Células-tronco são células mestras que têm a capacidade de se transformar em outros tipos de células, incluindo as do cérebro, coração, ossos, músculos e pele.
Células-tronco embrionárias são aquelas encontradas em embriões. Essas células têm a capacidade de se transformar em praticamente qualquer célula do corpo. São chamadas pluripotentes. É essa capacidade que permite que um embrião se transforme em um corpo totalmente formado. Cerca de cinco dias após a fertilização, o embrião humano se torna um blastócito uma esfera com aproximadamente 100 células. As encontradas em sua camada externa vão formar a placenta e outros órgãos necessários ao desenvolvimento fetal do útero. Já as existentes em seu interior formam quase todos os tecidos do corpo. Estas são as células-tronco de embriões usadas nas pesquisas.
Células-tronco adultas
O corpo possui outras células-tronco, que continuam a existir até mesmo na idade adulta. Por exemplo, o sistema hemopoiético (produtor das células sangüíneas), que fica na medula dos ossos, contém células-tronco adultas, que somente conseguem se diferenciar nessas células, e não em outras. No jargão científico, são células chamadas de multipotentes. Atualmente essas células já são utilizadas para repor a medula óssea destruída por quimioterapia ou radioterapia contra o câncer.
A novidade é que o governo federal norte-americano, que financia 90% das pesquisas básicas e aplicadas realizadas nesta área, resolveu suspender a moratória que proibia a pesquisa com células-tronco retiradas de embriões abortados. O problema que havia antes com relação essas regrar restritivas é que os grupos pró-vida americanos, que são contra o aborto e a reprodução assistida ("bebês de proveta"), por motivos religiosos ou éticos tinham conseguido influenciar o governo. A única fonte de células-tronco totipotentes e pluripotentes é embriões geralmente obtidos de tentativas de fertilização in-vitro, que existem literalmente às centenas de milhares, congelados em nitrogênio líquido, em clinicas e hospitais que realizam esse procedimento.
Explicando: quando um casal tem dificuldade de ter filhos, uma das técnicas mais usadas é retirar vários óvulos da mulher (geralmente induzidos por poderosas doses de hormônios), e fertilizá-los fora do corpo, usando o esperma do homem. Os embriões assim formados se desenvolvem por alguns estágios ainda fora do corpo, e, se viáveis, são implantados no útero (da mesma mulher, ou de outra, a chamada "barriga de aluguel") para crescer. Os embriões gerados em excesso são armazenados para fazer outras tentativas, caso as primeiras implantações não funcionem (apenas 20% funcionam), mas acaba acontecendo quase sempre que sobrem embriões.
Atualmente muitos países proíbem a destruição desses embriões, ou seu reaproveitamento para pesquisas científicas. Isso está gerando um enorme problema, pois depois de 5 a 7 anos em estoque os embriões podem degenerar em qualidade e não podem ser mais aproveitados para doações ou implantações.
Como é evidente que milhões de vidas poderão ser salvas, e outras centenas de milhões de pacientes em todo o mundo poderão ser curados se a pesquisa com células-tronco puder avançar, a decisão do governo norte-americano é muito bem vinda. No entanto, os problemas éticos continuam, pois não podemos perder de vista os limites que impeçam o abuso (imaginem alguma empresa pagar pessoas para doar óvulos e esperma para produzir embriões, que serão em seguida destruídos para aproveitar as células-tronco).
A Associação Americana para o Progresso da Ciência (www.aaas.org) recentemente emitiu um relatório sobre a pesquisa com células-tronco, em que recomenda que somente embriões doados pelos seus legítimos pais sejam usados em pesquisas. É uma saída, mas que vale apenas para os EUA. Limitações éticas rigorosas como essa não costumam ser seguidas por empresas, e muito menos por outros países.
Os cientistas geralmente obtêm essas células de embriões descartados em clínicas de fertilidade. Os embriões criados pelo espermatozóide e óvulo de um casal -- e que não são implantados no útero nem destruídos pela clínica -- podem servir como fontes de células-tronco.
As qualidades de transformação das células-tronco podem representar tratamentos para muitas doenças que afetam milhões de pessoas no mundo. Por exemplo, uma injeção de células-tronco no cérebro de um portador de mal de Parkinson pode regenerar as funções dos neurônios do paciente e levar à cura. Outras terapias podem incluir diabete, mal de Alzheimer, derrames, enfartes, doenças sanguíneas ou na espinha e câncer.
Com o uso dessas células, os cientistas poderiam testar os efeitos terapêuticos e colaterais de drogas em tecidos humanos, sem ter a necessidade de utilizar animais. As células-tronco poderão também ser usadas no tratamento de problemas genéticos.
Apesar de poder crescer em quantidade ilimitada em laboratório, as células embrionárias podem ser rejeitadas pelo sistema imunológico do paciente quando transplantadas, podendo inclusive gerar tumores. Como as células-tronco adultas oferecem a possibilidade de ser retiradas do próprio paciente, evita-se o risco de rejeição. No entanto, ainda há dúvidas sobre sua capacidade de transformação em outras células. Além disso, sua produção em laboratório na quantidade necessária é mais difícil.
Para algumas pessoas, como grupos religiosos e antiaborto, a destruição de um embrião é o mesmo que matar um ser humano. Fonte: < http://www.biomania.com.br/biotecnologia/cel_tronco.phpp
O que é célula-tronco
(Mayana Zatz)
- É um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. Esta é uma capacidade especial, porque as demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico (por exemplo: células da pele só podem constituir a pele).
Outra capacidade especial das células-tronco é a auto-replicação, ou seja, elas podem gerar cópias idênticas de si mesmas.
Por causa destas duas capacidades, as células-tronco são objeto de intensas pesquisas hoje, pois poderiam no futuro funcionar como células substitutas em tecidos lesionados ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças neuromusculares em geral, ou ainda no lugar de células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes.
As células-tronco são classificadas como:
Totipotentes ou embrionárias - São as que conseguem se diferenciar em todos os 216 tecidos (inclusive a placenta e anexos embrionários) que formam o corpo humano.
Pluripotentes ou multipotentes - São as que conseguem se diferenciar em quase todos os tecidos humanos, menos placenta e anexos embrionários. Alguns trabalhos classificam as multipotentes como aquelas com capacidade de formar um número menor de tecidos do que as pluripotentes, enquanto outros acham que as duas definições são sinônimas.
Oligopotentes - Aquelas que conseguem diferenciar-se em poucos tecidos.
Unipotentes - As que conseguem diferenciar-se em um único tecido.
Quais as funções naturais das células-tronco no corpo humano?
Elas funcionam como células curingas, ou seja, teriam a função de ajudar no reparo de uma lesão. As células-tronco da medula óssea, especialmente, têm uma função importante: regenerar o sangue, porque as células sangüíneas se renovam constantemente.
Onde ficam as células-tronco?
As células-tronco totipotentes e pluripotentes (ou multipotentes) só são encontradas nos embriões. As totipotentes são aquelas presentes nas primeiras fases da divisão, quando o embrião tem até 16 - 32 células (até três ou quatro dias de vida). As pluripotentes ou multipotentes surgem quando o embrião atinge a fase de blastocisto (a partir de 32 -64 células, aproximadamente a partir do 5.o dia de vida) - as células internas do blastocisto são pluripotentes enquanto as células da membrana externa do blastocisto destinam-se a produzir a placenta e as membranas embrionárias. As células-tronco oligopotentes ainda são objeto de pesquisas, mas podemos dizer como exemplo que são encontradas no trato intestinal. As unipotentes estão presentes no tecido cerebral adulto e na próstata, por exemplo.
O que torna a célula-tronco capaz de formar um tecido ou outro?
A ordem ou comando que determina, durante o desenvolvimento do embrião humano, que uma célula-tronco pluripotente se diferencie em um tecido específico, como fígado, osso, sangue etc, ainda é um mistério que está sendo objeto de inúmeras pesquisas.
Dra. Lavínia Faccini, (filha do prof. Donaldo Schüller)
E-mail: laviniafaccini@ufrgs.com.brr
Porto Alegre, RS: 12/03/2005
Este documento foi distribuído durante a palestra na reunião do Conselho Distritial do DIPA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário