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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

1 Co 11.3 - Dia dos Pais ( Sermão)

Mas, agora, ó Senhor, tu és nosso Pai,... (Is 64.8) Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo" (1 Co 11.3).

Introdução

    Dia do papai! Uma data muito badalada e festejada na mídia, mas somente para fins comerciais, neste mundo de plástico.

     Se olharmos bem para a pessoa "homem" em nossos dias, vemos que o assunto homem vive uma grande crise em toda sua esfera de ação: na família, no trabalho e na sociedade, sem falar das grandes aberrações morais.

     O que é feito daquele que deve ser o cabeça do lar (Ef 4.23), sacerdote do lar, o representante de Deus na família, conforme o quarto Mandamento?

      O homem é valorizado somente por sua carreira, e carreira se avalia pelo dinheiro que consegue. O dinheiro dá prestígio. Assim o homem é lançado numa louca corrida, na qual a família, esposa e filhos, igreja e amigos, são relegados a um plano secundário. Nesta atmosfera o amor não encontra ambiente para crescer.

     A isso soma se o nefasto fato da liberação sexual e do desvirtuamento da mulher.

     Lado a lado no campo de trabalho, surgem amizades e relacionamentos, tentações e pecados. Para abafar a consciência, o homem se  precipitam no trabalho, em distrações como esportes, passeios, no álcool, etc. O homem moderno tem medo de ficar a sós, pois teme o despertar de sua consciência.   

     Haverá uma saída para essa miséria humana? Sim! Por isso é importante refletirmos, neste dia, sobre a responsabilidade do pai na família, na igreja, no trabalho e na sociedade.

   Permitam-me, em primeiro lugar, citar dois depoimentos: O poeta Matthias Cláudios (1740-1815) disse: "Quando oro o Pai Nosso, lembro do meu pai. Como ele foi bom, sacrificou-se pela família. Vejo nele o meu Pai celestial." Outro depoimento de uma jovem: "Não gosto da palavra "pai". Ela me faz lembra meu pai, que fui cruel para com minha mãe e com nós filhos."

O Pai Celestial

    Se nós quisermos refletir sobre a palavra "pai", importa levantar nosso olhos para o "Pai Celestial. O apóstolo Paulo se refere a Deus assim: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdia e Deus de toda consolação" (2 Co 1.3). Por isso na exposição do Pai Nosso, Lutero acentua: "Por esta palavra, Deus quer nos atrair carinhosamente, para crermos que ele é o nosso verdadeiro Pai e nós, os seus verdadeiros filhos, para que lhe roguemos sem temor, com toda a confiança, como filhos amados ao querido pai."

Deus Pai

     Deus tem usado esta sublime palavra para revelar a suas criaturas sua essência e seu amor. Ele é nosso Criador, conforme o confessamos no 1º Artigo do Credo Apostólico: Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador de céu e terra. "Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas; e me deu corpo e alma, olhos, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva;... supre-me;... protege-me, me guarda, por sua paternal e divina bondade e misericórdia. Por tudo isto devo dar-lhe graças e louvor, servi-lo e obedecer-lhe. E muito mais do que isto. Ele nos amou em seu Filho, Jesus Cristo, que salvou a humanidade. Assim, em Cristo, nosso Criador tornou-se nosso Pai Celestial, o Pai de toda a misericórdia, para com todos os que crêem na graça de Cristo, que podem achegar-se agora a Deus, sem temor e com toda a confiança, como filhos amados a seu Pai amado. Que bênção.        

     Quando os movimentos feministas chamam isto de machismo e não querem mais pensar em Deus como Pai, mas falam num Deus impessoal, ou Deus pai e mãe, só revelam sua mente deturpada. Nós mantemos com muita gratidão o fato de Deus ter se revelar a nós carinhosamente como Deus Pai, revelando seu imenso amor à humanidade em seu Filho unigênito, Jesus Cristo. E todos os filhos de Deus, procuram, em sua responsabilidade de pai, seguir o modelo do Pai na força que o Pai supre. 

O dom de ser pai

     O dia do papai nos convida a refletir sobre este maravilhoso dom de sermos cooperador na procriação da raça humana. Que responsabilidade! Queremos relembrar também a fonte de onde nos provém a força e o consolo para o cumprimento de nossa missão. Pois ser pai é um título eterno e de alto significado. Importa olharmos para o nosso Pai celestial, de quem recebemos do dom da paternidade, para exercê-lo conforme sua vontade e na força que ele concede (1 Co 11.3; Ef 5.22-23; 1 Tm 2.11-15).

    

Qual é a responsabilidade de pai?

     O apóstolo escreve: "Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo" (1 Co 11.3). Aqui começa a verdadeira paternidade, "ser Cristo o cabeça de todo o homem."  Ter Cristo no coração, ser sacerdote do lar.

     Ao pai, como cabeça da família, cabe a responsabilidade de dirigir a família.

1. Ele é a cabeça do lar. "Porque o marido é o cabeça da mulher" (Ef 5.23). A expressão cabeça indica a responsabilidade de dirigir, de dar direção à família, liderar. Sua primeira responsabilidade é guiar a família na comunhão com Deus. Pois ele é o sacerdote do lar. Isto requer dele que ele próprio esteja em diária comunhão com Deus. Que seja uma pessoa disposta a ouvir a Deus, tanto pelo ler a Bíblia como ouvir a Deus nos cultos, que seja um homem de oração. A vida em comunhão com Deus requer que o véu, que nos separa de Deus, o pecado, seja diariamente removido por contrição e arrependimento, pelo apego à graça de Cristo, pela luta contra as tentações da carne, do mundo e as ciladas de Satanás. Pois os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. (Ef 5.24)

     E aqui cabe que cada um se examine. Somos nós queridos filhos de Deus? Vivemos em comunhão com Deus, pela fé na graça de Cristo, ouvindo-o e fazendo sua vontade?

 

2. Ao pai cabe exerce disciplina no lar, isto é, a tarefa de educar. O salmo afirma: "Não porei coisa injusta diante dos meus olhos; aborreço o proceder dos que se desviam; nada disto se me pegará" (Sl 101.3). Quão séria é está admoestando em nossos dias com a TV e a internet em casa. Guiar a família "a desejarem ardentemente o genuíno leite espiritual, para que por ela nos seja dado crescimento para salvação!" (1 Pe 2.2). Revestir à família com toda "a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo" (Ef 6.11). Mas, em nosso contexto, educar os filhos na disciplina de Deus é difícil. As ciladas são muitas e a desorientação é grande.  Precisamos da sabedoria do alto para esta tarefa. (Confira ainda: Ensinar: Dt 6.6-9; treinar: Pv 22.6; não provocar à ira, Ef 6.4; governar bem, 1 Tm 3.12; disciplinar, Pv 13.24; 19.18; 22.15; 23.13; não irritar os filhos, Cl 3.21).

3. Ele provê o sustento para a família. Cumpre ao pai a tarefa de sustentar sua família, no que sempre foi apoiado pela esposa, que fazia as lidas do lar e auxiliava nas atividades profissionais. Hoje, muitas vezes em profissões diferentes. Ele busca o melhor para sua família e não receia sacrifícios.

4. Tentações. Na luta pela manutenção da família surgem inúmeras tentações, tais como a ganância, a vaidade profissional e a busca por diversões. Vejamos: a) Trabalho. Precisamos sustentar a família. Mas cuidado, isto pode tornar-se em cilada. A verdadeira razão para o trabalho são a ordem de Deus e o bem estar da família e do próximo. Muitas vezes, no entanto, a ganância, o desejo de enriquecer, impulsiona o trabalho em detrimento dos verdadeiros valores do servir a família e ao próximo. b) Profissão. Hoje, mais do que nunca, há a necessidade do preparo profissional, o estudo, o aperfeiçoamento. Mas, a exagerada busca do sucesso profissional leva muitas vezes a negligenciar a família, a igreja e o próximo. c) Lazer. No trabalho temos também o direito ao descanso e ao lazer. Oportunidades para isto não faltam. Mas há o perigo de buscamos alegrias pecaminosas, deixando-nos seduzir pelas atrações de divertimentos pecaminosos, que degrada o sexo, a dignidade humana e a família, atmosfera na qual o verdadeiro amor não pode crescer. Em si nada de novo. Já no Antigo Testamento temos relatos a esse respeito, como o adultério do rei Davi que, num momento de lazer foi tentado e caiu. Mas a intensidade com que estes pecados se manifestam hoje são prenúncios do juízo final.

    Ninguém de nós está isento de tais tentações que nos rodeiam e assediam neste mundo pervertido. Cumpre-nos lutar.

5. Importa vigiar e orar. Como faremos isto? Mantendo íntima comunhão com a cabeça, que é Cristo, pelo ler e ouvir de sua Palavra, para sermos fortalecidos na fé. E pela oração, para podermos desvendar as ciladas de Satanás, fugir das tentações e buscar ocupação sadia. Determinados a fazer com toda nossa família a vontade de Deus. A responsabilidade é grande. Teremos que prestar contas a Deus por nossa família.

     Muitas vezes sentimo-nos fracos, desanimados, incapazes e diante dos problemas. Especialmente quando nossos filhos estão na adolescência. Nesta idade precisam de muito amor, paciência e ao mesmo tempo firmeza na admoestar, aconselhar e animar. Jesus prometeu estar ao nosso lado, para nos amparar e fortalecer na tarefa de sustentar, educar e guiar nossa família. Podemos recorrer a ele em oração. Deus prometeu atender e nos guiar por seu Espírito. Sim, o Espírito Santo, que conduz em toda a verdade, que consola, que ampara a fortalece. Ele nos orienta na condução do lar, na educação dos filhos. A ele podemos expor nossas ansiedades, nossos problemas, nossas dificuldades espirituais e materiais. Ele não nos abandonará. Ele há de nos amparar. Nada educa melhor do que criar em nossa família o hábito de ler a palavra de Deus e orar, em conjunto e cada um individualmente.

     Assim queremos celebrar o dia do pai, com louvor e gratidão, suplicando perdão por nossos muitos erros, pedindo que nos conceda rica medida do seu Espírito para o cumprimento de nossos deveres como verdadeiros sacerdotes do lar, espelhando a face de nosso Pai celestial. Que ele nos assista, para que nossas famílias sejam firmadas na fé e ricas em obras do amor cristão, como sal e luz na sociedade. Amém.

São Leopoldo, 01/08/2008

Rev. Horst R. Kuchenbecker    

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