Querido povo de Deus, irmãos e irmãs no Salvador Jesus.
No último final de semana concluímos os dez mandamentos. Foram dez semanas analisando cada um dos mandamentos, aprendendo a respeito deles e como eles se relacionam em nosso viver. Os textos bíblicos de hoje nos levam a pensar sobre a conclusão dos dez mandamentos, como a aprendemos no catecismo: pois eu, o Senhor, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. Eu castigo aqueles que me odeiam, até os seus bisnetos e trinetos. Porém sou bondoso com aqueles que me amam e obedecem aos meus mandamentos e abençôo os seus descendentes por milhares de gerações. (Êx 20.5-6)
Antes de mais nada, é interessante nos perguntarmos: como está minha vida? Está tudo bem? E como está o meu relacionamento com Deus? Qual é o meu compromisso com Deus? Ou não tenho e não quero nenhum compromisso com Deus? A resposta destas últimas perguntas está intimamente ligada à resposta das duas primeiras perguntas. E elas têm tudo a ver com a conclusão dos mandamentos.
O Salmista nos diz que felizes são aqueles... cujo prazer está na lei do Senhor (Sl 1.1). Ser feliz é o alvo de vida de todas as pessoas. Não existe alguém que, de sã consciência, queria ser infeliz. Mas como ser feliz em meio ao mundo em que vivemos? Como podemos ser felizes quando há tanto desemprego, tantas mortes, tantas tragédias e catástrofes? Como ser feliz quando há tanto roubo e falcatruas que já não sabemos em quem confiar.
No salmo 1 nós temos a resposta. Feliz é quem não se deixa levar pelos conselhos dos maus, aqueles que não seguem o exemplo de quem não quer saber de Deus, aqueles que não se ajuntam com pessoas que zombam do que é sagrado. Felizes são aqueles que se ligam a Deus e permanecem junto dele, fazendo sempre a sua vontade. Felizes são os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam diz Jesus como que para confirmar este salmo.
Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo (Sl 1.3). A promessa contida nestas palavras é de que aqueles que são fiéis a Deus, ou seja, guardam os seus mandamentos, estes têm vida plena, vida repleta de frutos, vida que não tem fim, ou seja, folhas que não murcham. Em outras palavras, podemos dizer que para termos uma vida realmente feliz nós precisamos estar unidos a Deus, ouvindo sua Palavra e a colocando em prática em nosso viver. Precisamos ser fiéis, ou seja, confiarmos no perdão de nossos pecados que temos em Cristo e, ao mesmo tempo, trabalharmos para que este perdão seja estendido a todos ao nosso redor.
Levar o perdão de Cristo para todos é permitir que todos sejam santos, sem pecados, tal como Deus pede que nós sejamos na leitura do AT: sejam santos, pois eu, o Senhor, o Deus de vocês sou santo (Lv 19.1). Ser santo é não ter pecado. Nosso Deus é totalmente santo e, por isso, Ele não admite diante de si qualquer pecado.
Todo ser humano é pecador e, por mais que não queiramos, não uma só pessoa que faça apenas o bem. O apóstolo Paulo nos diz que todos pecaram e carecem da misericórdia Divina. Por nós mesmos, pela nossa situação de pecadores, não podemos nos aproximar de Deus. Não podemos estar juntos dele, pois somos pecadores e Ele é santo. Somente quando nos tornamos santos é que podemos estar juntos de Deus.
Deus, que odeia o pecado mas ama o pecador, viu esta nossa triste situação e veio ao nosso encontro. Em Jesus Cristo, que é o próprio Deus, todos os nossos pecados foram pagos. Nós fomos escondidos na justiça de Cristo, a fim de sermos feitos santos e podemos viver outra vez junto a Deus. Nós fomos enxertados com o Espírito Santo, que nos deu a fé que se agarra a Cristo como nosso Salvador e nos capacita a vivermos a nova vida que Deus nos deu, produzindo frutos que são a nossa resposta ao seu amor por nós.
Esta nova vida foi experimentada pelos cristãos da cidade de Tessalônica, como nos conta o apóstolo Paulo na segunda leitura de hoje. Ele diz que estes cristãos se tornaram um exemplo para todos os cristãos das províncias da Macedônia e Acaia. Pois a mensagem a respeito do Senhor partiu de vocês e se espalhou... e as notícias sobre a fé que vocês têm em Deus chegaram a todos os lugares... Todas as pessoas... contam como vocês deixaram os ídolos para seguir e servir ao Deus vivo e verdadeiro (1 Ts 1.7-9).
Infelizmente, Paulo não poderia dizer isso de muitos daqueles que hoje se dizem cristãos. Boa parte daqueles que se dizem cristãos hoje são cristãos apenas dentro da Igreja ou quando recebem a visita do pastor. Aí são os mais santos. Mas no restante do tempo, suas vidas são como de um não cristão. Não são exemplos de vida para ninguém, não falam de Cristo para ninguém e num momento de aperto mostram todo o desespero que têm pela falta de fé. E estes "cristãos" ensinam isso a seus filhos, netos e bisnetos. O seu pouco participar nos cultos; os poucos – ou inexistentes – momentos devocionais; seus comentários críticos e negativos sobre a Igreja; seu pouco ou inexistente envolvimento com o trabalho cristão; seu compromisso com outros ídolos (TV, festas, trabalho – as desculpas que apresentam) – todas estas coisas acabam por influenciar seus descendentes. O cristianismo frouxo e descompromissado dos pais leva a filhos, netos e bisnetos com um cristianismo frouxo e descompromissado. E alguns ainda reclamam: pastor, eu não sei o que fazer para meu filho participar mais dos cultos, ler a Bíblia etc. ... A resposta é simples: falta exemplo de fé e fidelidade a Deus.
Os tessalonicenses viviam sua fé e fidelidade enquanto esperavam a volta de Jesus que os havia salvo do castigo divino. Isso nos ensina que aqueles cristãos reconheceram sua situação de pecadores condenados e que, graças a Cristo, tinham uma nova oportunidade, uma nova chance de viverem uma vida melhor. Por isso eles se agarraram a Deus e vivam de forma compromissada a ele, servindo-o e demonstrando sua fé no dia-a-dia.
Então ouvimos Jesus nos falando dos mandamentos mais importantes: Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente... ame os outros como você ama a você mesmo (Mt 22.37, 39).
Como nós nos relacionamos com aqueles a quem amamos? Nosso relacionamento com eles é superficial? É descompromissado? É algo que acontece uma vez ou outra? Ou procuramos um relacionamento profundo, caloroso; estamos dispostos a ajuda-los e servi-los naquilo que for necessário; queremos sempre estar juntos daqueles a quem amamos? Olhando deste ângulo, o que podemos dizer de nosso relacionamento com Deus? É um relacionamento de amor ou não? Quando queremos estar pouco juntos daquele que nos salvou e nos deu vida, mostramos amor? Quando não queremos nos envolver com nada que diga respeito ao trabalho de Deus, mostramos amor?
E o que podemos dizer do nosso amor para com o próximo? Nós entendemos o que significa amar aos outros como amamos a nós mesmos? Isso quer dizer que desejamos ao nosso próximo exatamente o que desejamos para nós. E para nós, nós desejamos apenas coisas boas. Entre elas, o perdão dos pecados e a vida eterna no céu. Nós sabemos que recebemos isso pela morte e ressurreição de Cristo. E então, fazemos de tudo para que nosso próximo – familiares, colegas de trabalho, amigos e desconhecidos (inclusive inimigos) também tenham o mesmo que nós temos? Ou somos egoístas e nos preocupamos apenas com nós mesmos e deixamos as outras pessoas à sua própria sorte?
Os 10 mandamentos se resumem nestes dois mandamentos de amor, a Deus e ao próximo. Esta é a vontade de Deus para a nossa vida. É nesta vontade que se resume a ética do nosso viver. E, embora por nós mesmos não tenhamos condições de cumprir a vontade de Deus, nós fomos batizados com Cristo e, com isso, fomos unidos a Cristo em sua morte. Em outras palavras, nós morremos para a nossa antiga e pecaminosa natureza. E, em nosso Batismo, também ressuscitamos com Cristo para uma nova vida. Esta nova vida é dirigida pelo Espírito Santo e ele nos dá capacidade para lutarmos contra o pecado e para fazermos a vontade de Deus.
O nosso Deus é um Deus zeloso, ou seja, que cuida dos seus. Ele é também justo e, por isso, castiga aqueles que não são fiéis, ou seja, aqueles que, conhecendo a vontade de Deus, não a praticam. Por outro lado, o nosso Deus é um Deus misericordioso, que derrama bênçãos sobre bênçãos sobre muitas gerações daqueles que o amam e obedecem aos seus mandamentos.
Meus queridos irmãos e irmãs no Salvador Jesus. Nós temos um Deus zeloso, que cuida do seu povo, que olha o quê e como seu povo está vivendo. Ele realmente castiga – e tem que castigar aqueles que praticam a iniqüidade, ou seja, aqueles que não fazem a sua vontade. Nós também temos um Deus misericordioso, ou seja, um Deus que ama o pecador e que, exatamente por isso, castigou o nosso pecado em seu próprio Filho, Jesus Cristo. Este Deus quer fazer misericórdia, ou seja, quer nos dar a alegria, a felicidade da vida plena e eterna em Cristo. E, em Cristo, ele também nos chama a uma vida comprometida e fiel a ele. Para isso, ele nos enche com o Espírito Santo e nos dá condições para vivermos da maneira como ele quer que vivamos.
Vamos, portanto, viver uma vida cristã compromissada, buscando fazer a vontade de Deus que nos é apresentada nos dez mandamentos, não como forma de merecermos ou comprarmos seu perdão e sua graça, mas vamos fazer isso em resposta amorosa ao amor que Ele demonstrou por nós em Cristo.
Assim, agora podemos dizer Amém. O amém afirma que a pessoa quer e confirma pela fé aquilo que está pedindo e afirmando na história da glória de Deus com cada ser humano em toda a criação de Deus. A glória da misericórdia tem futuro, pois continua na presença eterna de Deus o reino final. Essa é a esperança tranqüila dos que estão na fé em Cristo para viverem felizes neste mundo. Amém. Que Deus nos ajude. Amém.
(Rev. Éder Carlos Wehrholdt - Campo Largo/PR)
Nenhum comentário:
Postar um comentário