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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O Cristão e o Luto (1)

 "O homem que ama a Deus é bom conselheiro, porque é justo e honesto, e distingue o certo e o errado" (Sl 37.30-31).
A fim de ajudar a pessoa, o aconselhamento busca estimular o desenvolvimento da personalidade: ajudar os indivíduos a enfrentarem de forma mais eficaz os problemas da vida, os conflitos íntimos e as emoções prejudiciais; prover encorajamento e orientação para aqueles que tenham perdido algum querido ou estejam sofrendo uma decepção; e para assistir as pessoas cujo padrão de vida lhes causa frustração e infelicidade. Além disso, o conselheiro cristão busca levar o indivíduo a uma relação pessoal com Jesus Cristo e seu alvo é ajudar outros a se tornarem, primeiramente, discípulos de Cristo, e depois, discipularem outros.
1- A BÍBLIA E O LUTO:
A Bíblia é um livro realista que descreve a morte e sofrimento subseqüente de muitas pessoas. No AT, lemos sobre a presença de Deus quando "andamos pelo vale da sombra da morte"; lemos descrições de pessoas ssofrendo momentos de perda e perturbações, aprendemos que a Palavra de Deus fortalece os que sofrem; e somos apresentados ao Messias como "o homem de dores e que sabe o que é padecer...Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si" (Is 53.3-4).
1.1 - Cristo e o significado do luto:
Os incredulos que sofrem sem esperança para o futuro são muitos. Para esses, a morte é o final de relação. Mas o cristão não pensa desta forma. Em duas passagens mais claras sobre este assunto no NT, aprendemos que "se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em companhia os que dormem" (1 Ts 4.14).
Podemos "consolar-nos uns aos outros com estas palavras" (1 Ts 4.18) convencidos que no futuro "os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados... E quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória" (1 Co 15.52-54).
Para o cristão, a morte não é o fim da existência, mas a entrada da vida eterna. Aquele que crê em Cristo sabe que os cristãos estarão "para sempre com o Senhor". A morte física continua presente porque o diabo tem "o poder da morte", mas devido `a crucificação e ressurreição, Cristo derrotou a morte e prometeu que aquele que vive e crê nEle "jamais morrerá" (1 Ts 4.17; Hb 2.14-15; 2 Tm 1.10; Jo 11.25-26). Assim, os crentes são encorajados a se manterem firmes, inabaláveis e fazendo sempre a obra do Senhor uma vez que tais esforços não são em vão quando temos a segurança da ressurreição.
1.2 - Cristo demonstrou a importância do luto:
Bem cedo em seu ministério, Jesus pregou o Sermão do Monte e falou sobre o sofrimento: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados", disse Ele. O choro foi tomado como certo. Ele era aparentemente visto como um sinal positivo, visto que é citado entre um grupo de qualidades desejáveis como a mansidão, humildade, misericórdia, pureza de coração e pacificação. Talvez possamos presumir de acordo com esta passagem que sem o choro, não será possível oferecer consolo.
Quando Lázaro morreu, Jesus ficou perturbado e profundamente comovido. Ele aceitou, sem comentários, a ira aparente de Maria, irmã de Lázaro e chorou com os que estavam se lamentando. Jesus sabia que Lázaro logo seria ressuscitado dentre os mortos, mas mesmo assim o Senhor sofreu. Ele também afastou-se amargurado ao saber que João Batista tinha sido executado. No Jardim do Getsêmani, Jesus ficou "profundamente triste", talvez com uma tristeza antecipada, mas intensa, semelhante a experimentada por Davi ao observar a morte de seu filho pequeno.
2 - O ACONSELHAMENTO PASTORAL
A Escritura nos serve de orientação e guia. O pastor, como guia espiritual, tem uma importante tarefa a cumprir com os que choram a perda de uma pessoa amada. Em Tg 1.27 fala-se em "visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações..." Este texto mostra com muita clareza que os enlutados devem ser assistidos. A história da ressurreição do filho da viúva de Naim mostra que Jesus se compadeceu da viúva e restituiu a vida ao filho da viúva.
David Switzer, em seu livro "The Minister as Crises Counselor", diz que:
"O ministro deve procurar a família ou a pessoa do enlutado logo que é informado da morte, e esta visita deve ser de caráter privado. Na segunda visita, antes do funeral, o ministro deve perguntar sobre a morte e suas circunstâncias. O terceiro passo é o funeral. O quarto passo é uma visita dentro de dois ou três dias após o funeral. Finalmente, durante as primeiras seis semanas, deve haver semanalmente uma conversação pastoral com os enlutados, e durante as seis semanas seguintes, visitas a cada dez dias, depois a cada duas semanas".
Switzer também apresenta alguns pré-requisitos para o aconselhamento aos enlutados:
 "Primeiro o ministro deve proceder de tal forma com seus sentimentos concernentes à morte, e, mais especialmente, em relação à sua própria morte, que sua própria vida seja um testemunho. Segundo, o ministro deve ter uma dedicação especial para com as pessoas aflitas que o procuram, usando sua iniciativa pastoral com coragem, criatividade e sensibilidade. Terceiro, o ministro deve entender sobre as dinâmicas do luto, e sobre o curso de ação e sobre as necessidades das pessoas enlutadas. Finalmente, o ministro deve ter alguma noção sobre o tratamento com as pessoas, que o habilitará a utilizar sua afinidade com os enlutados ao longo do tratamento".
O pastor, em suas primeiras visitas ao enlutado, deve fazer sentir ao enlutado que o quer ajudar, que o quer ouvir sua aflição e dor. E para que isto aconteça é importante ajudar o enlutado a falar sobre a pessoa amada e as causas da morte. Ajudar a lembrar os bons momentos juntos que passaram quando em vida. O pastor deve se colocar como um ouvinte atento, escutar o que o enlutado tem a dizer. É bom que  enlutado ponha para fora os seus sentimentos.
O pastor como ouvinte deve estar atento para com os sentimentos do enlutado. Deve estimular todos os esforços de pessoa enlutada, para que enfrente a crise com toda maturidade. Deve trabalhar através através dos sentimentos feridos. No entanto, quando o pastor encontra, ou percebe que seu trabalho de aconselhamento está sendo bloqueado, deve então encorajar a pessoa a falar sobre sua afinidade com o falecido, e continuar a fazê-lo até que os elementos negativos sejam superados.
O luto deve ser curado de dentro para fora. O enlutado deve pôr para fora todos os seus sentimentos em relação ao falecido. Isto nem sempre é fácil. O pastor, deve procurar facilitar ao enlutado o caminho à nova realidade. Ouvir o enlutado e estar ao seu lado é muito importante.
O papel do pastor para com o enlutado é sumamente importante. Deve o pastor ser grande observador de toda a situação que passa e enfrenta o enlutado, isto para ajudar melhor na sua recuperação. A Palavra de Deus no aconselhamento é fundamental. O enlutado deve saber que a vida é regida por Deus. Que nossos planos não são os planos dele. Que todos, mais cedo ou mais tarde, vamos partir. Que esta vida aqui é apenas um preparo constante para a vida eterna com Deus. E então as perguntas do porquê isto tinha de acontecer já não serão mais perguntas que exigem respostas para tal pergunta. Cabe-nos dialogarmos com os enlutados e mostrar-lhes que Deus é o autor da nossa vida, sabe e faz tudo para o bem daqueles que o amam. No Sl 43.1-5 o salmista faz indagações pelo porquê. E no final a resposta é: "É preciso continuar a esperar no Senhor! Um dia hei de agradecer-lhe: Tu me libertaste, tu és meu Deus".
Na Bíblia, a Palavra de Deus, temos diversos exemplos de pessoas que sofreram a perda de pessoas amadas. Deus, no entanto, não tirou de sobre eles seu braço forte. Jó quando em dificuldades, quando na dor, foi assistido por amigos. Ficaram ao lado de Jó para o ajudar. Este é um exemplo que deveríamos seguir. Ficar ao lado do enlutado. Ouvir o enlutado. Mostrar-se pronto para ajudar.
O aconselhamento pastoral é estremamente delicado, mais ainda quando se trata do aconselhamento a enlutados. Ao enlutado não é fácil, em certas ocasiões, dirigir as palavras certas no momento certo. Na maioria das vezes (para não dizer sempre) cabe ao pastor esta nobre (sim, nobre) tarefa de levar o consolo e a esperança para aqueles que sofrem.
Todos nós, como ministros de Cristo, fomos chamados para sermos médicos de almas, a fim de sarar as feridas ou enxugar as lágrimas. Nosso Senhor dará sabedoria ao seu ministro e se manifestará por intermédio dele, como o terno e cuidadoso amor do Bom Samaritano; e assim o pastor será capaz de derramar o vinho e o azeite sobre a ferida, tratando-a suavemente. Quão elevado e divino é este ministério, e quão próximo está do próprio Deus o homem que pode cuidar, com carinho eficiente, dos corações que estão a sangrar.
CONCLUSÃO
Este trabalho é muito pequeno para poder medir, analizar e dar soluções para cada caso que envolve o luto. Também não era este o propósito deste trabalho. Mas uma coisa é certa: Os enlutados sempre estarão em nosso meio. O próximo poderá ser eu ou você. Eles estão nos necrotérios, nos cemitérios, nas capelas e até dentro de nossas comunidades a espera de uma palavra de esperança e ânimo... algumas vezes, para não dizer sempre, apenas de nossa solidariedade e companhia.
Queira Deus que este trabalho tenha atingido o mínimo possível do seu objetivo, para que pudessemos compreender algumas situações e sentimentos que envolvem o enlutado, para que quando pastores (a quem cabe a tarefa de acompanhar o enlutado), possamos  compreender o quanto precisamos  ajudar aos que ficam com a dor e a saudade.

(autor desconhecido - se souber, informe para reveder@gmail.com)

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