Não dê testemunho falso contra ninguém. (Ex 20.16)
É isto o que acontece com a língua: mesmo pequena, ela se gaba de grandes coisas. Vejam como uma grande floresta pode ser incendiada por uma pequena chama! A língua é um fogo. Ela é um mundo de maldade, ocupa o seu lugar no nosso corpo e espalha o mal em todo o nosso ser. Com o fogo que vem do próprio inferno, ela põe toda a nossa vida em chamas. O ser humano é capaz de dominar todas as criaturas e tem dominado os animais selvagens, os pássaros, os animais que se arrastam pelo chão e os peixes. Mas ninguém ainda foi capaz de dominar a língua. Ela é má, cheia de veneno mortal, e ninguém a pode controlar. Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus. Da mesma boca saem palavras tanto de agradecimento como de maldição. Meus irmãos, isso não deve ser assim. (Tg 3.5-10)
Meus queridos irmãos e irmãs no Salvador Jesus Cristo. Chegamos ao oitavo mandamento. Existe uma piada a respeito deste mandamento. Dizem que os cristãos vêem os mandamentos assim: 1-2-3-4-5-6-7-9-10. O oitavo nem aparece, porque os cristãos não fazem fofoca, não falam mal de ninguém, não mentem, não atacam a honra de quem quer que seja. E nós sabemos o quanto isso é verdadeiro, não é mesmo?
Se pegarmos um jornal qualquer, aquele que traz notícias de nossa cidade, ou assistimos um noticiário na TV, o que vemos? Dezenas, centenas de notícias. Quantas delas falam apenas a verdade? E quantas estão recheadas de mentiras ou falsas informações, com o intuito de destruir a imagem de uma pessoa?
E quando nós sabemos de algo a respeito de outra pessoa, o que fazemos?
Depois de nos orientar quanto ao relacionamento com os pais e superiores, quanto ao cuidado da vida, do nosso cônjuge, e dos bens materiais, agora Deus nos fala de outra coisa que é de grande valia para o ser humano: a sua honra. A honra faz parte e adere à pessoa. Lutero inicia seu estudo do 8º mandamento mostrando essa relação de uma forma semelhante. Ele diz que além do nosso próprio corpo, do cônjuge e dos bens materiais, temos outro tesouro que também não podemos dispensar, a saber, honra e boa reputação. Nós precisamos do bem da honra para podemos nos alegrar com nosso corpo, nosso cônjuge e nossos bens materiais.
Mas, e o que é honra? Honra é a autenticidade da pessoa, dada por Deus, pela qual a pessoa é confiável no lugar e no ofício em que Deus a colocou. Honra é o cantinho em que se vale algo, em que se sabe da auto-estima que vem da autenticidade que Deus colocou na pessoa. Honra é o respeito e a estima adquiridos, que os outros têm pela pessoa por causa de sua personalidade, sua seriedade, sua confiabilidade, seu trabalho, seu carinho e suas realizações.
Honra, meus amados, é algo que demora a ser conquistado. Ela não aparece da noite para o dia e nem pode ser comprada por dinheiro algum. Um exemplo é o tempo que levamos para confiar em alguém. Um novo vizinho, por exemplo. Antes de confiarmos o cuidado de nossa casa durante uma viagem a este novo vizinho, vamos conhece-lo melhor. Vamos observa-lo. Ver como ele se comporta, que tipo de pessoas freqüentam sua casa, a maneira como trata seus familiares. E isso consome tempo. Só depois que nós aprendemos a confiar neste vizinho é que vamos deixar a casa ou qualquer coisa aos seus cuidados. Nesse tempo de observação, o vizinho foi adquirindo honra diante de nós. Foi conquistando um bom nome na praça.
E quanto tempo demora para que a honra de alguém seja destruída? Ah, isso é muito rápido. Algumas poucas palavras, uma insinuação aqui, outra ali e... pronto. Destruímos aquilo que alguém levou muitos anos para construir. É isso que o apóstolo Tiago quer nos dizer quando escreve sobre a língua. Ouçam mais uma vez o que ele diz: É isto o que acontece com a língua: mesmo pequena, ela se gaba de grandes coisas. Vejam como uma grande floresta pode ser incendiada por uma pequena chama! A língua é um fogo. Ela é um mundo de maldade, ocupa o seu lugar no nosso corpo e espalha o mal em todo o nosso ser. Com o fogo que vem do próprio inferno, ela põe toda a nossa vida em chamas. O ser humano é capaz de dominar todas as criaturas e tem dominado os animais selvagens, os pássaros, os animais que se arrastam pelo chão e os peixes. Mas ninguém ainda foi capaz de dominar a língua. Ela é má, cheia de veneno mortal, e ninguém a pode controlar. Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus. Da mesma boca saem palavras tanto de agradecimento como de maldição. Meus irmãos, isso não deve ser assim. (Tg 3.5-10)
Ao nos dar o oitavo mandamento, Deus quis nos mostrar como devemos proceder em relação ao cuidado que devemos ter com a honra, o bom nome do nosso próximo. A regra geral é amar ao próximo como a si mesmo. Isso significa que devemos falar das outras pessoas apenas aquilo que gostaríamos que falassem de nós. Em outras palavras, não devemos falar mal dos outros, pois, com certeza, nenhum de nós gostaria que outros falassem mal de nós. Este falar mal, muitas vezes ocorre de uma maneira que até julgamos inocente, uma simples fofoca, um comentário corriqueiro sobre outra pessoa. E estas palavras inocentes acabam se transformando numa grande fogueira, na qual queimamos a honra do nosso próximo.
Quando olhamos as pessoas, percebemos que cada uma delas é diferente e que não há duas pessoas que sejam exatamente iguais, seja no aspecto físico, seja no moral, seja na honra. Deus fez cada um de nós exatamente assim. E quando enviou Cristo, mostrou o seu amor por todas as pessoas, independente de como ela se parece aos nossos olhos. Assim, também nós, em nosso espaço de vida, precisamos entender o próximo, acreditar, ter esperança e falar bem. Quando algo errado acontece, não nos cabe espalhar o assunto. Em nosso espaço de vida, queremos cobrir, perdoar e esquecer. Amar o próximo, apesar das críticas que possa ter contra suas funções, significa cobrir o erro, erguer e animar. Assim o amor defende e promove a vida, os bens e a honra do próximo em nosso espaço de vida.
Isso significa que muitas vezes vamos precisar restringir a verdade. A verdade precisa ser administrada. Com isso não quero dizer que às vezes é preciso mentir, mas que é preciso filtrar a verdade, de forma que ela não venha a prejudicar nosso semelhante. Por mais que algo seja verdade, é preciso verificar se realmente será bom para a outra pessoa aquilo que vou falar dela.
O nosso maior sonho é viver em paz. Infelizmente, nossa língua quase sempre nos tira a chance de vivermos em paz. Paz não é estar sem brigas. Esta é a paz do mundo, que é infinitamente pior que a paz que recebemos de Cristo. Paz é a paixão pela justiça de Deus em Cristo. A paz prefigura o reino final, o paraíso. A verdadeira paz é interna. Ela existe mesmo em meio a guerra e se irradia para o mundo todo. A verdadeira paz é o fato de que Deus, pela fé em Cristo, suspende a sua ira, ama o pecador arrependido e o fortalece para vencer o mal. Deus mesmo venceu o mal pela morte e ressurreição de Cristo.
O maior inimigo da paz está dentro da pessoa. É aquilo que chamamos de velho homem ou velha natureza. Ou seja, o inimigo somos nós mesmos, pois somos atrapalhados por Satanás, o pai da mentira, começamos a mentir para nós mesmos e aos outros sobre a nossa suposta perfeição que poderia regular tudo e todos.
Meus queridos irmãos e irmãs no Salvador Jesus: precisamos ser representantes confiáveis da paz de Deus neste mundo cheio de mentiras, de falsos testemunhos e traições. A lei da paz nos convoca para tratarmos da paz social e demonstrarmos cada vez mais o reino de Deus. Nossa tarefa é fazer com que a paz de Deus influencie a paz no mundo e dê mostras do reino de Deus, mesmo no caos que sempre de novo quer se estabelecer.
Que Deus derrame sobre nós o seu Espírito Santo e nos ajude a sermos porta-vozes da sua paz. E que Ele guie nossas línguas de forma que falemos, a nosso respeito e a respeito das outras pessoas, apenas aquilo que irá contribuir para o seu crescimento e para o fortalecimento da paz. Amém.
(Rev. Éder Carlos Wehrholdt - Campo Largo/PR)
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