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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Corpus Christi e nós

RECEBENDO A CRISTO PARA NOS ASSEMELHARMOS A ELE
Textos: Sl 115; Ef 4.1-6, 11-16; Mt 26.26-32
Hinos Sugeridos: (Hinário Luterano) 152; 306; 331; 257; 269/298; 293; 154

Corpus Christi – Feriado religioso católico originado da doutrina da TRANSUBSTANCIAÇÃO, do século IX , segundo a qual no ato da consagração dos elementos, por um sacerdote devidamente ordenado, o pão e o vinho se transformam (convertem) em corpo e sangue de Cristo, de modo que não há mais pão e vinho mas apenas corpo e sangue.
Dessa doutrina herética (cf. 1 Co 16.16) se origina a idolatria da veneração da hóstia consagrada, como Corpus Christi (Corpo de Cristo).
E a superstição popular se encarregou de criar lendas de hóstias milagrosas até hoje.
Antes, porém, de condenarmos essa mistificação – convém olharmos o oposto – o excesso de desmistificação ocorrido entre cristãos evangélicos – também luteranos.
A história tem demonstrado que toda a vez que os cultos perderam seu caráter místico e misterioso e os sacramentos não foram devidamente compreendidos nem mais ocuparam a mente dos homens, houve uma decadência na Igreja. E, então, a sede insaciável da alma humana por mistérios e ritos sagrados, encontrou vazão em sociedades secretas de vários tipos, fora da Igreja. E o número de comungantes caiu rapidamente.
Urge resgatarmos em nosso meio luterano (e dos cristãos em geral) o caráter vital que a Santa Ceia tinha para a Igreja primitiva.
At 2.42: PERSEVERAVAM (conservar-se firme e constante, prosseguir, persistir) na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no PARTIR DO PÃO e nas orações.
At 2.46: Diariamente perseveravam UNÂNIMES (todos unidos, um bloco) no templo, e partiam o pão de casa em casa (a celebração não era restrita ao culto na Igreja)
No decorrer do tempo a celebração da Ceia passou a chamar-se MISSA (= sacrifício, oferta) e EUCARISTIA (= ação de graças).
A MISSA EUCARÍSTICA era a celebração da Ceia como SACRIFÍCIO DE LOUVOR.
Para esses cristãos primitivos que vieram do judaísmo, ou das religiões pagãs do mundo antigo, era difícil imaginar um culto divino sem sacrifícios.
Como, porém, não era necessário mais nenhum sacrifício expiatório para obter PAZ com Deus e a SALVAÇÃO, enquanto celebravam o SACRIFÍCIO DE CRISTO por eles, OFERECIAM SACRIFÍCIOS ESPIRITUAIS DE AÇÃO DE GRAÇAS.
Ou seja: a Santa Ceia era um pacto bilateral.
Em resposta ao AMOR VIVO de Deus – Cristo – oferecido na Ceia, ofertavam a ele:
a) O seu corpo: (a vida – Rm 12.1) Por causa da misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como sacrifício vivo, dedicado ao serviço do Senhor e agradável a ele.
b) Ofertavam o testemunho público de sua fé: (em palavras e atitudes que glorificavam a Deus diante dos homens – Hb 13.15) Ofereçamos sempre louvor a Deus por meio de Jesus Cristo. Esse louvor é o sacrifício que oferecemos – a oferta é dada por lábios que confessam o seu nome.
c) Ofertavam dádivas de amor fraternal: (Hb 13.16 e At 2.44-46) Não deixem de fazer o bem e ajudar uns aos outros, porque são estes os sacrifícios que agradam a Deus. Todos os que creram continuavam juntos e unidos, e repartiam uns com os outros o que tinham. Vendiam suas propriedades e outras coisas, e repartiam o dinheiro com todos, de acordo com a necessidade de cada um (essas dádivas eram colocadas sobre o altar e administradas pelos diáconos que as levavam e repartiam aos mais ínfimos dos irmãos)
Faríamos bem se as nossas ofertas dos cultos fossem dedicadas somente para o serviço de caridade da congregação.
Nesse momento da celebração da Ceia não eram admitidos à Assembléia Solene (culto) em que o povo de Deus se encontrava com seu Senhor e Salvador, as pessoas que não tivessem sido batizadas e que não eram povo de Deus e membros da Igreja.
O SACRAMENTO DO ALTAR era a VIDA DA Igreja.
Era inconcebível um culto ou Dia do Senhor sem a celebração da Ceia.
O resultado dessa PERSEVERANÇA regular, constante, na doutrina, na comunhão, na Santa Ceia e nas orações, se fez sentir e é descrito assim:
- Em cada alma havia temor.
- Todos os que creram estavam juntos
- ... louvando a Deus e compartilhando os bens com os necessitados.
Conseqüência: atraíam a atenção de todo o povo e a soma disso foi um estupendo crescimento de novos convertidos.
Assim como o Batismo, a Santa Ceia não é invenção de homens. Foi instituída pelo próprio Cristo.
É um ato sagrado – poderoso – um mandamento a ser cumprido regularmente pelo povo de Deus até a vinda do Senhor.
E o verdadeiro tesouro e sentido desse sacramento, nós encontramos nas palavras de Jesus: Isto é o meu sangue – o sangue da nova aliança, dado e derramado em favor de vós, para remissão dos pecados.
Na morte de Cristo aconteceu a remissão (pagamento, resgate de uma dívida impagável) e também o estabelecimento de uma nova aliança (pacto entre Deus e o pecador) – sempre de novo reafirmada a cada Santa Ceia – para consolo nosso e fortalecimento de nossa fé.
A cada Santa Ceia o selo da fidelidade de Deus ao pacto nos é dado no corpo e sangue de Cristo – que confirmam – garantem a paz e reconciliação com Deus.
Na Ceia, Deus nos aconchega sempre de novo a si e nos diz: De agora em diante vamos viver juntos – somos uma família. Estarei sempre com você.
Assim, a Ceia é um pacto de perdão e de serviço – pois enquanto conforta o nosso coração com o perdão de Cristo, ela aumenta nossa capacidade de amar a Deus e ao próximo.
Cristo se dá a nós na Palavra e na Ceia a fim de que cada vez mais nos assemelhemos a Ele em amor e obediência a Deus (o Pai); amor e respeito ao próximo; humildade; mansidão; bondade; cordialidade; alegria; em tudo testemunhando o amor de Deus pelos homens.
Você hoje recebe a Cristo desta forma especial e misericordiosa, e o carrega consigo.
Que você possa se assemelhar a Ele numa vida santificada de tal forma que é impossível aos outros deixar de perceber Cristo em você. Amém.

Bibliografia:
SASSE, H., Isto é o meu corpo, Porto Alegre, Concórdia.
KOEHLER, E. W., Sumário da Doutrina Cristã, Porto Alegre, Concórdia.
LUTERO, M., Os Catecismos, Porto Alegre, Concórdia.

Autor: Pastor João Carlos Tomm (em 20 de junho de 1992)
(Foram feitas adaptações gramaticais e ortográficas a partir do texto original. Foram mantidos destaques do texto)

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