VIDA ÚTIL E OS IMPOSTOS
Se já nasci condenado a trabalhar metade da minha "vida útil" para o governo, e se muita coisa do governo é "inútil", então preciso repensar se vale a pena ser útil. Ou quem sabe trabalhar só a metade, só a partir de 27 de maio. Afinal, os primeiros 148 dias de trabalho no ano são para pagar impostos. Mas, pensando bem, somos nós, os trabalhadores, que passamos a perna no governo. Isto porque entregamos para ele esta primeira parte do ano quando pouca coisa funciona. É o período das férias, do Carnaval, da estação quente que convida para a sombra e água fresca. Tomara que nunca descubram isto e nos obriguem a trabalhar para eles de junho a outubro.
O assunto, que na verdade é sério, também está nas páginas da Bíblia. E de forma bem categórica: Paguem todos os seus impostos e respeitem e honrem todas as autoridades (Romanos 13.7). Quem não conhece as célebres palavras de Jesus: Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mateus 22.21)? Por outro lado, as Escrituras alertam: Quando o governo é justo, o país tem segurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba na desgraça (Provérbios 29.4). Outras versões no português usam a palavra "transtorno" no lugar de "desgraça". Pensando nisto, o maior transtorno, a terrível desgraça que um governo impõe aos seus cidadãos com elevados impostos, nem é a carga tributária, mas o peso na consciência dos contribuintes. Quantas pessoas honestas e sobrecarregadas na tênue linha entre a sobrevivência e a voracidade do leão verde-amarelo? Tenho sido testemunha deste tormento no aconselhamento pastoral.
O apóstolo Paulo recomenda: Vivam de acordo com o evangelho de Cristo (Filipenses 1.27). "Vivam" no original grego é politeuesthe. A tradução adequada seria: Sejam politicamente corretos neste mundo de acordo com o evangelho de Cristo. Na mesma carta, Paulo lembra que o cristão é um politeuma, um "cidadão dos céus" (Filipenses 3.20). Este termo era usado com referência ao cidadão romano, que usufruía de todos os direitos e deveres políticos. Escravos, judeus, estrangeiros não tinham tal privilégio. Paulo, além de judeu, carregava o título de polites romano, assim como muitos cristãos não-judeus. Ao escrever: "Nós somos cidadãos dos céus e estamos esperando ansiosamente o nosso Salvador", ele recorre ao significado deste status político para dizer: temos direitos e deveres para com o nosso Senhor Jesus. No entanto, lembra que o cidadão dos céus tem um Senhor justo e bondoso que "abriu mão de tudo o que era seu" (Filipenses 2.7) e que veio para servir o povo. Por isto o testemunho: "O meu grande desejo e a minha esperança são de nunca falhar no meu dever (...) Pois para mim viver é Cristo (...) Se continuar vivendo, poderei ainda fazer algum trabalho útil (...) Agora, o mais importante é que vocês vivam - politeuesthe - de acordo com o Evangelho de Cristo (...) Pois Deus tem dado a vocês o privilégio de servir a Cristo".
Pois bem, se já nasci condenado a trabalhar metade da minha "vida útil" para os tributos dos homens, então porque não seguir a recomendação: Seja filho de Deus vivendo sem nenhuma culpa no meio de pessoas más, isto mostrará que todo esforço e trabalho não foram inúteis (Filipenses 2.15,16).
Marcos Schmidt
marsch@terra.com.br
pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo
Novo Hamburgo, RS
29 de maio de 2008
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