Introdução:
Ouvir por diversas vezes a gravação do rangido das dobradiças de algumas portas mal lubrificadas. Pedir para os presentes identificarem. É irritante o barulho constante de dobradiças sem óleo...
Tomemos como exemplo o caso de um doente, passando muito mal, que requer silêncio e calma. O doente está em fase terminal. O médico o mandou prá casa, como se diz "prá morrer em casa". Qualquer ruído o irrita. De própria experiência sabemos que, quando algum problema físico nos incomoda, qualquer barulho deixa os nervos à flor da pele. E a porta do quarto onde está o doente, no vai-e-vem e no entra-e-sai do médico e das pessoas que o visitam, fica rangendo.... no abrir e no fechar. Ninguém da casa se dá de conta do costumeiro barulho. Já estão acostumados. Já por anos e anos a família estava habituada com ele.
Um vizinho atencioso se incomoda com aquilo. Nunca lhe tinha chamado a atenção porque nunca tinha entrado naquele quarto. E aquele barulho enervante das dobradiças secas e mal conservadas o irrita. Sem cerimônia, sem perguntar à família, busca em casa um tubo de óleo lubrificante e algumas gotas somente fazem silenciar o desgastante e irritante barulho de dobradiças secas e mal cuidadas. A porta continua a ser aberta e fechada. O irritante rangido sumiu... pela presença de algumas gotinhas de óleo.
Irritante é o relacionamento humano onde há constante rangido. Com o tempo, talvez, nem seja percebido pelos "de casa". A gente se acostuma a tal ponto com as irritantes refregas do vai-e-vem das discussões acaloradas, que no fim acha falta quando as "dobradiças" não rangem. Mas nos convençamos: Um mau relacionamento, um relacionamento seco, onde meia dúzia de palavras já irritam, no qual não se sabe trocar meia dúzia de palavras sem aparecer o rangido, ele é visto pelo vizinho, e ele irrita. Quando as "dobradiças" de nosso inter-relaciona-mento não são conservadas com algumas gotinhas de óleo, elas rangem, irritam, desgastam e deixam uma má impressão no "vizinho" e um mau resultado prá nós mesmos.
Em muitas ocasiões há tumulto dentro de nossos lares, no ambiente de trabalho, numa reunião qualquer. São as dobradiças das relações mal conservadas fazendo barulho inconveniente. São problemas complexos, conflitos, inquietações, abalos. Mas nós, na maioria dos casos, podemos apresentar a cooperação definitiva para a extinção das discórdias. Não é preciso o vizinho intervir com um tubo de óleo. Basta lembrarmos do recurso infalível de algumas gotinhas de compreensão, de silêncio, de carinho, de perdão, de paciência, de fraternidade, de amor, de afeição, e o irritante barulho cessa, os nervos se acalmam e a desgastante irritação vai embora.
Vejamos algumas situações mais freqüentes de rangido em nossos relacionamentos:
1) Discussões calorosas geralmente provocam ressentimentos, mágoas, ofensas, agressões verbais e mal-estar. Relacionamentos em tais estados de ânimos exaltados e de sentimentos feridos, obrigatoriamente rangem, incomodam e se tornam extremamente desgastantes e não vão longe. Geralmente são a porta de entrada para a interrupção de relacionamentos conjugais, familiares ou sociais.
E nós nos acostumamos a este "barulho", não sabemos nos relacionar sem ele. Mas o vizinho (pessoas de fora) percebe e se irrita. É que o rangido está ali.......
Aplique algumas gotinhas de perdão – lubrifique o relacionamento irritante. Este processo, que parece tão simples, é muitas vezes complicado em relacionamentos onde ninguém quer "dar o braço a torcer" por pura falta de humildade. Perdão sincero e verdadeiro, sabemos, está "amarrado" ao perdão de Cristo. Perdoe e peça perdão. A "porta" invisível do relaciona-mento vai para os dois lados.
2) Impaciência leva as pessoas a agirem com estupidez. O interlocutor começou a falar, a pessoa pensa que já deve interromper, dar o troco, devolver a voz exaltada. E se olhamos bem, vamos ver que toda a nossa vida está muito marcada pela impaciência, pelo próprio contexto da vida moderna agitada.
Uma gotinha de silêncio e paciência para ouvir e para esfriar os ânimos do interlocutor desarma um clima de nervos à flor da pele. Tente. "Cala-te, boca" muitas vezes deve ser uma exigência imposta a nós mesmos. O outro vai "baixar a bola" se não tem quem fica competindo com ele. Diz um ditado alemão "Schweigen hat Gold im Mund" (silenciar tem ouro na boca). Salomão até diz que "no muito falar há pecado" (Pv 10.19).
E se eu sou o agressor impaciente, aquele que só sabe "roncar grosso" quando me relaciono com alguém, que me lembre que Deus é juiz! "A impaciência é toda vã" dizia um hino (versão antiga) ou "a impaciência dos pagãos não é própria dos cristãos" (versão atual) – Hino 320.4.
3) Relacionamentos frios, que por um fio descambam para a hostilidade, por causa da insatisfação que geram, são comuns e freqüentes hoje em nossos lares, sem falar na gelada sociedade. Se num lar predomina a frieza, não será de admirar que filhos, especialmente adolescentes, procurem subterfúgios e outras compensações para preencherem o vazio: amizades secretas, drogas, namoros escondidos, pornografia (são tudo compensações). Ela também leva tantos homens aos bares e tantas mulheres à amargura e desilusão.
Gotinhas de carinho, em vez de críticas que ferem, julgamentos precipitados e desin-teresse pelo relacionamento, produzem efeitos duradouros para um ambiente sadio e gostoso. Afeto, gentileza e palavras carinhosas são como a diária massagem na alma. Estas gotinhas mantêm pessoas unidas por fortes laços e amizades duradouras. Aprendamos a ser (mais) carinhosos com quem nos relacionamos.
4) Intolerância existe muito forte entre pessoas e povos. O intolerante não aceita erros ou falhas nas atitudes alheias. Geralmente (para não dizer sempre) o intolerante é um exímio perfeccionista (a seu modo). A intolerância conduz a discórdias e desavenças, no caso de alguém não se calar diante de repreensões insensatas e exigências descabidas, ou conduz a humilhações, seja de quem for. Marido intolerante está constantemente de olho em cima das palavras e atitudes da mulher e vice-versa. Pais intolerantes encaminham filhos à revolta e à fuga do "ninho" precocemente.
Gotinhas de afeição e compreensão combatem e reprimem a tendência intolerante e lubrificam as engrenagens da amizade verdadeira, inclusive no casamento. Nós casados temos que nos convencer sempre que a pessoa mais amiga, "amiga do peito" não deve e nem pode ser outra que não nosso cônjuge! E nossos filhos, embora possam nos chamar de antiquados e caretas, precisam ver em nós pais pessoas amigas, em quem possam confiar e a quem abrir o coração, sem medo de serem pisoteados em sua estima, mesmo quando erram e então buscam apoio em nós.
Outras causas e outras situações certamente, além das mencionadas, fazem a porta do nosso relacionamento seguidamente ranger e irritar. Que o "vizinho", Jesus Cristo, intervenha com seu Evangelho e perdão e lubrifique nossos corações, bocas e mãos.........
Subsídio: adaptado (p/ Rev. Heldo Bredow) de mensagem de autor desconhecido em página da internet.
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