DESCRIÇÃO:
Uma visão humorística da destruição do templo de Dagom pela Arca da Aliança
TEMPO:
Aproximadamente 7 minutos
ELENCO:
2 homens
(O Sacerdote e Detetive João Marcos levantam, simultaneamente, o telefone até seus ouvidos em pontos opostos do palco/local da apresentação)
Detetive: Polícia de Asdode, Detetive João Marcos falando!
Sacerdote: (cobre a boca com a mão) Olá, aqui é o sacerdote do templo de Dagom.
Detetive: (olha para o sacerdote) Por que é que você está cobrindo sua boca com a mão?
Sacerdote: (olha para o detetive) Eu pensei que assim todos imaginariam que estou falando ao telefone.
Detetive: Mas você está segurando um telefone em sua mão. Eu acredito que a platéia já percebeu isso.
Sacerdote: (olha a platéia) Ah! É verdade...
Detetive: Além disso, sua voz não ficou parecido com alguém falando num telefone.
Sacerdote: Não ficou?
Detetive: Não, não ficou.
Sacerdote: (tira a mão) E agora? Ficou melhor?
Detetive: Muito melhor. Em que eu posso ajuda-lo, seu sacerdote?
Sacerdote: Eu queria fazer uma denúncia de vandalismo.
Detetive: Certo, certo. Eu tenho uma pergunta a fazer.
Sacerdote: Pois não, o que é?
Detetive: Como se escreve vandalismo?
Sacerdote: É... V... A... N... hummm... Vandalismo... V... A... N... D... é... vandalismo... V... A... N... D... A... vandalismo... V...
(ambos desligam os telefones ao mesmo tempo)
Detetive: (pega um bloco e escreve algo. Dirige-se até o Sacerdote enquanto fala à platéia) Três horas depois que desliguei o telefone, eu fui até o Templo de Dagom. (fala ao Sacerdote) Olá, sou o detetive João Marcos. Sou da Delegacia de Polícia de Asdode. Você me chamou sobre um caso de vandalismo?
Sacerdote: Sim, agora eu consigo! Vandalismo: V... A... N... D... A... é... hummm... vandalismo... é... V... A... N... D... A.... é...
Detetive: (interrompendo) Tudo bem... eu já olhei no dicionário.
Sacerdote: Verdade?! Deixe ver como é que se escreve essa palavra... (olha o bloco de anotações do detetive)
Detetive: (vira o bloco) Vamos seguir com a investigação.
Sacerdote: Sim... sim... claro...
Detetive: Primeira pergunta: Por que você está sentado nesta cadeira?
Sacerdote: Ora... por que como diz a Bíblia, eu sou um sacerdote. Entendeu?
Detetive: Entendi. Agora, se você puder me ajudar... (anda pelo ambiente, olhando o chão) isso aqui está uma bagunça... tudo fora do lugar... eu queria vasculhar a área em busca de alguma evidência...
Sacerdote: Mas, esta bagunça é a evidência, detetive João Marcos. Isto é um caso de vandalismo, lembra-se?
Detetive: Ah, sim, é claro que sim. Você conseguiu ver o número da placa do caminhão que derrubou a estátua?
Sacerdote: Não foi nenhum caminhão, detetive. Eu não tenho dúvidas disso.
Detetive: Como você sabe?
Sacerdote: Porque nós estamos no tempo do Antigo Testamento, e os caminhões só serão inventados daqui uns três mil anos...
Detetive: É mesmo... Então me conte tudo o que você sabe.
Sacerdote: Tudo o que eu sei... Bem, vejamos. Os homens não entendem as mulheres. Eu não sou o mesmo homem com quem minha esposa casou há quinze anos atrás... Eu nunca ajudo no serviço de casa...
Detetive: (interrompendo) Eu estava me referindo ao vandalismo.
Sacerdote: Mas é claro... É a segunda vez que isso acontece desde que nós roubamos a Arca da Aliança de Israel.
Detetive: Arca da Aliança. Você quer dizer aquela caixa de ouro com anjos na tampa? (aponta)
Sacerdote: Sim. Ontem pela manhã, quando chegamos ao templo, encontramos a estátua do nosso grande deus Dagom caída diante da Arca da Aliança, tal como agora. Parecia que Dagom estava se curvando diante da Arca da Aliança. Mas isso é ridículo, não é mesmo?
Detetive: Mas a estátua não se quebrou na primeira vez em que isso aconteceu?
Sacerdote: Não, senhor. Mas desta vez foram quebrados os braços e a cabeça de Dagom...
Detetive: Ahhá! (ar de quem descobriu alguma coisa) Mas é claro...
Sacerdote: Você descobriu alguma coisa?
Detetive: Detetive: Sim, toda esta bagunça... Isto era uma estátua! E eu pensei que era a escultura de um taco de beisebol.
Sacerdote: Um taco de beisebol? O que é um taco de beisebol?
Detetive: É um pouco difícil de explicar. Onde estão a cabeça e os braços da estátua?
Sacerdote: Eles rolaram pela sala e pararam ali, perto da entrada (aponta)
Detetive: (faz ar pensativo) Tem alguma coisa engraçada em tudo isso.
Sacerdote: Engraçado? Bem, se é engraçado, então não é a esquete que estamos apresentando. Nós estamos morrendo aqui.
Detetive: Não... tem a ver com a Arca da Aliança. Como é que uma caixa de ouro com anjos na tampa pode estar relacionada com vandalismo? A menos que... A menos que tenha um anão escondido dentro da caixa. Você já verificou esta possibilidade?
Sacerdote: Não há nenhum anão dentro da arca. Lá só estão dois pedaços de pedra com algumas palavras escritas.
Detetive: Não... eu não falava da possibilidade de ter um anão dentro da arca. Eu estava falando sobre a possibilidade de termos pequena piadas... Nós poderíamos ter salvo esta apresentação de um desastre completo. Mas você estragou a piada.
Sacerdote: Desculpe...
Detetive: (caminha até o outro lado do palco e fala à platéia) O mistério da estátua quebrada de Dagom permaneceu um mistério até depois que eu fui transferido da Delegacia de Asdode para a Delegacia de Ecrom
Sacerdote: (olha para o detetive e fala aos gritos) Com licença... Você está falando com quem?
Detetive: Estou falando com a platéia. É assim que nós ligamos uma cena com a outra. Com isso não precisamos ter efeitos especiais para indicar que vamos mudar a cena.
Sacerdote: Ah!. Bom, então não vou interromper.
(ambos levam o telefone ao ouvido)
Detetive: Delegacia de Polícia de Ecrom, detetive João Marcos falando.
Sacerdote: (falando dentro de uma xícara) Por favor, vocês precisam nos ajudar!
Detetive: (olha para o sacerdote) Por que você está falando dentro de uma xícara?
Sacerdote: Assim minha voz parece estar saindo do telefone. Você não quer fazer o mesmo, colocando um copo ou sua mão diante da boca, assim....
Detetive: Isso é ridículo.
Sacerdote: (tira a xícara) Por favor, ajudem-nos! Nós estamos com tumores!
Detetive: Tumores?!
Sacerdote: Sim, todo mundo em Ecrom está tendo tumores. Por favor nos ajudem!
Detetive: Desculpe, meu amigo. Eu creio que você discou o número errado. Você quer o número do Pronto Socorro?
Sacerdote: Não. Os funcionários do Pronto Socorro estão mortos também. Todas mortas. Eles morreram com os tumores.
(ambos desligam os telefones)
Detetive: (dirige-se até onde o sacerdote está. Enquanto anda, fala à platéia) Imediatamente eu embarquei em minha carruagem e corri até a casa do sacerdote.
Sacerdote: (afasta-se alguns passos longe do trono de sacerdote, e cola um tumor em sua face)
Detetive: (ao sacerdote) Olá, eu sou o detetive João Marcos. Foi você que me telefonou sobre uns tumores?
Sacerdote: Sim, fui eu, policial.
Detetive: Diga uma coisa. Eu já não vi você antes, em algum outro lugar?
Sacerdote: Eu? Não. Eu... é... ahn... é... eu... eu nunca fui o sacerdote do templo de Dagom em Asdode (empurra o trono sacerdotal com o pé). Eu também nunca fui sacerdote. Você deve ter me confundido com outra pessoa.
Detetive: Bom, porque se você fosse o mesmo sujeito da última cena, as pessoas da platéia iriam pensar que esta é uma comédia barata.
Sacerdote: Não, não sou. Eu juro que não sou. Você tem que acreditar em mim.
Detetive: E você me chamou por causa de alguns tumores (olha para o sacerdote) Mas eu só vejo um tumor em sua face.
Sacerdote: E o que você esperava? A transição entre as cenas só durou alguns segundos. Quantos tumores eu poderia colocar em tão pouco tempo?
Detetive: Onde nós estávamos?
Sacerdote: Afinal, você vai me ajudar com meus tumores, ou não?
Detetive: Diga-me, isso tudo tem alguma relação com a Arca da Aliança, não tem?
Sacerdote: Por que você me pergunta isso?
Detetive: Bem... é que o texto está ficando um pouco longo... e eu pensei que nós poderíamos economizar um pouco de tempo.
Sacerdote: É claro que podemos. Sim, detetive João Marcos. De fato os tumores começaram no dia em que transportamos a Arca da Aliança desde o Templo de Dagom em Asdode até aqui em Ecrom.
Detetive: E onde a Arca da aliança estava antes de ir para Asdode?
Sacerdote: Tudo começou quando Eli, o sumo-sacerdote dos hebreus, permitiu que seus dois filhos levassem uma vida irresponsável. Por isso, o Deus de Israel se voltou contra Eli. E quando nós guerreamos com os hebreus, eles não tinham nada que os protegesse. Na batalha nós matamos os filhos de Eli e roubamos a Arca da Aliança que estava no templo deles. Quando Eli ouviu esta notícia, caiu do seu trono de sacerdote, quebrou o pescoço e morreu. Agora, pelo visto, o Deus de Israel está nos amaldiçoando porque roubamos a Arca da Aliança.
Detetive: (bate com o punho na mão) Deveria existir uma lei contra isso.
Sacerdote: Contra roubar a Arca da Aliança?
Detetive: Não, contra um ator falar tanta coisa de uma só vez.
Sacerdote: Mas os atores profissionais fazem isso o tempo todo.
Detetive: Claro, mas é diferente... Bem, eu só vejo uma única saída. Mandar a Arca da Aliança de volta ao povo de Israel. E dentro dela alguns presentes de ouro como um pedido de desculpas.
Sacerdote: Boa idéia. Vamos enviar cinco ratos e cinco tumores de ouro.
Detetive: Eu estava pensando em jóias ou troféus. Mas ratos e tumores também podem servir.
Sacerdote: Claro que servem. Obrigado, detetive João Marcos. Você salvou nossas vidas.
Detetive: (caminha e explica à platéia) Então, quando a Arca da Aliança foi devolvida ao povo de Israel o tumor sarou.
Sacerdote: (vai atrás do detetive) Você tem que dizer tumores, é no plural (dirigem-se à saída discutindo)
Detetive: Eu um tumor fedendo em seu rosto... e ele estava quase caindo.
Sacerdote: Eu pensei que já tinha explicado. Você não me deu tempo suficiente para arrumar melhor o tumor.
Detetive: E aquela xícara? Eu pensei que já tínhamos discutido isso.
Sacerdote: Mas minha voz parecia sair de um telefone. Pergunte para a platéia. Pergunte prá qualquer um. Parecia alguém falando num telefone....
©2001 Bob Snook.
Traduzido e adaptado por Rev. Éder Carlos Wehrholdt
Se você re-escreveu ou adaptou este jogral/teatro, envie-me uma cópia da sua criação: edercw@gmail.com
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