à paz com Deus, ela foi consumada na morte e ressurreição de Cristo por nós e é o alicerce de nossa salvação e vida nova – vida de amigos de Deus.

Essa amizade com Deus nos é dada pela fé em Cristo, também um presente de Deus, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu (Rm 5.5). Assim, nós os que cremos em Jesus não somos mais inimigos de Deus, mas temos paz com Ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1), que nos escolheu para sermos seus amigos (Jo 15.15-16).

 Cristo venceu todas as barreiras! O amor de Deus em Cristo Jesus venceu a barreira da nossa incapacidade de, sozinhos, vir a Ele e nele crer, como diz Lutero, e venceu a barreira do pecado e da inimizade que tínhamos contra Deus, pelo sacrifício de Cristo na cruz.

Cristo venceu todas as barreiras! Ele fez isso não para simplesmente nos deixar emocionados com sua história de superação e vitória sobre todos os obstáculos, inclusive o maior de todos – a morte.

Ele fez isso para provar que nos ama e para nos salvar da condenação à qual estávamos destinados. Por isso, como diz Paulo, nós nos alegramos por causa daquilo que Deus fez por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, que agora nos tornou amigos de Deus (v.11).

Por isso, podemos adorar ao SENHOR com alegria, louvá-lo e ser-lhe agradecidos, como diz o Sl 100, pois agora somos o seu povo, o seu rebanho (Sl 100.3c). E porque Cristo venceu todas as barreiras, podemos ser a resposta ao pedido de Jesus no evangelho de hoje: Peçam ao dono da plantação que mande mais trabalhadores para fazerem a colheita (Mt 9.38).

Cristo venceu todas as barreiras! Por isso somos salvos. Por isso somos mensageiros desta salvação e deste evangelho, que é o poder de Deus para salvar todos os que crêem (Rm 1.16). Amém.

(Rev. Leandro Daniel Hübner)

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