O povo de Israel tinha vivido como escravo de Faraó no Egito. O sofrimento tinha sido grande. Deus viu o sofrimento deles e prometeu tirá-los de lá e levá-los para a terra prometida. Para isso enviou Moisés seu servo. Mas faraó de forma alguma queria deixá-los sair. Para poderem sair de lá, foi necessário Deus enviar 10 terríveis pragas para quebrar o coração duro de Faraó. Quando finalmente saíram, encontraram o Mar Vermelho como barreira. Aí o povo reclamou contra Moisés. Deus ouviu a reclamação e mandou que Moisés erguesse a vara e Deus dividiu o mar ao meio e eles puderam passar. O exército de Faraó os seguiu e o mar se fechou sobre eles. Eles tinham presenciado uma gloriosa ação de Deus.
Faziam agora 45 dias que o povo de Israel havia iniciado a caminhada rumo à terra prometida. Depois de terem presenciado toda ação de Deus no decorrer das dez pragas e da passagem pelo Mar Vermelho, começaram a reclamar contra Moisés e Arão.
Nestes poucos dias de caminhada, já era a terceira vez que o povo reclamava. A primeira foi diante do mar Vermelho, quando viram o exército de Faraó chegando. A Segunda vez foi quando, após a passagem pelo mar, estavam caminhando três dias e não tinham água. Chegaram a um local de água, mas as águas eram amargas. E agora, com fome, sem ter o que comer, reclamaram com Moisés e Arão. Não houve revoltas. Houve queixas. É compreensível. O mantimento trazido do Egito tinha acabado. O povo era numeroso. Podemos imaginar crianças chorando, gado berrando. De um lado estava o mar. E de outro o deserto. O desespero bateu à porta. Não é por nada que reclamaram com Moisés V. 3. Será que é possível compreender as queixas deles? Podemos concordar com elas?
Há, pelo menos, problemas que podemos destacar. Primeiro é que eles olharam muito cedo para trás. Aquele que se queixa, normalmente só vê o mal pela frente e não reconhece os benefícios que podem estar pela frente.
Segundo, é que eles se comportaram como se Deus não tivesse a situação sob seu controle. Oras, eles tinham acabado de ver que Deus tinha agido a favor deles e contra os egípcios naquelas dez pragas. Depois ele tinha dividido o mar ao meio. Será que este mesmo Deus não podia continuar sustentando este povo? Em vez de entregar as necessidades a Deus e confiar no Senhor, o povo murmurou contra Moisés.
Os dias de hoje não são diferentes. As queixas e reclamações continuam fazendo parte da vida do povo. A vida em grande parte se faz de reclamações. Até mesmo os filhos de Deus tem suas queixas. Não que não podemos reclamar. As reclamações podem ter um bom motivo, principalmente se algo está errado.
Mas quando reclamamos é fácil de lembrar só das coisas boas do passado. O povo de Israel lembrava-se das panelas cheias de carne, mas esquecia do trabalho forçado e das chibatadas que levavam para produzir tijolos.
Assim as nossas reclamações podem ter um fundo justo, mas elas também podem ser o sinal de falta de confiança nas promessas de Deus. Se temos reclamado em demasia, pode ser que não tenhamos acreditado que Deus está no controle da situação. Em sua Palavra Deus nos promete a sua presença e companhia em todos os dias da vida. A nós cabe confiar nisso. Deus sabe o que está fazendo. Ele sempre está no controle da situação.
O interessante é que Deus ouviu o lamento do povo e deixou que, mais uma vez a sua misericórdia se revelasse. Naquela mesma tarde enviou uma nuvem de codornas e eles puderam comer carne. E diariamente fazia cair o maná para eles poderem recolher.
O texto do evangelho de hoje nos mostra um aspecto semelhante. Jesus, diante de uma multidão faminta, faz o milagre da multiplicação dos pães e peixes. Com cinco pães e dois peixinhos Jesus alimentou cinco mil pessoas. No dia seguinte a multidão foi, novamente, à procura dele. Conhecendo a intenção deles, Jesus disse: "Vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam meus milagres" (v.26). E então os exorta dizendo: "Não trabalhem a fim de conseguir a comida que se estraga, mas a fim de conseguir a comida que dura para a vida eterna." Neste momento, Jesus se apresenta como Salvador, como pão da vida, convida as pessoas a crer nele e a viver sustentados por ele. E em conclusão, Jesus diz que pode dar a eles muito mais do que o maná, nos dias de Moisés, e muito mais do que pães e peixes. Jesus pode dar a vida eterna.
A gente pode comparar os nossos dias de reclamações e queixas como os dias nublados. Parece que naqueles dias o sol deixou de existir. Mas na verdade ele está lá por cima das nuvens. Assim também parece que, nas tribulações, Deus deixou de existir. Mas na verdade ele está lá, por cima de tudo, no controle de toda situação. A presença dele e a misericórdia nos acompanham diariamente. Amém
Pastor David Karnopp - Vacaria (RS)
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